Léna e Bianca, as primeiras pilotos da fórmula 1 feminina
A suíça e a filipina estão confirmadas na F1 Academy que arranca este ano e pretende ser um trampolim para as mulheres.
Léna Bühler, 25 anos, e Bianca Bustamante, 18, são as primeiras pilotos conhecidas do novo campeonato de fórmula 1 feminino que arranca ainda este ano, mas ainda sem data oficial confirmada. A suíça, que conta com uma experiência de quatro anos em monolugares, apesar de ter começado nas BMX, vai integrar a equipa ART. A filipina será piloto da Prema.
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"É um enorme prazer poder participar na F1 Academy ainda por cima em representação da ART Grand Prix, uma equipa com um historial fantástico. Será um grande desafio e estou ansiosa para começar", disse Léna, que se estreou nos kartsem 2016 e depois deu o salto, participando no campeonato de Espanha de Fórmula 4 e na Fórmula Regional Alpine.
Bustamante competiu em 2022 na W Series, chegando a alcançar um nono lugar numa prova em Miami: "A F1 Academy é uma iniciativa fantástica para a descoberta do talento das mulheres e espero estar à altura do desafio", disse por sua a vez a filipina.
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A F1 Academy foi anunciada em novembro do ano passado e cada uma das sete rondas terá três corridas, num total de 21 previstas (há a possibilidade de uma prova ser realizada no mesmo fim de semana de uma corrida de Fórmula 1). E será composta por cinco equipas - ART, Campos Racing, Prema, MP Motorsport e Carlin -, todas com três monolugares. O objetivo é que esta nova prova sirva para promover o talento feminino e seja um trampolim para a F3 a curto prazo e, quem sabe, para a categoria rainha do automobilismo.
À frente desta nova competição está Bruno Michel, diretor geral da Fórmula Motorsport Limited, que tem conhecimento e experiência em categorias inferiores, em matéria de orçamento e na perspetiva do desenvolvimento de pilotos. "Estou absolutamente convencido de que, se as mulheres jovens receberem a mesma experiência que qualquer outro piloto, podem abrir um caminho de êxito na pirâmide e o nosso objetivo é ver as mulheres na F3 nos próximos dois ou três anos", referiu.
"Todos deveriam ter a mesma possibilidade de perseguir os seus sonhos, e a F1 quer garantir que está a fazer tudo para promover mais diversidade neste desporto incrível. Quanto mais oportunidades, melhor, e esta categoria foi pensada para dar mais uma oportunidade para que as pilotos tenham sucesso", justificou Stefano Domenicali, presidente da F1.
Todos os carros serão fabricados pela Tatuus, construtora italiana que dotará os monolugares do mesmo modelo dos chassis da F4. As unidades de potência serão produzidas pela Autotecnica e os pneus pela mesma fornecedora da F1, que vai financiar cada carro com 150 mil euros, mas exigirá que as pilotos invistam o mesmo valor.
Pioneiras na fórmula 1
Mulheres a correr na F1 não é uma coisa inédita, apesar de rara e de há muito tempo não existir. A última mulher que participou na prova rainha do automobilismo foi Giovanna Amatti, em 1992, pela equipa da Brabham. Mas depois de não conseguir classificar-se para as três primeiras corridas, foi substituída pelo inglês Damon Hill.
A primeira a competir foi Maria Teresa de Filippis, que marcou presença em cinco corridas nos anos 1958 e 1959, mas só se classificou em três delas com um Maserati 250F. Mais tarde, em 1975, Lella Lombardi participou em 12 provas e foi a única mulher a conseguir pontuar, com um sexto lugar no GP de Espanha, que terminou sensivelmente a metade devido a um acidente. Lella detém ainda o recorde de mulher com mais corridas disputadas, com 12, dez em 1975, todas pela equipe March.
Em 1976, a inglesa Divina Galica tentou classificar-se para o GP da Grã-Bretanha de 1976, mas fracassou. Mais tarde, em 1980, a sul-africana Desiré Wilson também tentou a sua sorte, mas não conseguiu classificação para entrar na grelha no GP da Grã-Bretanha. Mas nesse mesmo ano tornou-se a única mulher a vencer uma corrida com um carro de Fórmula 1, ao venceu a etapa de Brands Hatch na curta série de fórmula 1 britânica, também conhecida como Aurora F1, que era disputada com carros antigos da categoria. Ainda hoje tem uma bancada em Brands Hatch com o seu nome.
Susie Wolff, ex-piloto de desenvolvimento e de testes da Williams, foi a primeira a pilotar um F1, 22 anos depois de Giovanna Amatti ter entrado nas pistas. Participou nos treinos livres de Inglaterra e na Alemanha em 2014, mas não conseguiu realizar o objetivo de estar na grelha. A espanhola María de Villota e a colombiana Tatiana Calderón também passaram pela categoria como pilotos de testes na Marussia (2012), Sauber (2018) e Alfa Romeo (2019-2020).
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