"Estou contente por ter conseguido o principal objetivo: continuar no European Tour"

No ano de estreia no principal circuito europeu, Melo Gouveia garantiu o cartão para a próxima época com antecedência, mesmo sem estar ao melhor nível. A passar por mudanças técnicas no seu jogo, diz que um top 10 em Vilamoura, no Portugal Masters que começa 5.ª feira, seria um bom resultado. E espera festejar em 2017 a primeira vitória no European Tour
Publicado a
Atualizado a

É bom "voltar a casa" na ponta final de um ano exigente de estreia no European Tour?

Sim, sem dúvida. É um torneio muito especial para nós portugueses, num campo que todos conhecemos muito bem e com o carinho do público português.

No ano passado disse que o objetivo era ganhar o torneio (ficou em 31.º). Para este ano, quais as expectativas e objetivos? Um top 10 ou pelo menos melhor do que o 16.º de Ricardo Santos em 2012?

Um top 10 seria excelente, visto que estou a ultrapassar uma fase menos boa devido a mudanças técnicas que necessitava de fazer.

Como é que chega o seu jogo a este Portugal Masters?

Está a melhorar devagarinho, mas devido a essas mudanças técnicas que tive de fazer os resultados ultimamente não têm sido os melhores. Acredito que, depois de uma boa semana de treinos aqui em Londres, o facto de jogar em casa pode ser uma ajuda muito grande para conseguir uma boa semana.

Que lhe parece o field deste ano? Consegue apontar um favorito? O belga Thomas Pieters, que foi o jogador que mais pontuou na recente Ryder Cup?

É sempre um bom field, com bons jogadores. Eu acho que no golfe não há favoritos, pois, como se vê, é raro haver jogadores que vencem quase todas as semanas, como noutros desportos. Mas se tivesse de apontar um seria o Thomas Pieters, sim.

Vai fazer mais algum torneio depois do Portugal Masters ou acaba aqui o ano?

Se tiver uma semana muito boa consigo qualificar-me para o primeiro torneio da Final Series na Turquia, senão a época deste ano acaba para mim. Mas ainda tenho alguns torneios como a World Cup e um torneio em dezembro, na Austrália, que conta já para a próxima época.

Como foi o embate com a realidade do European Tour? Mais ou menos difícil do que estava à espera?

Sabia que ia ser algo diferente do Challenge Tour, mais a nível da preparação e dificuldade dos campos do que outra coisa, mas o meu jogo não esteve tão regular como no ano passado. Estou contente por ter conseguido o meu principal objetivo, que era assegurar o cartão, visto que o jogo não estava a 100%.

Passou o cut em 14 dos 24 torneios que disputou este ano. Dois top 10, dois top 20. Não parece um mau balanço para um rookie. É um início de carreira animador no European Tour?

Sim, não foi mau, mas tinha expectativas mais altas depois de uma época tão boa como a do ano passado. Fazem parte da evolução estes anos menos bons. O importante é conseguir sempre algo positivo, mesmo quando não se está ao melhor nível, e este ano foi garantir o acesso à próxima época.

Foi por isso que escreveu nas redes sociais que "importante é como enfrentamos as pedras no caminho", após falhar um cut no Italian Open?

Sim, este ano foi um ano bem mais difícil do que o ano passado, pois tem havido muitos altos e baixos. Mas já vinha preparado mentalmente para encontrar algumas dificuldades e por isso encarei esses problemas de uma forma mais positiva e relaxada.

Teve um arranque do ano bem sucedido, com um top 20 e um top 10 nos primeiros quatro torneios. Depois entrou num período mais irregular. Percebeu porquê? Que explicações encontrou no seu jogo?

Não estava a bater bem na bola, e esse é o meu ponto forte, simplesmente isso.

Em que momento se sentiu mais realizado neste primeiro ano?

Quando acabei o torneio na Dinamarca e percebi que tinha assegurado o cartão do European Tour para o próximo ano.

E o mais difícil, que o fez duvidar?

Alguns torneios em que estive muito abaixo do meu nível.

Que aspetos do jogo sente que precisa de elevar para competir com os melhores no European Tour?

Os shots de 120 metros para dentro e melhorar o meu jogo curto.

E em termos físicos, o European Tour obrigou a alterar alguns hábitos de treino?

Não, isso já os tinha antes de entrar no European Tour.

Esteve no regresso do golfe aos Jogos Olímpicos. Gostou da experiência? Faz sentido o golfe como desporto olímpico?

Adorei. Apesar de não ter estado ao meu melhor nível naqueles últimos dias, foi uma experiência ótima conviver com vários atletas de outros desportos.

Não foi, no entanto, a semana mais feliz em termos de resultado. Representar o país num evento destes é uma pressão acrescida?

Sim, representar as cores nacionais é uma pressão acrescida, mas faz parte e temos de saber lidar com isso.

O primeiro ano num circuito com algumas das principais estrelas da modalidade deve proporcionar episódios marcantes também no relacionamento com alguns desses jogadores que até há pouco poderiam parecer distantes. Quem gostou mais de conhecer e o impressionou mais?

Joguei com o Ernie Els e com o Sergio Garcia e surpreenderam-me pela positiva. São pessoas muito simpáticas e humildes e fizeram-me sentir bem. Foram aqueles com quem mais gostei de jogar.

E alguém o impressionou pela negativa?

Não, ninguém.

Depois de ter tido vários caddies ao longo dos anos, entre eles o seu pai, este ano teve o inglês Nick Mumford ao seu lado. Como correu a parceria? É para continuar?

Correu bastante bem, o Nick é uma pessoa muito experiente e ajudou-me muito neste primeiro ano. Da minha parte é para continuar e penso que da parte dele também.

O Ricardo é geralmente bastante otimista e ambicioso no discurso, mesmo quando o jogo não lhe está a sair da melhor forma. Manter as expectativas elevadas é uma necessidade para evoluir?

Sou uma pessoa positiva por norma e quando sinto que estou a jogar ao meu melhor nível penso que tenho hipóteses de ganhar torneios. Há alturas em que é importante ter expectativas altas, outras em que é melhor deixar as coisas acontecerem naturalmente.

Já disse que quer chegar a n.º 1 do mundo. O primeiro ano no European Tour reforçou ou abalou de alguma forma esse sonho?

Bom, piorei no ranking mundial desde o início do ano passado, mas isso é normal, pois não estive num bom nível este ano.

E já tem algum objetivo definido para 2017?

Gostava de conseguir a minha primeira vitória no European Tour.

E jogar um major? Qual gostaria de jogar primeiro?

Qualquer um. Começando pelo Masters, que é o primeiro todos os anos.

Este foi ano de os EUA vencerem a Ryder Cup, após oito anos. Vê-se a fazer parte da seleção europeia para tentar recuperar o troféu já em 2018?

É um dos meus objetivos, estar na equipa europeia daqui a dois anos. Mas cada coisa a seu tempo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt