Martínez quer seleção "ao melhor nível" para evitar surpresa do serralheiro
Portugal joga este domingo no Luxemburgo, onde há 61 anos foi derrotado na estreia de Eusébio com três golos de um amador. O selecionador lembra que o adversário só perdeu uma vez nos últimos nove jogos e Bernardo Silva ainda não esqueceu as dificuldades sentidas em 2021.
A seleção nacional joga este domingo (19.45 horas) o segundo jogo de qualificação para o Euro 2024, numa cidade onde há 61 anos esteve pela primeira vez, numa partida em que Eusébio se estreou com as quinas ao peito, mas quem brilhou foi um... serralheiro e o Luxemburgo conquistou a primeira vitória da sua história num jogo oficial.
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É para evitar uma surpresa dessas dimensões que o selecionador nacional Roberto Martínez avisa que os luxemburgueses formam uma equipa "muito competitiva" e "muito bem construída", pelo que, garante, "Portugal terá de estar ao melhor nível" para conseguir vencer. Afinal, lembrou que se trata de "uma seleção que só perdeu duas vezes nas ultimas nove partidas oficiais", razão pela qual deixou a certeza de que "não parece que seja uma equipa má".
O treinador espanhol fez questão de falar do "respeito imenso" que tem pelo Luxemburgo e pelo seu selecionador Luc Holtz, pois diz tratar-se de uma equipa que "joga como um clube, tem uma excelente mentalidade e tem desenvolvido um trabalho de continuidade".
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Também Bernardo Silva fez questão de apontar para as dificuldades que esperam a seleção nacional. "Já senti dificuldades na pele, pois no último jogo que aqui fizemos estávamos a perder ao intervalo e tivemos de lutar muito para ganhar", recordou, destacando que o Luxemburgo "tem evoluído muito nos últimos anos" e, ao mesmo tempo, "também tem muita vontade de fazer melhor" para conseguir vencer. Nesse sentido, o jogador do Manchester City assumiu que o objetivo é "jogar como no primeiro jogo" com o Liechtenstein, afinal, sente "a equipa super confortável com o novo sistema" implementado por Roberto Martínez, selecionador que disse estar "surpreendido com a qualidade humana e o compromisso" que encontrou na equipa das quinas.
Sem revelar o onze que irá apresentar diante dos luxemburgueses, o técnico nacional sempre foi dizendo que "pode haver mudanças" na equipa, pois "é importante ter gente fresca" devido à proximidade dos jogos, mas "sem comprometer a continuidade do trabalho" que agora iniciou. Ainda assim, deixou claro que, independentemente de quem jogue, o objetivo é que os emigrantes portugueses no Luxemburgo "vejam uma equipa que os deixe orgulhosos para que possam ir felizes para o trabalho na segunda-feira".
Neste segundo jogo após a era Fernando Santos na seleção, Bernardo Silva disse sentir o grupo "muito bem, com todos muito muito motivados depois da desilusão" que sofreram no Mundial do Qatar. "Todos tivemos um período de reflexão, acabou por ser duro para todos e para mim também. Mas isto é o futebol, infelizmente perdemos mais do que ganhamos porque só ganha uma equipa", sublinhou garantindo que todos estão agora "motivados para alcançar a qualificação para o Europeu".
Eusébio e o serralheiro
Mas voltemos a 8 de outubro de 1961 e a um jogo que entrou na história do futebol do Luxemburgo, seleção que venceu por 4-2 e até esteve com uma vantagem de 3-0, graças a um hat-trick de um tal Ady Schmit. Era um médio de 21 anos que era serralheiro de profissão e tinha como divertimento jogar no Fola Esch aos fins de semana. Nessa tarde de domingo, a seleção luxemburguesa conseguia a primeira vitória em jogos oficiais perante sete mil espectadores incrédulos.
O jogo marcaria a vida de Ady Schmit, que após fazer metade do total de golos que constam do registo das suas 32 internacionalizações, acabaria, alguns meses depois, se tornar profissional de futebol com uma transferência para os franceses do Sochaux, clube que representou durante oito épocas.
Eusébio ainda fez o 1-3, naquele que foi o seu primeiro golo na seleção nacional, treinada por Fernando Peyroteo, mas Nicholas Hoffmann voltou a marcar para a equipa da casa, antes de Yaúca ter fechado as contas do jogo.
Portugal sofria uma das mais humilhantes derrotas da sua história e hipotecava a presença no Mundial de 1962, no Chile, pois para se apurar estava obrigado a vencer Inglaterra, em Wembley, 17 dias depois. A verdade é que os ingleses venceram por 2-0 e a equipa das quinas tinha de esperar mais quatro anos para marcar presença no seu primeiro Campeonato do Mundo.
Curiosamente, 30 anos depois, mais precisamente a 12 de outubro de 1991, o Luxemburgo voltou a surpreender Portugal, agora com um empate 1-1 num jogo particular, em que Nogueira até colocou a equipa treinada por Carlos Queiroz em vantagem, mas depois o defesa Carlo Weis fez o empate na transformação de um penálti.
Hoje, realiza-se o 20.º duelo de um confronto desigual, em que Portugal venceu por 17 vezes , contabilizando 59 golos marcados e apenas oito sofridos. Estes números mostram bem a diferença que, ainda nos dias de hoje, existe entre o futebol dos dois países. Nesse sentido, tudo o que não seja a vitória da equipa orientada pelo espanhol Roberto Martínez será uma enorme surpresa.