Ousmane Dembélé, o rapaz do bairro de Madeleine venceu a Bola de Ouro e emocionou a plateia
Mohammed Badra

Ousmane Dembélé, o rapaz do bairro de Madeleine venceu a Bola de Ouro e emocionou a plateia

Avançado do PSG é o sexto francês a conquistar o prémio da France Football. Yamal ficou em 2.º e o português Vitinha em 3.º na lista dos melhores jogadores do Ano. Aitana Bonmatí também distinguida.
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Ousmane Dembélé venceu a Bola de Ouro da France Football. O jogador emocionou a plateia e colocou muitos a chorar quando chamou a mãe, Fatimata, ao palco para partilhar com ela o momento em que chegou ao topo do Mundo e para que o Mundo soubesse a quem se deve ele estar ali, a ser aplaudido como o melhor jogador do ano. Ele dormia e caminhava com a bola e quando a mãe lha tirava chorava até ela ser obrigada a devolvê-la.

A Bola de Ouro é mais um marco incrível na carreira de Dembelé, cuja trajetória começou num modesto clube de uma cidade da Normandia, o Evreux FC 27. Depois de iniciar a carreira profissional no Rennes, em França, destacou-se rapidamente pela velocidade e dribles, mas ainda teve de emigrar para o futebol alemão (Borrussia Dortmund) e depois para o espanhol (Barcelona) para encontrar o caminho de volta a Paris e brilhar no PSG. O francês sucede a Rodri, do Barcelona, que ficou em 11.ª lugar um ano depois de quebrar a hegemonia decana de Messi-Ronaldo.

"O que acabei de viver é excecional. Não tenho palavras. Foi um ano incrível com o PSG, muita coisa aconteceu durante a minha carreira. Estou orgulhoso do que conquistei. Quero agradecer ao PSG, que veio atrás de mim em 2023, ao presidente, a todo o clube. Nasser é como um pai para mim. Também quero agradecer a toda a equipa técnica, que foi excepcional, ao Luis Enrique, que também é como um pai para mim. Quero agradecer aos meus companheiros de equipa, ganhámos praticamente tudo. Vocês apoiaram-me. Ganhámos quase todos os troféus, e este troféu individual é realmente uma recompensa para a equipa", disse o avançado francês depois de receber o prémio das mãos de Ronaldinho Gaúcho.

Sair do bairro de Madeleine foi ganhar um futuro com ajuda do talento para jogar futebol. A bola sempre foi a sua melhor companhia e foi a bola que o desviou de cenários de violência, com barricadas e perseguições policiais. "Também gostaria de agradecer à minha cidade, Evreux, onde cresci e dei os meus primeiros passos no futebol. Tento voltar lá sempre que tenho tempo livre, eles estão sempre lá para mim. Agradeço também à minha família, que sempre me apoiou, e ao meu agente, que sempre acreditou em mim. Ele disse-me que um dia eu ganharia a Bola de Ouro. Obrigado também à minha mãe e ao meu melhor amigo, que me acompanhou em todos os lugares", disse o jogador francês, antes de chamar mãe ao palco.

Cresceu fã do Barcelona, mas quando vestiu blaugrana não foi feliz e ganhou uma nova vida desportiva com a transferência para o PSG, onde na época passada. "Também quero agradecer a todos os clubes em que joguei: Dortmund, Rennes, o meu clube de formação, onde aprendi praticamente tudo, e o Barcelona, onde sonhava jogar, onde aprendi com jogadores excecionais como Andrés Iniesta e Lionel Messi. A Bola de Ouro não era um objetivo na minha carreira, mas é excecional. Trabalhei para tentar ganhar a Liga dos Campeões, a Ligue 1, a Taça de França, e ser recompensado com um troféu individual é excecional. Também quero agradecer aos meus companheiros da seleção nacional, aqueles com quem cresci nas categorias de base, e ao treinador, em quem sempre confiei. Agora esperamos ganhar uma Mundial no seu último ano".

Vitinha no pódio, depois de Deco em 2004

Ousmane Dembélé é o sexto jogador francês a conquistar o troféu, depois de Raymond Kopa (1958), Michel Platini (1983, 1984 e 1985), Jean-Pierre Papin (1991), Zinédine Zidane (1998) e Karim Benzema (2022). Era o mais favorito entre os três favoritos - os outros eram Lamine Yamal (2.º) e o português Vitinha (3.º) - muito graças aos 35 golos e 14 assistências para golo, além das 49 participações diretas para golo em 53 jogos pelo PSG, clube que ajudou a vencer o título francês, a Liga dos Campeões e a Supertaça Europeia, além de ter jogado a final do Mundial de Clubes.

Vitinha, "o melhor médio da Europa", segundo Roberto Martínez, sucede assim a Deco (FC Porto/Barcelona), que em 2004 foi 2.º classificado, atrás do ucraniano Andriy Shevchenko, na lista de portugueses mais bem posicionados em 69 edições. Portugal continua assim a ter apenas três vencedores: Eusébio (1965), Luís Figo (2000) e Cristiano Ronaldo (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017).

Nuno Mendes ficou num honroso décimo lugar, depois de uma época brilhante ao serviço do PSG, em que conquistou quatro troféus e ainda uma Liga das Nações por Portugal. O lateral-esquerdo tornou-se este ano no futebolista mais titulado do mundo aos 23 anos, com 14 troféus. Por sua vez, na época de estreia, João Neves ficou em 19.º da lista final e em 3.º na lista dos melhores sub-21 no mundo. O Troféu Kopa foi ganho por Lamine Yamal fez história ao vencer o galardão pela segunda vez consecutiva.

A Bola de Ouro (Ballon d'Or) é o maior galardão individual da história do futebol mundial, entregue pela revista France Football e que em 69 edições já premiou três portugueses. O prémio masculino procura distinguir quem se destacou entre 1 de agosto de 2024 a 13 de julho de 2025 - final do Mundial de Clubes da FIFA, ganha pelo Chelsea.

Quanto ao feminino, a janela estendeu-se até 2 de agosto de 2025, dia da final da Copa América feminina, ganha pelo Brasil. A Bola de Ouro foi para Aitana Bonmatí, a jogadora do Barcelona e da seleção de Espanha conquistou o prémio pela terceira vez consecutiva, superando a concorrência de Mariona Caldentey e Alessia Russo.

Ousmane Dembélé, o rapaz do bairro de Madeleine venceu a Bola de Ouro e emocionou a plateia
Dembelé e Bonmatí vencem Bola de Ouro. Vitinha no pódio, Nuno Mendes em 10.º e João Neves em 19.º

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