FIFA quer controlar discursos e dá manual para respostas

Órgão máximo do futebol entregou um memorando aos cinco candidatos para evitar mais polémicas. Gianni Infantino, um dos principais favoritos, diz que não seguirá os conselhos
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Nem nas últimas horas que antecedem as eleições de hoje na FIFA as polémicas em redor do órgão máximo do futebol mundial parecem desvanecer-se. A última dá conta do pedido que a entidade fez aos cinco candidatos para que disponibilizassem os respetivos discursos de vitória e também a entrega de uma minuta na qual são aconselhadas algumas respostas a determinadas perguntas que possam ser feitas aos candidatos durante a cerimónia que antecede a votação e após o discurso final do vencedor.

Todos os candidatos tiveram uma última reunião com a FIFA na quarta-feira, altura em que lhes foram transmitidas estas indicações. O órgão aconselhou-se com advogados norte-americanos (é a procuradora-geral dos EUA que está encarregada da investigação em curso à corrupção dentro da FIFA, e que, entre outros, levou ao afastamento de Joseph Blatter e do presidente da UEFA Michel Platini) e com consultores de comunicação daquele país, de forma, segundo a FIFA, a dar uma nova imagem à entidade.

"A FIFA está empenhada em cooperar com as investigações em curso. Este processo é essencial para restaurar a reputação da organização, pelo que estas medidas que pedimos têm por base criar uma nova imagem. Conceder os discursos em eventos importantes da FIFA será uma medida standard e considerada uma boa prática", lê--se no e-mail recebido pelos cinco candidatos.

No memorando entregue aos candidatos estão também mais de 40 respostas a possíveis questões que possam vir a ser colocadas durante as conferências de imprensa. Por exemplo, a uma pergunta sobre "mudar a imagem da FIFA" após estas eleições, a resposta a dar dever ser: "O papel do novo presidente será estratégico e funcionará como embaixador da FIFA, não será mais um papel executivo."

Numa outra secção das respostas aconselhadas, nomeadamente sobre a polémica em torno da atribuição dos Campeonatos do Mundo de 2018 e 2022 a Rússia e Qatar, respetivamente, os candidatos não poderão dar a entender que os países anfitriões poderão vir ainda a perder a candidatura.

Evidentemente que o tema Blatter, que foi afastado da presidência da FIFA por alegados casos de corrupção, também foi mencionado nas respostas a dar pelos candidatos. O vencedor é aconselhado a falar de forma curta e respeitosa sobre o dirigente suíço, ainda que possa recordar também a suspensão de oito anos a que foi sujeito. Ainda assim, será "agradável" que se possa salientar que Joseph Blatter "poderá assistir a jogos nos estádios como um adepto".

Gianni Infantino, um dos principais candidatos à vitória, juntamente com o xeque Salman bin Ebrahim al-Khalifa, foi o único que reagiu a estas indicações da FIFA, salientado que não as seguirá.

"Qualquer pessoa ou entidade pode sugerir o que entender, mas eu direi aquilo que também entender. Eu sou dono de mim próprio. Sempre fui assim. Se for eleito estarei à frente de todos, sem qualquer medo e direi o que penso e aquilo que acho que deve ser feito pela FIFA e pelo futebol mundial", salientou o candidato apoiado, entre outros, pela Federação Portuguesa de Futebol.

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