Portugal, um finalista improvável na elite do futebol europeu
Portugal só pode ser visto como o finalista improvável do Europeu de futebol feminino, que se realiza deste domingo a 6 de agosto, na Holanda, onde a vice-líder mundial e octocampeã europeia Alemanha é a grande candidata.
Mais de 30 anos após os primeiros passos do futebol feminino português, uma nova geração de talentos, uma melhor organização de competições e uma importante aposta da Federação Portuguesa ajudaram à proeza histórica. Em novembro, Portugal conseguiu garantir um lugar entre as 16 melhores equipas da Europa depois de vencer o play-off que atribuía a última vaga, com a equipa a empatar com a Roménia em Lisboa (0-0) e em Cluj (1-1), mas com a vantagem de um golo fora, já no prolongamento.
Na Holanda a prova irá ser disputada por quatro grupos, com a equipa das quinas a ser a menos bem classificada de todas. Por isso, Portugal parte na cauda dos favoritos pela força dos números, visto que é apenas a 38.ª seleção do ranking FIFA. E, para se ter uma ideia, a segunda seleção menos cotada é a Rússia, 25.ª da hierarquia.
Na Holanda, integrada no grupo D, a equipa lusa terá como adversárias a favoritíssima Inglaterra (5.ª do mundo e vice-campeã em 1984 e 2009), a Espanha (13.ª) e a Escócia (21.ª), seleção igualmente estreante no Euro.
Na linha da frente de candidatos ao troféu está, inevitavelmente, a Alemanha, campeã europeia oito vezes (1989, 1991, 1995, 1997, 2001, 2005, 2009 e 2013), a França (3.ª no ranking FIFA), a já falada Inglaterra (5.ª) ou a Suécia (9.º).
As suecas, campeãs europeias em 1984, muito antes do imenso domínio alemão, são inevitáveis candidatas, em companhia de outras nórdicas como a Noruega, campeãs em 1987 e 1993, mas atuais 11.as no ranking FIFA.
No grupo de Portugal, que a selecionadora da Escócia, a ex-futebolista sueca Anna Signeul, define "como o mais difícil", Inglaterra, semifinalista no Mundial de 2015, e Espanha, que em março venceu a Algarve Cup, são candidatas à final.
No Europeu feminino, além de Portugal, estreiam-se também Escócia, Bélgica, Áustria e Suíça. Em cada um dos quatro grupos as duas mais bem classificadas garantem um lugar nos quartos-de--final da competição.
Portugal estará, no fundo, a pagar ainda um vazio de uma década - entre 1983 e 1993 - sem competições internacionais.
24 anos depois do fim dessa interrupção, a seleção feminina corre contra o tempo na tentativa de recuperar o tempo perdido.
"Não há dúvidas, foram dez anos sem competições internacionais, são dez anos e não há nada que chegue a isso, esse grupo de jogadoras que não teve acesso a esse contexto internacional, como é lógico partimos um bocadinho em atraso", justificou Francisco Neto, que, em entrevista à agência Lusa, vê o futebol feminino a emergir no Sul da Europa. "O futebol feminino estava muito enraizado nos Estados Unidos e no Norte da Europa, hoje em dia está espalhado pelo mundo todo, é um fenómeno já à escala mundial, é algo que cada vez tem mais visibilidade", explica o selecionador nacional, o primeiro a orientar uma seleção feminina portuguesa numa fase final.