Presidente da FIFA acusa críticos do Mundial de "hipocrisia"

Gianni Infantino considera as críticas à realização do Mundial no Qatar "profundamente injustas" e lembra o passado dos povos ocidentais quando se fala em direitos humanos. "Pelo que nós, europeus, temos feito nos últimos 3000 anos, devemos desculpar-nos nos próximos 3000 anos antes de começar a dar lições de moral."
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O presidente da FIFA reagiu este sábado às críticas sobre a questão dos direitos humanos no Qatar, acusando os críticos ocidentais de "hipocrisia".

Numa conferência de imprensa dada este sábado, véspera do início do Mundial de futebol no Qatar, Gianni Infantino também expressou o seu apoio à comunidade LGBTQ e aos trabalhadores migrantes.

"Essa lição de moral - unilateral - é apenas hipocrisia", disse o suíço. "Não quero dar nenhuma lição de vida, mas o que está a acontecer aqui é profundamente, profundamente injusto." E acrescentou: "Pelo que nós, europeus, temos feito nos últimos 3.000 anos, devemos desculpar-nos nos próximos 3.000 anos antes de começar a dar lições de moral às pessoas".

A preparação para este Mundial tem sido dominada por preocupações sobre o tratamento do Qatar aos trabalhadores migrantes, mulheres e à comunidade LGBTQ.

Na conferência de imprensa deste sábado, Infantino expressou o seu apoio a essas comunidades. "Hoje sinto-me qatari, hoje sinto-me árabe, hoje sinto-me africano, hoje sinto-me gay, hoje sinto-me deficiente, hoje sinto-me um trabalhador migrante", disse.

As autoridades do Qatar dizem que país tem sido alvo de "racismo" e apontam para as reformas das condições de trabalho e segurança que foram saudadas como inovadoras na região do Golfo.

Falando sobre a questão da proibição de álcool nos estádios, Gianni Infantino disse que o público do Mundial do Qatar pode sobreviver três horas por dia sem cerveja.

"Acho que, pessoalmente, uma pessoa sobreviverá se não conseguir beber uma cerveja durante três horas por dia", disse o presidente da FIFA em Doha. "O mesmo se aplica em França, Espanha, Escócia."

A organização do Mundial proibiu na sexta-feira a venda de cerveja nos estádios do Qatar, naquela que foi uma impressionante reviravolta, apenas 48 horas antes do início do torneio. O álcool é amplamente proibido no Qatar, mas os organizadores provocaram a fúria dos fãs com esta decisão tardia.

A FIFA anunciou a proibição da venda de cerveja aos adeptos em todos os oito estádios do Mundial após discussões com os anfitriões. Foi ainda anunciado que as vendas de cerveja estariam concentradas em fan zones e locais licenciados, "removendo os pontos de venda de cerveja dos perímetros dos estádios do Mundial 2022 no Qatar".

Não foi dada nenhuma razão para esta decisão, mas os media noticiaram que houve uma intervenção da família governante do Qatar.

Dezenas de barracas de cerveja Budweiser já haviam sido montadas antes do primeiro jogo.

O Mundial começa no domingo, com o jogo de abertura a ser disputado entre o anfitrião Qatar e o Equador.

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