Modernização do Estádio da Luz e áreas adjacentes vai custar mais de 200 milhões
Será a maior obra de renovação do Estádio da Luz e das áreas que o rodeiam desde que a estrutura foi inaugurada, em 2004. O projeto “Benfica District”, que será apresentado hoje pelo presidente do clube, Rui Costa, envolve uma renovação do estádio, a construção de um pavilhão multiusos com capacidade para 10.000 pessoas, dois pavilhões desportivos (de 2.500 e de 1.500 pessoas), uma piscina comunitária, áreas residenciais, comerciais e acessos pedonais e viários. Tudo para estar pronto até 2030, de acordo com o cronograma do projeto que o DN consultou, a tempo do Campeonato do Mundo FIFA, que se disputará em Marrocos, Espanha e Portugal.
“Este é um projeto ambicioso e estratégico, a pensar nos sócios, nos adeptos e no Clube, que pretendemos começar a concretizar de imediato, para criar melhores condições no estádio, para as modalidades, para projetar o Benfica ainda mais no país e no mundo como a grande referência desportiva de Portugal e a tempo de estar concluído para as grandes competições internacionais que o país vai acolher. É um projeto à Benfica”, afirmou Rui Costa, citado no comunicado que vai divulgado hoje na cerimónia.
No total, o projeto deverá ascender a entre 200 e 300 milhões de euros, apurou o DN, sendo que na cerimónia de hoje - que contará com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas - a administração do clube vai detalhar o plano financeiro em que assenta o “Benfica District”. Ou seja, que parte vai ser investimento direto do Benfica, financiamento ou capital aportado por eventuais parceiros do clube no projeto. A apresentação dos detalhes do financiamento deverá estar a cargo do administrador financeiro da SAD, Nuno Catarino, que também exerce a função de vice-presidente do Conselho de Administração da SAD.
Todo o “Benfica District” foi elaborado pela empresa Populous, os responsáveis do projeto inicial do Estádio da Luz em 2004, em colaboração com o escritório de arquitetura Saraiva + Associados, sediado em Lisboa.
Vamos então por partes. O Estádio da Luz vai ter uma nova fachada, por forma a proporcionar sombra nos átrios e assim mitigar a luz e o calor que entram no recinto. No entanto, indica a Populous, preserva “ao mesmo tempo as icónicas vigas curvas do telhado”. O mais visível será uma “iluminação LED integrada” em toda a estrutura da fachada, “iluminando a arquitetura nos dias de jogo”.
“Esta ‘pele’ LED programável também permite que o estádio se adapte facilmente a uma ampla variedade de eventos, desde jogos de futebol a concertos”, esclarece a empresa. Por outro lado, o Estádio da Luz vai crescer. Não para os lados, mas em camadas. “Será adicionado um novo quarto nível à infraestrutura, fora da arquibancada, proporcionando 6.800 m2 de espaço de uso misto que inclui a possibilidade de escritórios, uma oferta de hospitalidade premium com maior capacidade e instalações comerciais”.
Esta extensão, diz a Populous, faz parte de uma “estratégia mais ampla para ativar o estádio para além dos dias de jogo e integrá-lo mais profundamente na vida urbana de Lisboa”.
Na parte da nova construção, o projeto inclui um novo pavilhão multiusos para 10.000 pessoas, que pode “acolher concertos, eventos culturais, eSports e eventos desportivos das mais diversas modalidades de pavilhão”. Os dois pavilhões desportivos cobertos mais pequenos serão “de última geração”, adaptáveis para basquetebol, voleibol, andebol, hóquei patins, futsal ou boxe, por exemplo.
Estes novos espaços substituirão os atuais pavilhões e a atual piscina, que será substituída por uma nova piscina comunitária.
No espaço adjacente a estes novos equipamentos e ao Estádio, o Benfica District integra instalações comerciais (no estádio já existe um espaço comercial, mas não está claro se vai ser renovado ou construído um novo), bem como espaços hoteleiros e residenciais.
No plano enviado ao DN, a Populous indica que o hotel que integra o Benfica District terá 120 quartos e que o edifício residencial terá 100 quartos para “atletas ou estudantes”, indica. Existem unidades hoteleiras já perto do Estádio da Luz, bem como prédios de construção recente, mas não está claro neste momento se o plano apresentado envolve nova construção ou renovação de edifícios já existentes nestas duas vertentes.
Também o espaço onde está colocada a estátua de Eusébio (e onde os adeptos normalmente se reúnem antes e depois dos jogos) vai ser transformado numa praça mais ampla, com 4.000 metros quadrados e espaço para 10.000 adeptos, incluindo uma cabine de DJ. Em redor desta praça, indicou a Populous, haverá restaurantes, esplanadas e lojas. Por falar em estátua de Eusébio, esta será mudada de local, para a entrada deste novo espaço.
“Este plano diretor é um exemplo de como empreendimentos de uso misto, ancorados em locais únicos, podem revitalizar todo um território e assumir-se como referência cultural e comunitária. O Estádio da Luz não será apenas a casa da orgulhosa história do Benfica, mas um catalisador para o seu futuro”, considerou por seu lado o diretor sénior e arquiteto do projeto, Tom Jones.
A “atar” todos os novos espaços será feita uma pista de corrida, com várias pontes, e um campo de futebol ao ar livre no terraço de um dos novos pavilhões desportivos, nomeadamente o que tem capacidade para 2.500 pessoas.
Quanto a prazos, a Populous diz que o projeto tem algum tempo, mas que se intensificou no último ano e meio. O cronograma que acompanha o plano indica que a fase de estudo prévio se prolonga até final de agosto e que o Benfica estudará o projeto até final de setembro. Em outubro haverá eleições para a presidência do clube e só em outubro, de acordo com a proposta apresentada, se iniciará eventualmente a fase de licenciamento. Essa arrastar-se-á até abril/maio de 2026. O projeto de execução depois segue até fevereiro de 2027.
É em 2027 que se chegará a outra fase delicada, a do concurso para escolher um empreiteiro para a obra. O tender será, previsivelmente, lançado em fevereiro e junho de 2027 e a construção arrancará, se tudo correr como previsto, em junho de 2027, prolongando-se até julho de 2029. O resto do tempo até ao Mundial será passado a obter licenças de utilização. O plano prevê que os novos espaços estarão prontos para a edição da Liga de 2029/2030.