Campeão à beira de um ataque de nervos salva um ponto no fim
Depois da derrota europeia, um empate interno. Esta não foi uma boa semana para o campeão FC Porto, que este sábado foi travado pelo Estoril na Liga, num jogo com tudo: golos válidos e anulados, um penálti, bolas nos ferros, uma expulsão e a compensação que se prolongou durante mais de dez minutos, devido ao lance que resultou no golo da igualdade dos dragões e que vai, seguramente, alimentar (mais) uma semana de polémica. Para a história fica o 1-1 final, que premiou a excelente primeira parte dos canários e a forte reação dos dragões no segundo tempo, só travada pela muralha montada pelos homens da casa.
Num terreno onde, na época passada, a equipa arrancou definitivamente rumo à conquista do título, com uma reviravolta nos últimos dez minutos da partida, como Sérgio Conceição vaticinou na habitual roda da equipa no final do jogo, o técnico portista não teve pejo em mexer no onze que baqueou estrondosamente perante o Club Brugge. Saíram João Mário, Pepe, Otávio (por lesão) e Galeno e entraram o filho Rodrigo (estreia a titular), Fábio Cardoso, André Franco (que curiosamente marcara um dos golos dos canários em janeiro) e Taremi (ausente por castigo no desafio europeu). O Estoril, completamente reformulado em relação à época passada, fez alinhar um conjunto quase idêntico ao que triunfou em Vizela na jornada anterior. Nélson Veríssimo (que perdera os três jogos anteriores com o seu homólogo portista) trocou apenas um médio, com Mor Ndiaye a surgir no lugar então ocupado por Rosier.
A tarde estava quente e as bancadas bem compostas, quando Luís Godinho apitou para o pontapé de saída e as duas equipas se entregaram a uns primeiros minutos dinâmicos, com o FC Porto a pressionar em todas as zonas do campo e o Estoril a responder bem. Com Pepê a surgir tanto à esquerda como atrás dos avançados portistas, a equipa da casa começou a colocar água na fervura, levando o jogo para o lado que mais lhe interessava. Menos intenso, escondendo a bola do adversário ferido o maior tempo possível, acabaram por lhe pertencer todas as oportunidades de golo no primeiro tempo. Primeiro coube a Rodrigo Martins, desmarcado por Erison, rematar de fora da área rente ao poste esquerdo de Diogo Costa (21'); depois o guarda-redes dos dragões opôs-se com valentia a um remate do possante avançado brasileiro, vendo Tiago Gouveia rematar ao poste na recarga (29'); a seguir, foi o extremo emprestado pelo Benfica a fazer um slalom espetacular por entre a defesa azul e branca, concluindo o lance com um remate de ângulo apertado que Diogo Costa conseguiu segurar (31'). Esta sucessão de lances acordou o FC Porto, que conseguiu marcar duas vezes seguidas mas ambos os lances foram por fora-de-jogo.
Mas o golo acabou mesmo por aparecer e para os canários. Um lançamento longo de Joãozinho para a direita permitiu a Tiago Gouveia, já mais que uma das revelações desta Liga, receber nas costas de Zaidu. A excelente receção orientada deixou a bola em boa posição e o remate que se seguiu, novamente de ângulo apertado, só parou no fundo da baliza de Diogo Costa, apesar deste ainda ter tocado na bola (41'). Estava feito o 1-0 e o intervalo chegou com o resultado a premiar a equipa que melhor soube procurar a vantagem.
Na segunda parte, foi quase tudo diferente. O FC Porto entrou a todo o gás e Evanilson criou logo uma boa hipótese. Aos 51 minutos, um tiro de Taremi acertou na trave, pouco antes do Estoril chegar pela última vez com perigo à baliza dos visitantes: um passe fabuloso de Rodrigo Martins deixou Geraldes na cara de Diogo Costa, mas o desvio do médio foi travado pelos pés do guarda-redes (55'). Daí até ao fim foi uma verdadeira avalanche de futebol atacante do FC Porto. Sérgio Conceição voltou a jogar as fichas todas no ataque e a equipa criou mais uma mão cheia de chances claras de golo, incluindo outra bola no ferro: uma cabeçada de Veron na sequência de um livre lateral só parou no poste esquerdo. Perto do final, já em período de compensação e quando o Estoril já jogava com dez por expulsão de Mor Ndiaye, lá surgiu a inevitável polémica, na sequência de mais uma série de ressaltos na área estorilista: Joãozinho desviou a bola com o braço (indiscutível) mas o assistente de Godinho assinalou fora de jogo. Após longa consulta ao VAR para determinar a posição de Namaso, o árbitro alentejano acabou por assinalar o pontapé de penálti que Taremi não desperdiçou, estabelecendo o 1-1 final.