"Vergonha". Fãs e futebolistas como Bruno Fernandes contra a Superliga Europeia

Adeptos de clubes ingleses condenam a ideia da prova europeia com os clubes mais ricos. Bruno Fernandes foi o primeiro jogador de um dos clubes envolvidos a mostrar-se crítico para com a Superliga.
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"Criado pelos pobres, roubado pelos ricos." Uma vez mais esta frase voltou a ser lida, desta vez num cartaz em Old Trafford, o estádio do Manchester United. Alguns adeptos juntaram-se em protesto para com os planos das administrações de 12 clubes ingleses, espanhóis e italianos de criarem a Superliga Europeia. O mesmo aconteceu em Anfield, casa do Liverpool, com cartazes pretos com as palavras de ordem "Vergonha. RIP Liverpool" e "Adeptos do Liverpool contra a Superliga Europeia".

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Enquanto comentadores como Gary Lineker apelavam a uma reação dos adeptos contra este "esquema de pirâmide antifutebol" alguns jogadores também começaram a reagir, caso de Ander Herrera, do PSG, ou de Podence, do Wolves. A mensagem do jogador português no Instagram recebeu um comentário de Bruno Fernandes: "Os sonhos não podem ser comprados."

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Com o financiamento garantido pelo banco de investimento norte-americano JP Morgan, os clubes fundadores irão partilhar um bolo de 3,5 mil milhões de euros para investimento em infraestruturas e para compensar as perdas resultantes da pandemia. Os clubes esperam ainda receber mais 10 mil milhões de euros em "pagamentos de solidariedade" ao longo da vida do compromisso inicial, muito mais do que a Liga dos Campeões pode oferecer.

No entanto, o modelo apresentado, que não se baseia no mérito nem na progressão, apenas na exclusividade da pertença ao grupo fundador, tem sido duramente criticado pelos adeptos e um sem número de pessoas ligadas ao futebol.

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À porta do estádio do Totenham não foi só o despedimento de José Mourinho o tema de conversa. Maddie Watson, de 16 anos, disse que se sentia "traída" porque os decisores "não pensam nos adeptos". "É repugnante fazê-lo numa pandemia quando as pessoas estão a perder tanto dinheiro e estão a fazer esta Superliga apenas para ganhar mais dinheiro."

Já Tim Payton, membro da direção da associação de adeptos Arsenal Supporters Trust, disse à AFP que a Superliga será "a morte do futebol", indo contra os ideais de "competição desportiva e qualificação por mérito". "Precisamos que a Associação de Futebol e a Premier League sejam firmes com estes clubes", disse. "Expulse-os, não os deixem jogar."

Os adeptos do Chelsea, outro clube londrino que anunciou a participação na Superliga, prometem manifestar-se amanhã em Stamford Bridge, antes do jogo com o Brighton. "Os nossos membros e adeptos de futebol em todo o mundo sofreram a maior das traições", comunicou a associação de fãs dos blues.

"Esta proposta de nova competição não tem mérito desportivo e parece ser motivada pela ganância", sentenciaram os adeptos do Manchester City.

Em declarações na Câmara dos Comuns, o ministro inglês da Cultura e do Desporto Oliver Dowden disse que o governo "tudo fará para proteger o jogo nacional" e também se manifestou muito crítico em relação ao projeto. "Não vamos ficar de braços cruzados a ver o futebol ser despojado das coisas que fazem milhões de pessoas em todo o país adorá-lo."

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