Portugal com 5.º lugar na estafeta mista de triatlo. "Fizemos uma prova incrível"
A equipa portuguesa de triatlo, composta por Vasco Vilaça, Ricardo Batista, Maria Tomé e Melanie Santos, concluiu a prova de estafeta mista em 5.º lugar, conseguindo assim um diploma olímpico.
A prova foi vencida pela Alemanha, em 1:25:39, seguida por Estados Unidos e Grã Bertanha.
É o sexto diploma olímpico para Portugal, depois de Vasco Vilaça (5.º lugar) e Ricardo Batista (6.º) no triatlo, Gabriel Albuquerque (5.º) na ginástica de trampolins, Nélson Oliveira (7.º) na prova de contrarrelógio no ciclismo de pista e de Inês Batista (8.º) no tiro com arco.
Depois dos dois treinos de adaptação ao rio Sena terem sido canceladas, devido à qualidade da água, os organizadores decidiram mesmo avançar com a prova, que teve início marcado para as 08:00 (07:00).
A estafeta mista portuguesa ainda sonhou com o pódio, mas, mesmo com uma grande prova, Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé não conseguiram impor-se a equipas mais poderosas.
Quando Vasco Vilaça deixou Maria Tomé na terceira posição para a derradeira estafeta, a possibilidade de Portugal conquistar a segunda medalha em Paris2024 foi entrando na cabeça dos adeptos, responsáveis da Missão portuguesa e dos próprios triatletas.
A pequena Maria Tomé -- devia chegar ao ombro das quatro triatletas que a sucederam -- lutou contra a maré e saiu do segmento de natação na quarta posição, já bastante longe da norte-americana Taylor Knibb.
A jovem lusa aguentou o quarto lugar até à aproximação da francesa Cassandre Beaugrand, campeã olímpica na prova individual, que fez uma enorme recuperação, depois de Pierre La Corre ter caído na primeira estafeta.
A prova, de 300 metros de natação, sete quilómetros de ciclismo e 1.800 metros de corrida, começou mal para Portugal, com uma falsa partida a obrigar Ricardo Batista a parar durante 10 segundos antes de pegar na bicicleta.
Contudo, o sexto classificado da prova individual não se atemorizou por sair em último para o segmento de ciclismo e, no final da primeira volta, já estava quase encostado ao grupo da frente, algo que veio a conseguir antes de entrar na corrida, que terminou na sétima posição.
Seguiu-se Melanie Santos, a mais experiente da equipa, que manteve sempre Portugal dentro dos oito primeiros lugares e chegou mesmo ao quarto lugar no final do segmento de ciclismo, passando o testemunho a Vasco Vilaça na oitava posição.
Depois do quinto lugar na prova individual, que igualou a melhor prestação de um homem português no triatlo (João Pereira no Rio2016), apenas superado pela prata de Vanessa Fernandes em Pequim2008, Vasco Vilaça mostrou estar em excelente forma, recuperando logo três lugares na natação.
Sempre na dianteira do grupo perseguidor, em busca do duo da frente, formado pelo britânico Samuel Dickinson e pelo alemão Lasse Luehrs, Vilaça conseguiu colocar Portugal na luta pelas medalhas, deixando Maria Tomé, que foi 11.ª na prova individual, na terceira posição.
Contudo, o pequeno atraso com que saiu da água para Taylor Knibb, especialista no segmento de bicicleta, nunca mais foi recuperado, com Portugal a somar, ainda assim, um excelente quinto lugar na estreia na prova de estafeta mista.
O triatlo português sai de Paris com três diplomas e ainda o 11.º lugar de Maria Tomé, naqueles que são os melhores resultados conjuntos de sempre da modalidade em Jogos Olímpicos.
Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé completaram a prova em 1:27.08 horas, a 1.29 minutos da Alemanha, que ganhou a prova em 1:25.39, secundada pelos Estados Unidos, prata, e a Grã-Bretanha, bronze, ambos a um segundo.
"Fizemos uma prova incrível", diz Melanie Santos
Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé estavam orgulhosos com a "prova incrível" na estafeta mista de triatlo.
"Eu acho que nós acabámos por estar nervosos desde o início até ao fim, mas eu acho que fizemos uma prova incrível. Todos estivemos no nosso melhor", disse Melanie Santos, lembrando que Portugal manteve "sempre o contacto com as medalhas".
Apesar do quinto lugar, a mais experiente dos quatro triatletas, que fez a segunda parte da estafeta, diz que têm de "ser realistas, foi uma grande prova", em que todos estiveram "muito bem", considerando que "um diploma olímpico na estreia é incrível".
"Tanto o triatlo como Portugal têm que estar bastante orgulhosos, como acho que qualquer um de nós está pela performance que a nossa equipa teve", admitiu.
Ricardo Batista abriu a competição para Portugal e sofreu logo uma penalização de 10 segundos, por um falsa partida, algo com que conseguiu "lidar da melhor maneira", com Portugal a conseguir estar sempre "perto dos lugares cimeiros da competição".
"Foi, sem dúvida, uma prova bastante boa de todos os elementos da estafeta e, para uma estreia desta competição para Portugal, acho que não podíamos pedir um melhor resultado. Estivemos todos bastante bem e saímos daqui bastante contentes", afirmou.
Ricardo Batista, que foi sexto na prova individual, garante que todos estão "bastante satisfeitos com o diploma", embora admita que, com Portugal perto dos lugares do pódio, "estava já a acreditar numa medalha".
A terceira parte da estafeta ficou a cargo de Vasco Vilaça, que disse que "é muito bonito" o triatlo sair de Paris com três diplomas, em especial por todos os elementos da equipa o terem conseguido, depois do seu quinto lugar na prova individual, na qual Ricardo Batista foi sexto.
"É algo que poucos outros desportos conseguem fazer e mostra o potencial que o triatlo tem, não só nestes Jogos, neste momento, mas para o futuro", assumiu Vilaça, que confessou que todos sonharam "sempre até ao fim".
Sobre a prova, o triatleta de 24 anos diz que deu "tudo o que tinha, depois da prova da Melanie e do Ricardo, que correram bastante", apenas lamentando não "ter deixado um bocadinho mais de espaço para a Maria [Tomé] sair com a atleta americana", para poderem alimentar "até ao fim" o sonho da medalha.
Maria Tomé segurou o quinto lugar para Portugal, embora admita que "fazer o último percurso é sempre uma grande responsabilidade".
"Mas acho que, no final do dia, foi o melhor que conseguimos e eu estou muito contente, eu espero que eles também, e acho que eles também estão, e foi maravilhoso", referiu.
Depois de receber o terceiro lugar de Vasco Vilaça, Maria Tomé tentou manter-se perto da norte-americana Taylor Knibb, que tem um percurso de bicicleta "muito forte", "para segurar o lugar perto do pódio".
"Não deu, mas foi tentar fazer os melhores outros dois segmentos possíveis e eu acho que o quinto já foi superbom e estamos supercontentes", disse a jovem de 23 anos, que fez toda a bicicleta a 'solo', mas que acabou por conseguir "fazer uma corrida sólida e assegurar o quinto lugar na estreia".
Já a pensar em Los Angeles 2028
Com um conjunto bastante jovem, Ricardo Batista, de 23 anos, Vasco Vilaça, de 24, Maria Tomé, de 23, e Melanie Santos, de 29 e única a competir pela segunda vez em Jogos Olímpicos, os portugueses chegaram a sonhar com as medalhas e já apontam para daqui a quatro anos.
"São sonhos e os sonhos vão continuar, nós não vamos deixar de sonhar. Tenho a certeza absoluta que em Los Angeles, esteja lá eu ou esteja lá outra equipa, o triatlo português continua a sonhar", garantiu Vasco Vilaça.
O quinto classificado na prova individual assegurou que "não houve detalhe nenhum" que tenha deixado Portugal fora das medalhas e que apenas é preciso mais trabalho.
"Não passa por um detalhe, passa por trabalho que vai demorar quatro anos a melhorar. Diria que um detalhe, no fim, é uma coisa que se calhar são 0,01 segundos e o tempo que nós tínhamos de diferença é tempo de trabalho, é tempo de trabalho de tudo, natação, de ciclismo, corrida, para melhorar e chegarmos, esperemos nós a Los Angeles ainda em melhores condições", disse.
Ricardo Batista, sexto na prova individual, recordou que são uma equipa bastante jovem e que ainda têm muito para trabalhar para daqui a quatro anos, em Los Angeles, tentar fazer ainda melhor do que na capital francesa.
"Acho que nós somos todos atletas que acabámos agora de sair - bem praticamente todos - do escalão de juniores, a Melanie também, ela ainda é uma jovem. Portanto, acho que, nestes quatro anos, tudo aponta que vamos melhorar a nossa forma e por isso vamos também lutar por lugares melhores em Los Angeles", declarou.
Maria Tomé disse esperar que esta prestação possa trazer mais jovens para a modalidade, que cresceu em Portugal muito por culpa de Vanessa Fernandes, que Vasco Vilaça assumiu ser o grande ídolo desta equipa, defendendo que sem a medalha de prata em Pequim2008 "não havia esta estafeta".
"Vi depois da prova [individual], quando estive em casa, que ela própria tinha deixado umas palavras de agradecimento e que tinha ficado em lágrimas também. Acho que isso mexe muito connosco também e é muito bonito, porque ela é o nosso ídolo, não é? Não estamos nós à espera de nenhuma forma que ela se vá comover com o que nós fizemos e com o que estamos a fazer e é muito bonito ter esse apoio de volta do lado dela", referiu Vilaça.