Djokovic prestou informações falsas à chegada à Austrália
O tenista Novak Djokovic, que continua sob ameaça de deportação a menos de uma semana do início do Open da Austrália, viajou da Sérvia para a Espanha em fins de dezembro, contrariamente ao que declarou às autoridades australianas.
O líder do ranking mundial respondeu "não" à pergunta sobre se tinha viajado nos 14 dias anteriores ao voo para a Austrália, num formulário de saúde para entrar no país, quando as suas redes sociais e notícias nos media internacionais mostram precisamente o contrário.
Em várias publicações constata-se que Djokovic viajou para Marbelha no final de dezembro de 2021 e, depois, ainda foi visto em eventos públicos em Belgrado, quando partiu para a Austrália, a 4 de janeiro, o que dá novo argumento ao governo australiano no diferendo que têm mantido. "Fazer uma declaração falsa ou enganosa constitui uma ofensa grave", alerta o documento de entrada na Austrália, preenchido pelo sérvio.
Depois de ter visto um tribunal de Melbourne dar-lhe razão, ordenando a sua libertação e entrada no país, esta informação errada pode enfraquecer a posição de Djokovic, numa altura em que o ministro da Imigração australiano, Alex Hawke, ainda está a analisar a possibilidade de cancelar o visto novamente, um poder que a lei lhe atribui.
Após aterrar em território australiano, as autoridades de imigração revogaram o visto por, alegadamente, não ter cumprido os requisitos de entrada, que procuram prevenir a propagação da covid-19 no país, apesar de o tenista argumentar ter em sua posse uma isenção médica que lhe permitia fazê-lo. Como consequência, o tenista ficou isolado até segunda-feira num hotel destinado a requerentes de asilo em condições que a sua família denunciou como "desumanas".
A defesa de Djokovic, que se opõe à imunização obrigatória contra a covid-19, alega que o sérvio recebeu uma avaliação por correio eletrónico do Departamento de Assuntos Internos australiano, na qual se indicava que este era elegível para entrar no país sem quarentena, embora o Governo de Camberra argumentasse que tal não constituía uma garantia.
O juiz Anthony Kelly ordenou ao Governo australiano a libertação do atleta, a devolução do passaporte e bens pessoais do sérvio, bem como o pagamento das despesas legais de Djokovic, que poderá assim disputar o Open da Austrália, mas o governo admitiu recorrer.