Martim Mayer anuncia candidatura à presidência do Benfica
Martim Borges Coutinho Mayer anunciou esta quarta-feira, 11 de junho, a sua candidatura à presidência do Benfica, cujo ato eleitoral está marcado para 25 de outubro.
Este é o quarto candidato confirmado à corrida eleitoral dos encarnados, depois de João Diogo Manteigas, João Noronha Lopes e Cristóvão Carvalho.
O industrial de 51 anos é filho neto de Duarte Borges Coutinho, um dos mais importantes presidentes da história do Benfica, que liderou o clube entre 12 de abril de 1969 e 26 de maio de 1977, período durante o qual os encarnados conquistaram seis campeonatos nacionais e duas Taças de Portugal.
Com o lema “Benfica no Sangue”, Martim Mayer vai ter as primeiras ações de campanha nos Estados Unidos, para onde partirá esta sexta-feira, 13 de junho, onde irá marcar presença nas Casas do Benfica em New Bedford, Danbury e Newark, sendo que depois seguirá para Miami, onde segunda-feira irá assistir à estreia da equipa de Bruno Lage no Mundial de Clubes frente aos argentinos do Boca Juniors.
Quer reformular estrutura do futebol e rever custos nas modalidades do Benfica
A reformulação da estrutura do futebol, encimada por um diretor-geral, e a revisão dos custos nas modalidades, assente na meritocracia, são algumas das linhas orientadoras da candidatura de Martim Borges Coutinho Mayer à presidência do Benfica.
Em declarações à Lusa, o mais recente dos quatro candidatos já oficializados às eleições de 25 de outubro anunciou a intenção de “reformular a estrutura” do futebol, desde logo com a existência de um diretor-geral que irá “superintender todo o edifício do futebol, não só o futebol profissional, mas as diversas áreas adstritas a este”, como a formação e o scouting.
Esse elemento ficará igualmente incumbido de “definir um modelo de jogo, os perfis posicionais, os mapas de sucessão e os perfis específicos do staff técnico”, além de “identificar que posições poderão ser asseguradas pelos jogadores do Benfica Campus em crescimento e quais apresentam necessidades de contratações externas”.
“Desta forma, utilizaremos de uma forma mais eficiente os nossos recursos e teremos o devido espaço para apostar no talento da nossa gente na equipa principal de forma muito mais efetiva”, sustentou, referindo que o perfil do diretor-geral “está traçado” e estão em marcha “várias conversações para fechar a escolha de quem irá assumir este cargo”.
O futuro organograma do futebol integrará “um diretor desportivo para o futebol profissional, um diretor de scouting, diretor de futebol feminino e um diretor do Benfica Campus”, sendo que todos eles reportarão ao diretor-geral.
Esta estrutura será igualmente implementada nas modalidades, com “um diretor-geral que reportará ao vice-presidente para as modalidades e que terá um diretor por modalidade e Projeto Olímpico”, sendo que Martim Mayer considera “insustentável” a atual estrutura de custos, em que “o orçamento é superior ao valor total da quotização”, sobretudo quando “a taxa de conquistas tem reduzido de ano para ano”.
“É preciso repensar os contratos, reduzir a base e apostar na remuneração por objetivos, para responsabilizar os atletas e dar-lhes o incentivo extra para vencer. Queremos implementar nas modalidades uma lógica de meritocracia: uma modalidade que tenha mais vitórias numa época terá mais orçamento para a época seguinte. Há que premiar os dirigentes, equipas técnicas e jogadores que vencem troféus”, revelou.
Além de pretender “analisar com maior detalhe os custos com recursos humanos e fornecedores”, que permitirá ao Benfica “deixar de estar tão dependente financeiramente da venda de jogadores”, o industrial, de 51 anos, acrescentou querer “implementar mecanismos de recuperação de sócios”, estimando que o clube tenha perdido “mais de 100 mil” associados, “com base no último orçamento”.
Por outro lado, Martim Mayer relativizou uma eventual antecipação das eleições, lembrando que o atual presidente, Rui Costa, “foi eleito para um mandato de quatro anos e, se entende ter condições para o cumprir até ao final, tem o direito de o fazer”.
E acrescentou que, mesmo que o escrutínio fosse antecipado, seria sempre a atual direção a planear a próxima época desportiva – “uma época planeia-se com meses de antecedência” -, pelo que, segundo o candidato, mais importante é que o regulamento eleitoral, a ser apresentado aos sócios em julho, seja aprovado e esteja já de acordo com os novos estatutos, ou seja prevendo uma segunda volta no caso de nenhuma lista somar mais do que 50% dos votos.
“Quanto a mim, importa mais ser vigilante daquilo que a atual direção está a fazer e apelar a que, sempre que possível, todas as decisões que tomem, tenham em consideração o término do mandato dentro de quatro meses e os mais elevados interesses do Sport Lisboa e Benfica”, concluiu à Lusa.
Benfica “aburguesado” precisa de mudar e recuperar "valores"
Martim Borges Coutinho Mayer pretende recuperar a identidade e os valores do Benfica, considerando que “o clube precisa de mudar” face ao “aburguesamento” instituído e aos resultados desportivos incompatíveis com as condições de “excelência”.
“Entendo que o clube precisa de mudar. No Benfica, se não há vitórias, tem de haver mudança. E mudar é olhar para a frente, não para trás. Temos de colocar os sócios no centro de tudo, não podemos manter o clube fechado. Unir a nação benfiquista, devolvendo a paixão, recuperando a identidade de Cosme Damião e Duarte Borges Coutinho”, assinalou à Lusa o candidato às eleições de 25 de outubro.
Martim Mayer entende que o Benfica “está aburguesado”, razão pela qual quer “trazer de volta valores que nunca deveriam ter desaparecido, como a humildade, a entrega e a decência e, por consequência disso, as vitórias”.
“É o clube que tem mais sócios no mundo, que tem um estádio de excelência, que dá as melhores condições aos jogadores, que tem das melhores academias de futebol do planeta. As condições são de excelência, mas os resultados, não. Temos de garantir que todos os que vestem a nossa camisola sabem o que isso representa. Isso não se faz com dinheiro. Faz-se com valores, atitude e exemplo. É disso que se alimenta a mística benfiquista”, frisou.
Martim Mayer diz ter “o conhecimento e a vontade para ser presidente do Benfica”, alicerçado numa “equipa coesa, que reúne competências em todas as áreas-chave da gestão do clube”, confessando querer “estar à altura do legado” do seu avô, um dos presidentes mais marcantes e vitoriosos da história das ‘águias’.
“Traz-me uma enorme responsabilidade. Porque o legado do meu avô perdura desde os anos 70. É o mesmo desde então. Seria o mesmo em 2050. Mas, com a minha candidatura, sei que tudo o que faça pode levar a que se estabeleçam comparações. E isso é, obviamente, muito relevante. Por isso, a minha responsabilidade será dupla: para com o Sport Lisboa e Benfica e para com o legado do meu avô. Na mais pequena iniciativa que tenha, devo sempre considerar estar à altura do seu legado. E isso é para mim intransponível”, assegurou o sócio 5.206 dos ‘encarnados’.
E é precisamente em Duarte Borges Coutinho, vencedor de sete títulos de campeão no futebol, entre outros, que Martim Mayer vê um exemplo de presidente, “pela forma como liderou o clube, pelo espírito de equipa que foi capaz de reunir, pelo profundo conhecimento do que é o povo benfiquista e por entender e interpretar o ecletismo do Benfica como quase ninguém”.
“Quero trazer esta abordagem de volta e, quanto a mim, resume-se numa frase: ao presidente do Benfica e à sua direção não basta gerir o clube, a sua primordial função está em compreender os sócios e a nação benfiquista”, referiu à Lusa, sublinhando: “É nisso que me revejo e é isso que humildemente gostaria de conseguir fazer. Quando assim se faz, é possível unir o Benfica e todos sabemos que um Benfica unido é invencível”.