Pichardo já é português mas ainda não pode saltar alto lá fora

Triplo saltador já se naturalizou, mas ainda não pode representar Portugal em Mundiais e Europeus. Vai disputar campeonatos nacionais frente ao sportinguista Nelson Évora
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O triplo saltador cubano do Benfica, Pedro Pablo Pichardo, vai passar a competir como atleta português logo que esteja concluído o processo de naturalização. A novidade foi ontem anunciada em conferência de imprensa pelo atleta de 24 anos, vice-campeão mundial em 2013 e 2015 e detentor da quarta melhor marca de sempre (18,08 metros).

É para mim um grande orgulho representar o Benfica. Também vou dar o meu melhor pelo Benfica e por Portugal. Já que tenho a nacionalidade é um grande orgulho para mim representar os benfiquistas e os portugueses, em qualquer parte do mundo. Estou muito orgulhoso, afirmou o saltador, em declarações reproduzidas pelas redes sociais dos encarnados.

Pichardo poderá assim representar as águias nas provas nacionais, nomeadamente os campeonatos de clubes, onde certamente vai protagonizar uma intensa disputa com o campeão olímpico de 2008 e recordista nacional (17,74 metros), Nelson Évora, que hoje defende as cores do Sporting. O cubano foi contratado precisamente para colmatar a saída do agora atleta leonino, depois de ter desertado de um estágio que a seleção de Cuba estava a realizar em Estugarda, na Alemanha, em abril.

Na causa do divórcio entre Pichardo e a federação estiveram uma discórdia em relação ao nome do treinador - o atleta queria ser treinado pelo próprio pai, Jorge Andrés, algo que se tornou realidade em Portugal - e a ausência dos Jogos Olímpicos do ano passado, no Rio de Janeiro, depois de os médicos do seu país terem decidido que ainda não estava recuperado de uma microfratura num tornozelo sofrida no início de 2016 e que também o impediu de estar presente no Mundial de pista coberta desse ano. A deserção acabou por ditar a sua exclusão dos Mundiais deste ano, em Londres.

Com contrato até 2020 com o Benfica, o atleta ainda não poderá, porém, representar a seleção nacional em Campeonatos do Mundo e da Europa, uma vez que a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) congelou em fevereiro os processos de naturalização até à próxima reunião do seu conselho, que se vai realizar em março.

Desde que está em Portugal, o atleta só participou em duas provas. No regresso à competição, em junho, esteve presente no meeting do Benfica. No mês seguinte, competiu numa jornada da Liga Diamante da IAAF, em Lausana, vencendo com 17,60 metros, a terceira melhor marca mundial do ano - apenas atrás dos norte-americanos Christian Taylor (18,11 metros) e Will Claye (17,91 m), mas muito à frente de Nelson Évora, medalha de bronze nos Mundiais de Londres e 13.º da lista (17,19 m).

FPA e COP aceleraram processo

Para facilitar o processo de naturalização, foi necessário que tanto a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) como o Comité Olímpico de Portugal (COP) tivessem dado parecer considerável, tendo em conta o interesse nacional. Depois dessa validação, o assunto seguiu para a jurisdição do Ministério da Justiça, que neste mês deferiu o pedido.

Se em março a IAAF descongelar as naturalizações, fica aberta a porta para que Pichardo possa apontar aos Europeus de Berlim (Alemanha), em agosto, Mundiais de Doha (Qatar), em 2019, e aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

O atleta nascido em Santiago de Cuba foi campeão mundial de juniores em 2012, em Barcelona, prata nos Mundiais ao ar livre em 2013 e 2015, em Moscovo (Rússia) e Pequim (China), e alcançou o bronze nos Mundiais de pista coberta em 2014, em Sopot (Polónia).

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