Roland Nadal dança o 14.º "tango em Paris' e chega aos 22 Grand Slams

Espanhol despachou Casper Ruud por 6-3, 6-3 e 6-0 na final de Roland Garros. E no final sossegou os fãs sobre possível retirada dos courts: "Isto dá-me energia para continuar a tentar."
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A relação de amor entre Rafael Nadal e o torneio de Roland Garros conheceu este domingo um novo capítulo, com mais um triunfo do espanhol, o 14.º em Paris, que fez aumentar ainda mais a sua lenda. O tenista, de 36 anos, cilindrou na final o norueguês Casper Ruud (oitavo da hierarquia), pelos parciais de 6-3, 6-3 e 6-0, em duas horas e 18 minutos, e chegou às 22 vitórias em Grand Slams, distanciando-se assim dos seus eternos rivais, Novak Djokovic e Roger Federer, ambos com 20.

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No jogo entre o professor e o aluno (Casper Ruud frequenta a escola de ténis de Nadal e é habitual treinar com ele), o mentor levou a melhor, fechando com chave de ouro duas semanas que inicialmente levantaram muitas dúvidas sobre o seu estado físico e como poderia suportar as dores da lesão crónica num pé causada pela síndrome de Müller-Weiss, doença que causa deformação no osso escafoide e dá muitas dores.

Mas Nadal, uma autêntica força da natureza, apareceu ao melhor nível no seu torneio de eleição. Foi despachando adversários, caso de Novak Djokovic nos quartos-de-final, e nas meias-finais acabou por ter alguma sorte, com a lesão de Zverev, que lhe deu via aberta para a final.

Nadal venceu este domingo o seu 14.º torneio de Roland Garros precisamente 17 anos depois do primeiro triunfo em Paris. Na altura, com 19 anos, eliminou Roger Federer nas meias-finais no dia do seu aniversário e depois na final bateu o argentino Mariano Puerta.

E mais uma vez a tradição foi cumprida, ou seja, Nadal venceu todas as 14 finais em que participou em Paris. O seu palmarés em Roland Garros é impressionante. Nos 115 jogos disputados, o espanhol perdeu apenas três: contra Robin Soderling, em 2009, e duas vezes com Novak Djokovic. Houve ainda uma ocasião, em 2016, que desistiu por problemas físicos.

Nadal entrou em campo muito determinado, impondo logo uma quebra de serviço ao adversário no seu primeiro jogo. Apesar de ter sofrido de imediato o contra-break (2-1), reagiu com nova quebra de serviço, o suficiente para fechar favoravelmente o primeiro parcial.

No segundo set, Ruud evitou três pontos de break no primeiro serviço, passou para a frente no quarto (3-1), mas não foi capaz de travar a reação de Nadal, que impôs três quebras de serviço consecutivas e, ao quarto set point, colocou-se com uma vantagem de 2-0 no marcador. E no terceiro set não deu hipóteses, vencendo por 6-0.

Depois de receber o troféu, Nadal discursou no court. E tratou de sossegar os fãs, num dia em que surgiram vários rumores de que estaria a preparar uma conferência de imprensa para anunciar o seu abandono da competição. Algumas informações apontavam até para a presença de Roger Federer em Paris para estar presente no momento.

"Para mim é muito difícil descrever os sentimentos que estou a sentir. Nunca acreditei estar aqui outra vez, com 36 anos, a ser competitivo, a jogar mais uma final no court mais importante da minha carreira. Isto dá-me muita energia para continuar a tentar. Obrigado a toda a gente. Não sei o que pode acontecer no futuro, mas vou continuar a lutar", prometeu.

O espanhol não esqueceu o apoio da família e da sua equipa técnica, a quem deixou uma mensagem. "Tenho de seguir com a minha equipa, família, todos os que estão ali. É completamente fantástico ver as coisas que estão a acontecer este ano. Não consigo agradecer o suficiente por tudo o que têm feito por mim. Sem vocês nada disto era possível. O momento difícil que atravessámos em termos de lesões, se não tivesse este apoio de todos, nada disto era possível porque já me teria retirado", garantiu.

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Rafa deixou depois uma palavra ao opositor, que aos 23 anos jogou ontem a sua primeira final de um Grand Slam. "É um prazer, a sério, jogar uma final contra ti aqui em Roland Garros. És grande, estás a ter uma enorme carreira, especialmente nestas duas semanas. É um passo em frente importante para ti. Estou muito feliz por ti, pela tua família. És muito bom e desejo-te o melhor possível para o futuro", elogiou, não esquecendo o apoio do público e o profissionalismo da organização: "Obrigado a todos os que tornaram este evento possível. Para mim e para muitos que adoram a história deste desporto, é o maior torneio de todo o mundo. Obrigado a todos, os apanha-bolas, diretores do torneio e quem trabalha atrás dos holofotes. Foram todos incríveis. Fazem-me sentir em casa e só posso agradecer."

Aos 23 anos, Casper Ruud despediu-se de Paris com a consolação de se ter tornado no primeiro norueguês a alcançar a final de um Grand Slam - até este torneio, Ruud nunca tinha passado da quarta ronda de um major - e o primeiro escandinavo a chegar ao último encontro na catedral da terra batida desde Soderling, em 2010.

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