O mapa do dirigismo desportivo português vai mudar radicalmente em 2024, ano em que algumas das principais federações vão a votos e terão obrigatoriamente de mudar de presidente. É o fim da linha para Fernando Gomes, na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Jorge Vieira, na Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), António José Silva, na Federação Portuguesa de Natação (FPN) e Delmino Pereira, na Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC)..Todos estão no final do terceiro mandato permitido por lei, o que significa que no próximo ano irão passar a pasta. Em todos os casos, o ato eleitoral só acontecerá depois do Euro2024 (entre 14 de junho e 14 de julho) e dos Jogos Olímpicos de Paris2024 (26 de julho a 11 de agosto)..Aliás, segundo a lei de bases em vigor, os atos eleitorais terão de acontecer até seis meses depois dos Jogos Olímpicos, mas nos bastidores já fervilham os contactos e nomes sobre quem avança para os cargos. E com este dado em comum: de os principais e alegados candidatos ao lugar poderem ser das chamadas lista da continuidade, ou seja, pessoas que já estão atualmente nas federações e que parecem reunir consenso alargado, além do formato eleitoral lhes ser favorável..Eleito presidente da Federação Portuguesa de Futebol a 10 de dezembro de 2011, Fernando Gomes prepara-se para a saída. Deixa mais troféus do que aqueles que encontrou, incluindo a Taça Henri Delaunay conquistada no Euro 2016, além de outras conquistas, como a construção da Cidade do Futebol e a organização do Mundial 2030. Antes de dizer adeus à FPF, ainda poderá aumentar o portefólio, uma vez que o Euro2024 se realiza entre 14 de junho e 14 de julho..José Couceiro (atual vice-presidente com responsabilidades na reformulação dos quadros competitivos e do futebol amador), Pedro Proença (presidente da Liga Portugal) e Nuno Lobo (presidente da Associação de Futebol de Lisboa) são os nomes que circulam como potenciais candidatos. Também Luís Figo já foi aventado..No atletismo, o reinado de Jorge Vieira começou no dia 3 de novembro de 2012 e terminará para o ano, depois de ser reeleito duas vezes, a última em 2020, quando prometeu continuar com o "projeto e estratégia" que garante o "futuro" da modalidade. Durante a sua presidência conquistou duas medalhas olímpicas e juntou um campeão olímpico ao currículo - Pedro Pichardo conquistou o Ouro no triplo salto, em Tóquio2020, e defenderá o título em Paris2024..Antes haverá Mundiais de Pista Coberta em Glasgow, Escócia, de 1 a 3 de março do próximo ano, que podem fazer aumentar o medalheiro do atletismo antes da saída de Jorge Vieira. Os atuais vice-presidentes Fernando Tavares e Paulo Bernardo são apontados como possíveis substitutos, embora o ex-atleta Domingos Castro tenha confidenciado que vai apresentar uma lista para a presidência da federação..Na natação o cenário é idêntico. António José Silva vai sair numa altura em que a modalidade passou a ser uma das que tem mais praticantes federados e viu "nascer" o fenómeno Diogo Ribeiro, que aos 18 anos se sagrou Vice-Campeão Mundial dos 50 metros mariposa e grande esperança de medalhas nos próximos Mundiais (de 2 a 18 de fevereiro de 2024) e em Paris2024..Avelino Silva (presidente da Associação de Natação da Madeira), Rui Sardinha (vice-presidente da FPN) e Aldo Costa (presidente da Associação de Técnicos de Natação) são os nomes que se perfilam para avançar para o lugar que é de António José Silva desde 13 de janeiro de 2013..Também o ciclismo terá de mudar de líder. Mas enquanto Fernando Gomes, Jorge Vieira e António José Silva passam por momentos de glória federativa, Delmino Pereira, eleito pela primeira vez a 13 de outubro de 2012, nem por isso. Os nomes que têm sido apontados como potenciais candidatos são os atuais vice-presidentes José Luís Ribeiro e Sandro Araújo..O processo de doping reiterado que levou à extinção da W52-FC Porto criou nuvens negras sobre a modalidade, que curiosamente ganhou nova vida com o aparecimento do maior talento pós-Joaquim Agostinho: João Almeida, que no próximo ano vai optar pelo Tour, prova que acontece antes dos JO, ao contrário dos Mundiais de Estrada, agendados para o final de setembro (21 a 29)..Acresce a tudo isto o facto de o Comité Olímpico de Portugal (COP) também poder mudar de presidente. José Manuel Constantino já revelou que não se vai recandidatar e, embora não seja certo que leve essa intenção até ao fim, há nomes a circular para ocupar o cargo. Luís Monteiro (presidente da Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal), Mário Santos (ex-chefe da Missão Olímpica em Londres2012 e Rio2016) e Jorge Vieira (presidente da FPA) têm sido apontados à sucessão de Constantino..Já a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) elegeu ontem um novo presidente. Trata-se de Daniel Monteiro (presidente da Federação Académica do Desporto Universitário), que sucede a Carlos Paula Cardoso..isaura.almeida@dn.pt