Federação alemã vai levar FIFA a tribunal e jogadores protestam em campo
A polémica à volta das braçadeiras de capitão no Mundial 2022 parece estar longe de terminar. Depois de a FIFA ter ameaçado com sanções desportivas aos capitães que envergassem a braçadeira One Love (que simboliza a luta contra a discriminação), a Federação Alemã de Futebol (DFB) ameaçou que vai levar a FIFA a tribunal.
A notícia é avançada esta quarta-feira pelo jornal Bild, que cita fonte da DFB, acrescentando que, se se confirmar, a ação será posta no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD).
A posição da federação alemã foi reforçada, entretanto, antes do início do jogo com o Japão esta quarta-feira, quando os jogadores posaram para a fotografia com a mão a tapar a boca. Uma resposta ao facto também de o capitão Manuel Neuer não ter sido autorizado a envergar a braçadeira One Love.
Em publicação na conta oficial de Twitter da DFB, é explicada a posição tomada pelos futebolistas antes do início da partida. "Com a nossa braçadeira de capitão quisemos dar o exemplo pelos valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo", pode ler-se na publicação onde é deixado um esclarecimento importante: "Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis." "Nem devia ser preciso dizê-lo. Mas infelizmente isso ainda não é possível. É por isso que esta mensagem é tão importante para nós. Negar-nos a braçadeira é como tapar as nossas bocas. A nossa postura permanece", acrescenta a federação alemã.
Refira-se que e possibilidade de avançar para os tribunais já tinha sido deixada em aberto por responsáveis alemães na passada segunda-feira, dia em que a FIFA ameaçou punir com sanções desportivas os capitães de equipa que entrassem em campo com as braçadeiras desta campanha.
"A FIFA proibiu-nos de fazer um sinal a favor da diversidade e dos direitos humanos. Combinou isto com ameaças maciças de sanções desportivas sem as especificar. A DFB está a examinar se esta ação da FIFA foi lícita", referiu Steffen Simon, porta-voz da DFB. A decisão foi ainda saudada pelo ex-presidente da federação alemã, Theo Zwanziger, que se mostrou "contente" com a decisão da DFB em mover esta ação.
Segundo as regras da FIFA, as equipas estão proibidas de apresentar os seus próprios desenhos de braçadeiras para o Mundial e especificam que devem usar equipamentos fornecidos pelo órgão regulador. As braçadeiras são o mais recente campo de batalha para os jogadores divulgarem mensagens políticas relacionadas com o Mundial no Qatar, onde a homossexualidade é ilegal e a violação dos direitos humanos uma prática constante.