Ex-jogador dos All Blacks diagnosticado com demência aos 41 anos
O antigo jogador da seleção de rugby da Nova Zelândia, Carl Hayman, revelou esta quarta-feira que tem demência de início precoce, aos 41 anos, e que se juntou a uma ação judicial por concussão lançada por antigos atletas contra as autoridades da modalidade.
Hayman, que somou 45 internacionalizações e jogou em clubes europeus, disse que procurou orientação médica depois de experienciar perda de memória, confusão e pensamentos suicidas.
"Passei vários anos a pensar que estava a enlouquecer, em determinado ponto foi isso que realmente pensei", disse ao portal desportivo neozelandês The Bounce.
"Eram as constantes dores de cabeça e todas essas coisas a acontecer que eu não conseguia entender", acrescentou.
Hayman disse que os exames mostraram que ele tinha demência de início precoce e provável encefalopatia traumática crónica, uma doença neurodegenerativa.
Este diagnóstico levou-o a juntar-se a um processo movido por ex-jogadores afetados por doenças semelhantes contra as mais altas instâncias da modalidade.
A base da alegação dos jogadores é que a World Rugby e as outras autoridades falharam em fornecer proteção suficiente quando os riscos de concussão e lesões subconscussivas eram "conhecidos e previsíveis".
Hayman diz que uma das rações para se juntar ao processo é forçar mudanças fundamentais nas leis de jogo para minimizar o risco de ferimentos na cabeça. "Espero que os jogadores do futuro não caiam na mesma armadilha que eu, que não sejam tratados como um objeto e que sejam tratados melhor", vincou.
"Esses jovens aspirantes a jogadores precisam de saber no que se estão a meter e é necessário haver mais apoio e monitorização de lesões na cabeça e cargas de trabalho", aditou.
O antigo atleta dos All Blacks, tricampeão europeu ao serviço dos franceses do Toulon, retirou-se em 2015, tendo a sua retirada coincidido com o início de problemas como abuso de álcool, ansiedade, raiva e uma condenação por violência doméstica em 2019 contra a sua ex-mulher. "Eu estava num lugar profundo e escuro e infelizmente terei que carregar isso comigo para sempre", explicou.
As concussões tornaram-se um grande problema no desporto, tendo sido aberto um processo semelhante contra a liga inglesa de rugby no mês passado. Já as autoridades americanas estão a pagar indemnizações de centenas de milhões de dólares a jogadores lesionados.
As preocupações com as pancadas na cabeça no futebol americano e no críquete melhoraram as medidas de proteção e os protocolos de concussão, embora os críticos digam que se possa ir além do que já está regulamentado.
A World Rugby disse que não foi contactada por Hayman e que por isso não pode comentar a ação legal que foi movida contra a entidade, mas salientou que o "bem-estar do jogador é a prioridade da modalidade".