Polícia indonésia critica dimensão das saídas do estádio onde morreram 131 pessoas
Os portões portas de saída do estádio Kanjuruhan, em Malang, onde no sábado morreram 131 pessoas devido a distúrbios após um jogo de futebol, são demasiado pequenas, denunciou esta terça-feira a polícia indonésia.
As autoridades divulgaram fotos de seis dos 14 portões do estádio, junto aos quais ocorreu a maioria dos incidentes, que começaram quando cerca de 3.000 adeptos invadiram o campo após a derrota da equipa da casa, o Arema FC, frente aos rivais do Persebaya Surabaya, por 3-2.
"Esses portões estavam abertos, mas são muito pequenos. Dava para passar duas pessoas e havia centenas a tentar sair", explicou Dedi Prasetyo, porta-voz da polícia, acrescentando que as zonas de saída são da responsabilidade dos organizadores do evento.
O jogo contou apenas com a presença de adeptos da equipa da casa, o Arema FC, uma vez que os organizadores proibiram a presença de simpatizantes do Persebaya Surabaya, devido ao historial de rivalidade e violência no futebol indonésio.
Segundo testemunhas, os incidentes aconteceram no final do encontro, no qual o Arema FC sofreu perdeu pela primeira vez com o Persebaya Surabaia nos últimos 23 anos, quando adeptos da equipa da casa invadiram o relvado e começaram a atirar objetos aos jogadores e equipa técnica.
No exterior do estádio, pelo menos cinco veículos da polícia foram incendiados.
A polícia usou gás lacrimogéneo para tentar controlar os adeptos em fúria, mas a sua ação acabou por provocar o pânico, com milhares de pessoas a precipitarem-se para a saída.
Muitas das pessoas morreram espezinhadas no caos da debandada, e os tumultos estenderam-se ao exterior do estádio.
A federação indonésia de futebol suspendeu "para toda a vida" dois dirigentes do Arema FC.
O responsável pela organização de jogos, Abdul Harris, e um membro da segurança, Suko Sutrisno, foram banidos "por toda a vida de qualquer atividade no mundo do futebol", anunciou o presidente da comissão disciplinar da federação indonésia, Erwin Tobing.
O dirigente, que falava em conferência de imprensa, acrescentou ainda que o Arema FC terá que pagar uma multa de 250 milhões de rupias indonésias (cerca de 16.500 euros).
Segundo o chefe da polícia de Java Oriental, Nico Afinta, a maioria das mortes foi causada pela debandada de adeptos, muitos dos quais sufocados enquanto tentavam sair do estádio. Muitas das pessoas morreram espezinhadas no caos da debandada.
As autoridades indonésias disseram inicialmente que os tumultos provocaram 174 mortos, mas o número oficial foi entretanto revisto para 131, embora possa aumentar por haver muitos feridos em estado crítico.
O campeonato indonésio foi suspenso e as autoridades ordenaram um inquérito aos incidentes.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decretou o cumprimento de um minuto de silêncio nas competições por si organizadas, nomeadamente a Taça de Portugal, em memória das vítimas da tragédia ocorrida na Indonésia.