A queniana Ruth Chepngetich ficou na posse da melhor marca mundial da maratona (2:09:56).
A queniana Ruth Chepngetich ficou na posse da melhor marca mundial da maratona (2:09:56).

Evolução do recorde da maratona é maior entre as mulheres

Queniana Ruth Chepngetich fez melhor marca mundial este fim de semana em Chicago (2:09:56), uma diferença de hora e meia em relação ao primeiro recorde datado de 1926. Nos homens a diferença, em mais de 100 anos de provas, não chega a uma hora.
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A primeira marca da história da maratona atribuída a uma mulher remonta a setembro de 1918, quando a francesa Marie-Louise Ledru correu os 42,195 km em 5.40 horas. Mas o primeiro tempo reconhecido oficialmente aconteceu só em outubro de 1926, obra da inglesa Violet Piercy, que completou a distância em 3:40:22 horas.

Cerca de um século e muitos Recordes do Mundo depois, no último domingo a queniana Ruth Chepngetich ficou na posse da melhor marca mundial da maratona (2:09:56), em Chicago, provando que entre mulheres a evolução dos tempos na prova de fundo têm sido mais significativos do que nos masculinos.

Senão vejamos. O tempo de Violet Piercy, em 98 anos, foi melhorado em cerca de 1.30 horas com a recente melhor marca mundial alcançada por Chepngetich. Já em masculinos a evolução é muito menor, apesar de as marcas serem batidas mais vezes.

A primeira marca oficialmente registada entre homens pela IAAF remonta aos Jogos Olímpicos de 1908, em Londres, quando o norte-americano John Joseph Hayes terminou a prova em 2:55:18 horas. O atual Recorde Mundial pertence ao queniano Kelvin Kiptum, que há um ano, em Chicago, fez 2:00:35 horas. Ou seja, retirou quase 55 minutos ao tempo de Hayes em 116 anos. Kiptum faleceu em fevereiro, vítima de um acidente de viação.

Se tivermos como ponto de análise só este século, verifica-se que, mesmo com o avanço da tecnologia a nível de sapatilhas e equipamentos, e também nos métodos de treino, a melhoria nos tempos não foi muito significativa.

Entre as mulheres, e no espaço de 22 anos, foi possível cortar mais de sete minutos ao Recorde Mundial, comparando a marca de Paula Radcliffe em outubro de 2022 (2:17.18), também em Chicago, com o novo recorde estabelecido por Ruth Chepngetich no domingo, no mesmo local (2:09:56).

Nos homens a diferença é ainda menor. A primeira melhor marca desde milénio foi alcançada pelo marroquino Khalid Khannouchi em abril de 2002, em Londres (2:05:38). Ou seja, mais cinco minutos do que o atual Recorde Mundial de Kiptum (2:00:35).

Radcliffe durou 16 anos

Ao terminar no domingo a Maratona de Chicago em 2:09.55 horas, Ruth Chepngetich retirou quase dois minutos ao anterior Recorde Mundial, fixado em 02:11.53, em 24 de setembro de 2023, na Maratona de Berlim, pela etíope Tigist Assefa. Refira-se ainda que em femininos, o Recorde Mundial da Maratona chegou a estar 16 anos na posse da inglesa Paula Radcliffe, que em abril de 2003 alcançou a marca de 2:15:25 horas. Um recorde que durou até Brigid Kosgei o quebrar em 2019, melhorando o tempo para 2:14:04.

Em masculinos, o grande objetivo é baixar a barreira das duas horas. Um feito já alcançado pelo fundista queniano Eliud Kipchoge, que a 12 de outubro de 2019, num evento em Viena, na Áustria, se tornou o primeiro homem na História a percorrer os 42,195 km abaixo das duas horas, com o tempo de 1:59:40. 

A marca, porém, não foi reconhecida oficialmente por ter sido alcançada numa corrida atípica com condições controladas, com lebres a ajudarem-no, entre eles os irmãos noruegueses Ingebrigtsen, além de ter contado com a ajuda de um carro a abrir-lhe caminho.

Portugal venceu duas medalhas olímpicas na maratona. Em agosto de 1984, Carlos Lopes foi Ouro com o tempo de 2:09:21 horas, marca que foi Recorde Olímpico durante mais de 20 anos. Quatro anos depois, em Seul, foi a vez de Rosa Mota (também Bronze em 1984) brilhar e conquistar o metal mais precioso com a marca de 2:25:40.

nuno.fernandes@dn.pt

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