Já reparou que os jogos do Mundial andam a ter muito tempo extra? Saiba o motivo
Nos dois primeiros dias do Mundial, os descontos de tempo dado pelos árbitros foram algo nunca antes visto em grandes competições. Só nos quatro primeiros jogos foi quase uma hora de tempo extra. Mas afinal a que se devem estas compensações que aos olhos dos adeptos parecem um exagero?
Esta terça-feira, o ex-árbitro Pierluigi Collina explicou que a intenção "é evitar que haja jogos a ter 42, 43, 44, 45 minutos de tempo útil. É inaceitável", disse, citado no site da FIFA. "Os festejos dos golos podem durar um minuto a um minuto e meio, por isso, se houver dois ou três golos numa parte é fácil perder 3, 4, 5 minutos só em festejos. Isto tem de ser considerado e compensado", exemplificou.
Há uns dias, Collina, aue é chefe dos árbitros da FIFA, juntamente com os diretores Massimo Busacca e Johannes Holzmüller, deixaram bem claras as diretrizes para os árbitros neste Mundial: fim ao jogo violento, a enganar os árbitros e às perdas de tempo e antijogo.
Estas diretrizes, aliadas ao exemplo que o italiano deixou esta terça-feira, podem ser a causa para os jogos estarem a ter mais tempo extra - os cinco primeiros atingiram 100 ou mais minutos.
Qatar-Equador: 10 minutos (5+5)
Inglaterra-Irão: 24 minutos (14+10)
Senegal-Países Baxos: 10 minutos (2+8)
Estados Unidos-País de Gales: 13 minutos (4+9)
Argentina - Arábia Saudita: 21 minutos (7+14)
O Inglaterra-Irão, relativo ao Grupo B, demorou mais 24 minutos. É um facto que esteve interrompido devido à assistência ao guarda-redes iraniano após um choque com um colega. E que também na grande penalidade a favor dos iranianos, já nos descontos, o VAR demorou a analisar o lance. Mas mesmo assim estas paragens não justificam todo o tempo de desconto dado. Ou seja, os árbitros estão mesmo a compensar as perdas de tempo e o antijogo.
Em abril deste ano, o jornal italiano Corriere dello Sport noticiou que a FIFA estava a ponderar aumentar o tempo efetivo de jogo para promover o espetáculo, com os jogos de futebol a passarem a ter à volta de 100 minutos.
Segundo a publicação, que até adiantava que a medida podia ser incrementada neste Mundial, o presidente Gianni Infantino queria ver mais espetáculo, apoiando-se na tese de que as "as televisões pagam os 90 minutos, não apenas os 50 que são jogados".
As cinco substituições que cada equipa têm direito a fazer atualmente promovem uma maior demora no processo, com consequência no tempo útil de jogo. Aumentar a duração dos desafios também ajudaria a compensar estas perdas de tempo.
É preciso referir que para que esta mudança acontecesse, o IFAB (International Football Association Board), que controla as regras do futebol mundial, teria de aprovar a nova regra. O que não aconteceu. Mas pelos vistos os árbitros estão a levar a sério tudo o que sejam perdas de tempo e os jogos estão a atingir 100 ou mais minutos.