Integra duas equipas com hipóteses de vencerem as competições em que estão envolvidas e já assinou acordo válido para competir num dos mais prestigiados campeonatos do mundo a tempo inteiro na próxima temporada. Bastante satisfeito pela carreira que está a fazer, acredita que só interesses económicos o afastaram da possibilidade de competir na Fórmula 1, a categoria rainha do desporto automóvel..Está a competir em duas frentes, na European Le Mans Series (ELMS), pela equipa United Autosports, e na North American Endurance Championship, pela Cadillac. Como está a correr a temporada?.Está a correr muito bem. No ELMS, comecei com uma vitória em Silverstone, mesmo com dois colegas inexperientes. Estamos em segundo lugar, o que é muito bom. Vai ser difícil conquistar o título, devido à desvantagem de 18 pontos, mas ainda temos hipóteses. No campeonato americano, estamos em primeiro lugar, e falta uma prova [neste fim de semana], numa competição que está a crescer..A sexta e derradeira prova do European Le Mans Series realiza-se no dia 22, nas 4 Horas do Algarve, em Portimão. É o tudo ou nada e vai correr em casa....Não estamos na melhor posição, mas vamos querer meter pressão nos nossos adversários [russos G-Drive Racing], que vão estar na defensiva, a evitar contactos, porque sabem que se não terminarem a prova perdem o campeonato. Em quatro horas pode acontecer muita coisa. Como português, é uma prova especial e quero ganhar em casa. Temos de ficar num dos dois primeiros lugares e depois ver em que posição é que eles ficam..Quais são as características da pista do Circuito Internacional do Algarve?.É uma pista que se adapta melhor ao nosso carro, porque é mais sinuosa do que as das provas anteriores. São curvas atrativas e divertidas de guiar..Espera contar com o apoio em massa do público português?.O povo português gosta de automobilismo. É o quarto ano consecutivo que temos o ELMS em Portugal e tem havido muita adesão. Nos três anos anteriores, no Estoril, foi mesmo das provas com mais adesão do campeonato..Quais são as particularidades da European Le Mans Series em relação a outros campeonatos?.São provas baseadas no regulamento das 24 horas de Le Mans, que se realiza em junho. Como uma prova de 24 horas é dispendiosa, decidiram realizar um campeonato europeu com seis provas de quatro horas cada, com três pilotos a rodar entre eles..O Filipe anunciou recentemente que na próxima temporada vai fazer a época completa nos Estados Unidos ao serviço da Action Express. Porquê esta mudança?.Está a haver uma grande mudança no desporto automóvel, com alterações de projetos dos grandes construtores dos campeonatos do mundo de resistência, e o mais apelativo é o americano. Vou fazer as dez provas do campeonato, a tempo inteiro. A seu tempo vou ver se consigo conciliar o projeto com o de outras equipas..E vai ter um português na equipa, João Barbosa....É uma coincidência muito agradável. Vamos ser dois portugueses num campeonato americano, logo numa altura em que o campeonato do mundo está cada vez melhor. É um feito para Portugal. E não há qualquer interesse comercial associado, é só pelo talento e pelo que temos feito..Numa altura em que já tem 32 anos e leva mais de 20 a pilotar, que balanço faz da sua carreira?.O balanço que faço é muito positivo. Desde o tempo dos karts, estive nas melhores categorias e nos melhores campeonatos do automobilismo. Fui piloto da Red Bull Junior Team e estive próximo da Fórmula 1, mas não entrei por interesses económicos. Depois estive vários anos num construtor como a Audi e no campeonato alemão, que é o mais competitivo da Europa. E agora vou fechar contrato com uma equipa de topo. Tenho estado sempre ao mais alto nível..O que falhou em concreto para não ter competido na Fórmula 1?.Foi uma questão de interesses. As equipas querem os pilotos mais competitivos e com mais qualidade, e há muitos pilotos com valor. Por isso, se houver pilotos chineses, indianos e oriundos dos países em que se realizam os grandes prémios, é melhor para os patrocinadores. E como Portugal não tem grandes empresas envolvidas nem acolhe grandes prémios....Considera impossível um português correr na Fórmula 1 nos próximos anos?.Não vejo isso a acontecer tão depressa. Normalmente, as equipas olham para pilotos mais jovens e não temos algum na calha, num programa júnior. Preparar um piloto é um investimento a longo prazo..Olhando para o seu percurso, que momento define como o ponto alto?.Tem vindo a ser... Tem sido o assinar de cada contrato, com construtoras como a Audi e a Cadillac. Ganhar uma prova como as 24 Horas de Daytona é especial, mas o ponto alto está a ser agora, em que participo pelo quarto ano consecutivo nas 24 Horas de Le Mans..Já apanhou algum susto?.Alguns, e até cheguei a capotar, mas não foram grandes sustos. Os carros estão cada vez mais seguros..E sei que já teve um episódio curioso envolvendo Michael Schumacher....Na Corrida dos Campeões [2010], nas sessões de treinos, eu tinha chegado atrasado, e outro piloto que também estava atrasado era o Michael Schumacher. Bati durante o teste e, durante o jantar, entornei massa. Então ele disse-me "hoje não foi o teu dia". No dia a seguir ganhei, ele deu-me os parabéns e eu disse-lhe que aquele, sim, era o meu dia..E já teve contacto com outras estrelas do automobilismo? Já fez equipa com o sobrinho de Emerson Fittipaldi, por exemplo....A partir do momento em que andas num nível alto, esses nomes deixam de ser ídolos. Apenas admiro o trabalho deles, mas não os idolatro. São seres humanos normais..Voltando ao tema da Fórmula 1, como tem acompanhado o campeonato deste ano? Vettel começou bem, mas agora é Hamilton que está bem encaminhado para conquistar o título....O que vejo é que a Ferrari deu um enorme passo à frente neste ano. Acho que a Mercedes ainda é a equipa a abater, mas a Ferrari não a deixa ter a margem de erro a que a Mercedes estava habituada a ter nos últimos anos. Mas não têm cometido erros e em condições normais ganham o campeonato dos construtores.