Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo serão duas das principais figuras da seleção no Euro.
Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo serão duas das principais figuras da seleção no Euro.Patricia DE MELO MOREIRA / AFP

Portugal é favorito como nunca no último Europeu de Ronaldo

A seleção nacional vai apresentar-se na fase final, que vai decorrer na Alemanha, como a melhor equipa da qualificação, na qual venceu todos os jogos. O principal torneio da UEFA terá desta vez menos prémios para distribuir, sendo que o futuro Campeão Europeu poderá encaixar no máximo 28,25 milhões de euros.
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A seleção nacional é uma das grandes favoritas à conquista do título de campeã da Europa, no torneio que vai decorrer na Alemanha, entre 14 de junho e 14 de julho. A equipa treinada por Roberto Martínez apresenta-se com este estatuto por mérito próprio, afinal foi a única a terminar a fase de apuramento só com vitórias nos 10 jogos da caminhada, à qual juntou o melhor ataque com 36 golos marcados e a defesa menos batida: apenas dois sofridos. 

Aliado a este conjunto de recordes surge a grande qualidade de jogadores  disponíveis, dos quais se destacam o “eterno” Cristiano Ronaldo, mas também João Cancelo, Rúben Dias, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, João Félix, Rafael Leão e Diogo Jota que jogam nas melhores equipas do mundo, além de alguns jogadores candidatos a estrelas mundiais como são os casos de Diogo Costa, António Silva, Gonçalo Inácio ou João Neves. Estes são, afinal, argumentos suficientes que reforçam a candidatura portuguesa a repetir o feito alcançado em 2016, sendo que agora o estatuto com que se apresenta no Euro 2024 é bem maior do que aquele com que a equipa das quinas partiu há oito anos para o torneio que se realizou em França. 

A prova de que Portugal estará na Alemanha com o objetivo de erguer o troféu pela segunda vez são as recentes declarações de Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que em entrevista ao jornal O Jogo definiu que “o mínimo exigível é atingir as meias-finais” ao mesmo tempo que elevou a fasquia: “O que eu gostava era ser campeão europeu.”

A afirmação de Martínez

O espanhol Roberto Martínez, de 50 anos, tem em cima dos ombros uma enorme responsabilidade, sobretudo depois de a equipa das quinas vir de um Mundial 2022, no Qatar, que foi uma enorme desilusão. O antigo selecionador da Bélgica foi o escolhido para substituir Fernando Santos, o treinador mais bem sucedido de sempre no cargo, e não sacudiu a pressão que tem sobre os ombros, mesmo após um apuramento irrepreensível. “A seleção tem um sonho e os jogadores querem fazer os portugueses felizes”, apontou o técnico espanhol, que em sete anos à frente da equipa belga alcançou um terceiro lugar no Mundial 2018, caiu nos quartos-de-final do Euro 2020 (após eliminar Portugal nos oitavos) e no Mundial do Qatar não foi além da fase de grupos.

Nesse sentido, o próximo Campeonato da Europa também é encarado como uma prova de fogo para um treinador que procura o primeiro título internacional da sua carreira, uma vez que os dois troféus que venceu foram uma Taça de Inglaterra ao serviço do Wigan (2012/13) e uma League One (terceiro escalão do futebol inglês) pelo Swansea em 2007/08.


Para já, Roberto Martínez não assumiu qualquer espécie de favoritismo à conquista do Europeu, mas deixou claro, numa recente entrevista à SportTV, que todos estão “felizes por estar no grupo de seleções capazes de lutar pelo título”.

Prémios mais baixos

Além do prestígio inerente à conquista do título, o vencedor do Euro 2024 poderá arrecadar um máximo de 28,25 milhões de euros em prémios. Isto porque além do prémio de participação de 9,25 milhões, cada vitória na fase de grupos representa um encaixe de um milhão de euros, enquanto o empate renderá 500 mil euros. 

Na caminhada até à final, o apuramento para os oitavos-de-final representa um prémio de 1,5 milhões de euros, quem chegar aos quartos-de-final embolsa 2,5 M€, enquanto a presença nas meias-finais um encaixe de 4 M€. Finalmente, o finalista vencido encaixa mais cinco milhões de euros e o vencedor recebe um prémio adicional de oito milhões de euros.

No total, a UEFA vai distribuir 331 milhões de euros de prémios, curiosamente uma descida em relação ao Euro 2020, no qual foram distribuídos 371 milhões de euros, tendo a campeã Itália embolsado 34 milhões de euros, enquanto a finalista vencida Inglaterra encaixou 29,75 milhões, mais do que aquilo que vai encaixar o futuro campeão.

Os recordes de Ronaldo

Os Campeonatos da Europa têm sido a competição de excelência da seleção nacional, que vai para a oitava fase final da sua história e sétima consecutiva, contabilizando um título em 2016, um segundo lugar em 2004, tendo chegado três vezes às meias-finais (1984, 2000 e 2012), uma aos quartos-de-final (2008), sendo a pior participação a última, no Euro 2020, na qual não foi além dos oitavos-de-final.


O Europeu da Alemanha de 2024 tem tudo para ser histórico para a seleção nacional, que além da possibilidade de chegar ao título, deverá ver Cristiano Ronaldo consolidar uma série de recordes, desde logo como jogador com mais fases finais disputadas, pois vai fazer a sua sexta, mais duas que um conjunto de 21 jogadores, onde se incluem também Pepe e João Moutinho.

Ronaldo é já o melhor marcador de sempre em fases finais, com 14 golos (mais cinco que MIchel Platini com nove), podendo agora aumentar essa marca, tal como a de futebolista com mais partidas disputadas, uma vez que tem atualmente 60 (mais dois que Gianluigi Buffon). 

A juntar a isso, o avançado dos sauditas do Al Nassr prepara-se para consolidar ainda os estatutos de jogador com mais jogos (205) e mais golos (128) ao serviço de seleções. Mas há mais! Se marcar em terras alemãs, CR7 torna-se  no futebolista mais velho a marcar numa fase final, superando o recorde do austríaco Ivica Vastic, que em 2008 marcou à Polónia quando tinha 38 anos e 257 dias. Aliás, Portugal tem outro jogador candidato a superar este feito: trata-se de Pepe, que chegará ao Euro com 41 anos e, se for utilizado, poderá ainda tornar-se no mais velho de sempre a ser utilizado numa fase final, superando o guarda-redes húngaro Gábor Király, que em 2016 jogou aos 40 anos e 86 dias.

Alemanha fora dos favoritos

A 17.ª edição do Campeonato da Europa será a terceira com 24 seleções, sendo que, talvez pela primeira vez na história do futebol, a Alemanha irá organizar uma fase final de uma grande competição sem ser uma das favoritas. Afinal, nos onze jogos que realizou este ano (todos particulares), apenas venceu três, enquanto em 2022 ganhou quatro, tendo sido eliminado na fase de grupos do Mundial do Qatar e ficou em terceiro lugar no grupo 3 da Liga A das Nações. De resto, o declínio da seleção alemã iniciou-se em 2014, após a conquista do Mundial do Brasil, com várias estrelas a retirarem-se ou a entrarem no ocaso das respetivas carreiras, casos de Miroslav Klose, Phillip Lahm, Mesut Özil, Schweinsteiger, Sami Khedira, Mario Götze, entre outros. 

Entre os favoritos à conquista do Euro 2024 surgem, além de Portugal, as seleções de Itália, que vai defender o título, França, Espanha e Inglaterra, finalista vencida no anterior torneio. A Alemanha aparece num segundo lote de equipas com potencial para chegar à final do torneio, juntamente com a Croácia, Bélgica e Países Baixos. 

Durante as quatro semanas de competição em solo alemão, o espetáculo está garantido tendo em conta as muitas estrelas que vão desfilar, das quais sobressaem, além dos portugueses, o francês Kylian Mbappé, os ingleses Harry Kane e Jude Bellingham, o belga Kevin de Bruyne, o espanhol Rodri, o neerlandês Frenkie de Jong e o italiano Donnarumma, todos eles com qualidade para se tornarem a estrela maior da prova.

Haaland é a grande estrela que falha o Europeu

O Euro2024 vai estar órfão de uma das maiores estrelas do futebol mundial: Erling Haaland, que aos 23 anos é um dos mais poderosos avançados da atualidade, melhor jogador e goleador da Premier League e da Liga dos Campeões da época passada ao serviço do Manchester City. Natural de Leeds, em Inglaterra, país onde o pai Alf-Inge Haaland jogou durante 10 épocas, preferiu representar a Noruega, apesar de ter sido tentado pela seleção inglesa. Uma opção pelas origens, mas que para já tem custos na sua carreira internacional, uma vez que a equipa nacional norueguesa está, neste momento, longe de ser suficientemente competitiva, apesar de ter alguns jogadores de bom nível como sejam os médios Martin Odegaard (Arsenal), Fredrik Aursnes (Benfica) ou o avançado Alexander Sorloth (Villarreal). Assim sendo, Haaland vai ver o Campeonato da Europa no sofá, tal como já aconteceu em dezembro de 2022 com o Mundial realizado no Qatar.

AFP | Fredrik Varfjell / NTB

Há ainda uma outra estrela mundial em risco de ficar de fora do torneio que vai realizar-se na Alemanha. Trata-se de Robert Lewandowski, avançado do Barcelona que venceu o prémio The Best da FIFA em 2020 e 2021. O goleador está dependente daquilo que a seleção da Polónia fizer no play-off de acesso à fase final, onde terá de medir forças com a Estónia e, se ganhar, com o vencedor do País de Gales-Finlândia.

A ter de passar pelo play-off estão também outros futebolistas emergentes como o georgiano Khvicha Kvaratskhelia, que tem brilhado no Nápoles, mas também os ucranianos Mykhaylo Mudryk (Chelsea) e o benfiquista Anatoliy Trubin. Certas são as ausências de outros jogadores jovens que procuraram brilhar em grandes palcos como o avançado Viktor Gyökeres, que tem dado cartas no Sporting e na Liga portuguesa, mas que foi vítima da fraca fase de apuramento da Suécia, onde Dejan Kulusevski (Tottenham) e Aleksander Isak (Newcastle) são outros jogadores com grande futuro que vão ver o Europeu na televisão.

Final em Berlim e abertura em Munique

O Estádio Olímpico de Berlim vai ser o palco da final do Euro 2024 marcada para o dia 14 de julho às 20.00 horas. Inaugurado em 1936 por Adolf Hitler, este icónico recinto foi construído para receber os Jogos Olímpicos de 1936, tendo ao longo da sua história recebido outros grandes eventos como jogos dos Mundiais de 1974 e 2006, incluindo a final em que a Itália venceu a França no desempate por penáltis. Foi ainda palco da final da Liga dos Campeões 2015, em que o Barcelona derrotou a Juventus, por 3-1.

Já o jogo de abertura do Europeu, no dia 14 de junho, entre Alemanha e Escócia, vai realizar-se em Munique, no Allianz Arena, recinto do Bayern Munique, que durante o Campeonato da Europa vai chamar-se Fussball Arena München, por que a UEFA proíbe o nome dos patrocinadores dos estádios. 

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