Desporto
06 novembro 2022 às 14h50

Francesco Bagnaia sagra-se campeão mundial de MotoGP pela primeira vez

O piloto de 25 anos terminou o GP da Comunidade Valenciana na nona posição, o suficiente para o título.

Lusa/DN

O piloto italiano Francesco Bagnaia (Ducati) sagrou-se hoje campeão mundial de MotoGP pela primeira vez na carreira, ao terminar o GP da Comunidade Valenciana na nona posição, numa corrida em que Miguel Oliveira (KTM) foi quinto.

A prova foi ganha pelo espanhol Alex Rins (Suzuki), que deixou o sul-africano Brad Binder (KTM) em segundo, a 0,396 segundos, com o compatriota Jorge Martin (Ducati) em terceiro, a 1,059 segundos.

Com estes resultados, Bagnaia conquista o Mundial de pilotos, batendo o francês Fábio Quartararo (Yamaha), que hoje foi quarto.

Em declarações à Sport TV, o piloto italiano mostrou-se "muito emocionado" e "orgulhoso" do feito hoje alcançado.

"Estou muito emocionado. É difícil falar, mas estou muito satisfeito e orgulhoso da minha equipa e de mim mesmo. Fizemos algo incrível este ano", sublinhou o piloto italiano.

Bagnaia conquistou o título apesar de ter terminado na nona posição.

"A minha ambição era terminar no top 5. Depois das primeiras voltas, tive de lutar muito com a frente da mota. Estava incontrolável", explicou.

Um problema que pode ter surgido depois de um toque com o adversário na luta pelo título, o francês Fábio Quartararo (Yamaha), nas primeiras voltas da corrida de hoje.

"Foi apertado, mas nunca passou os limites. Tenho de estar muito satisfeito. O Fábio é um dos maiores do paddock. É incrível ter um adversário destes", sublinhou ainda o novo campeão, que sucede precisamente ao francês.

Depois de um início de época complicado, com algumas quedas à mistura, Francesco Bagnaia sentiu, no GP da Grã-Bretanha, que era possível lutar pelo título.

"Em Silverstone, tive um fim de semana difícil e mesmo assim vencemos. Mantivemo-nos com fome de vitórias e, à exceção do Japão, não cometemos erros", concluiu o piloto da Ducati.

Nascido em Turim há 25 anos, Francesco Bagnaia, que impediu o título de Miguel Oliveira em Moto2 em 2018, cedo revelou o gosto por motas, tendo se mudado para Espanha em 2010 para disputar o campeonato mediterrânico de 125cc, depois de ter vencido o Europeu de MiniGP, em 2009.

Nesse ano, viu pela televisão o seu ídolo, Valentino Rossi, conquistar o nono título mundial, último de um italiano, em Sepang, na Malásia.

Uma conquista que chega quatro anos depois da última, o campeonato de Moto2, conseguido em 2018, depois de uma luta intensa com o português Miguel Oliveira (KTM), que acabaria por ser o vice-campeão.

Francesco Bagnaia desde cedo se notabilizou nas motas, ao ponto de, em 2014, ter sido contratado pela Academia VR46 do próprio Rossi, que tem sido o seu mentor desde então.

Nessa altura, já competia no Mundial de Moto3 desde o ano anterior, em que não marcou qualquer ponto. O melhor resultado foi um 16.º lugar, conseguido em Sepang.

A partir daí, levantou voo. O primeiro pódio chegaria em 2015, com a Mahindra (construtor por onde passou também Miguel Oliveira, nos dois anos anteriores).

Em 2016, conquistou a primeira vitória, nos Países Baixos, repetindo a dose... na Malásia, para a segunda vitória do ano e da carreira.

Apesar de não ser um grande adepto de futebol, 'Pecco', como é conhecido em Itália, é adepto da Juventus e fã de Cristiano Ronaldo, que pontificava na 'Vecchia Signora' em 2018, ano em que bateu Miguel Oliveira na luta pelo título de Moto2, com seis vitórias contra três do português.

Nesse ano, confessava a um jornal italiano que sonhava conhecer o craque português.

Chegou à categoria rainha em 2019, pelas mãos da Pramac, uma das equipas satélite da Ducati.

Em 2021, começou a cumprir o sonho transalpino. Chegou, finalmente, à equipa de fábrica da marca italiana e, este ano, tornou-se no primeiro italiano desde Giacomo Agostini, em 1972, a conquistar o título mundial de pilotos aos comandos de uma mota de fabrico italiano (o primeiro título da Ducati foi conquistado pelo australiano Casey Stoner).

No verão de 2021, teve, finalmente, a oportunidade de conhecer o plantel da Juventus (já sem Ronaldo), sendo recebido pelo argentino Paulo Dybala, que é amigo de Fabio Quartararo, o piloto francês da Yamaha que hoje perdeu o título para Bagnaia.

O piloto português Miguel Oliveira (KTM) admitiu que tinha "potencial para mais", após terminar o Grande Prémio da Comunidade Valenciana, última prova da temporada, na quinta posição. Uma corrida que marcou a despedida do piloto luso da equipa KTM.

"É um momento emotivo. É uma despedida de vários anos de colaboração com a KTM, de muitas conquistas, de muitas emoções partilhadas, boas e más, mas o nosso desporto é assim mesmo. Não deixei nenhuma gota de suor por gastar", disse Miguel Oliveira, em declarações à Sport TV.

O piloto natural de Almada termina a ligação de sete anos com a marca austríaca, marcada por "altos e baixos".

"Às vezes fiquei aquém daquilo que sei que sou capaz de fazer, tal como hoje, mas saindo de 14.º...", apontou.

Miguel Oliveira concluiu o campeonato na 10.ª posição.

"Neste grupo tão de elite, com a mota que tivemos, com os altos e baixos, o 10.º lugar não é mau", sublinhou.

O piloto português explicou, ainda, que no início da corrida sentiu problemas com o pneu dianteiro.

"O quinto lugar de hoje dá aquela sensação que já sabíamos, que íamos ter potencial para mais. Até oito voltas do fim andei com a pressão demasiado alta no pneu dianteiro. É praticamente impossível ultrapassar assim e estive quase a cair diversas vezes", frisou.

A concluir, Miguel Oliveira revelou que "os chefes todos estão a dizer que em breve" vai regressar à KTM.

"Para já, à meia-noite, o meu foco já muda e estou muito entusiasmado com o que aí vem", concluiu.

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