Livro sobre José Poeira, grande figura do ciclismo português, chega às livrarias em julho
A biografia de José Poeira, aclamado como "exímio contador de histórias" e figura que "definiu uma era no ciclismo português", será lançada em 1 de julho. A obra dá voz ao selecionador responsável por "lançar" alguns dos maiores talentos nacionais da modalidade.
José Carlos Gomes destacou à Lusa a importância do selecionador: "O José Poeira é um dos treinadores mais importantes do desporto português", afirmou, pois esteve presente como treinador em seis edições dos Jogos Olímpicos, conquistando uma medalha e dois diplomas. Gomes enfatizou que "era do interesse do desporto nacional dar a conhecer uma personalidade como a do Poeira", autor do livro Alguma Coisa Boa Há-de Acontecer-me.
A biografia do selecionador nacional de estrada não apenas narra a história de José Poeira, mas também "conta a história do ciclismo português de topo nos últimos 25 anos", conforme José Carlos Gomes mencionou à agência de notícias. O livro oferece "detalhes de bastidores de corridas, a forma como foram descobertos novos talentos – hoje ídolos consolidados", e apresenta uma "reflexão por trás das escolhas dos representantes portugueses para os Jogos Olímpicos, desde Londres até Paris".
Lançada a 1 de julho, Alguma Coisa Boa Há-de Acontecer-me – Biografia de José Poeira foi concebida no contexto da seleção nacional de estrada, abrangendo os Mundiais e Europeus, onde o ex-ciclista de 66 anos partilhava as suas experiências.
O autor do livro descreveu a obra como "muito baseado nas memórias do José Poeira", mas destacou também o facto de incluir "depoimentos de pessoas que contactaram com o homem e o profissional de ciclismo".
O livro apresenta "histórias de bastidores de grandes conquistas, como o Mundial de 2013, ou as campanhas na Taça das Nações em 2007 e 2008, e depoimentos dos grandes ídolos dos últimos 15 anos.
O livro conta com a participação de figuras proeminentes do ciclismo nacional das últimas duas décadas, como Rui Costa, campeão mundial de fundo de 2013, João Almeida, quarto classificado do Tour2024, e Nelson Oliveira, o ciclista com mais diplomas olímpicos (dois) para Portugal na estrada.
Para José Carlos Gomes, "o grande desafio foi tentar manter na versão escrita o mesmo brilho que Poeira empresta às narrativas orais". O autor afirmou à Lusa que "José Poeira definiu uma era no ciclismo português", destacando que, apesar da medalha olímpica de prata em Atenas2004 com Sérgio Paulinho e do título mundial com Rui Costa, a maior marca de Poeira foi "a vitória na Taça das Nações de sub-23, em 2008". Gomes acrescentou que Poeira, ao gerir "exemplarmente uma geração talentosa de corredores", incutiu neles "a ambição de lutar de igual para igual com as maiores potências".
O assessor de comunicação da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) também recordou à Lusa que, em 2008, existia "um único corredor português no primeiro escalão do ciclismo mundial", e que, três anos depois, esse número aumentou para seis. Ele atribuiu esse avanço aos "desempenhos nas Taças das Nações, entre 2007 e 2009, mas com especial enfoque na vitória de 2008".
José Carlos Gomes salientou que o antigo corredor alentejano, ao assumir o posto em 2001, "mudou a forma como os ciclistas nacionais encaravam a seleção". Explicou que, antes, "a seleção era como que um fardo para os melhores ciclistas nacionais", mas José Poeira "mudou a mentalidade".
"Hoje, ir à seleção, é um desejo transversal", concluiu, atribuindo também mérito a Artur Lopes, então presidente da federação, que "teve como grande desígnio a internacionalização do ciclismo".