Dez momentos dos mundiais

De despedida de Bolt ao recorde de medalhas de Alyson Felix, muitos episódios marcaram os Mundiais de atletismo, que acabaram ontem em Londres (Reino Unido).
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Uma despedida dura e inglória para Usain Bolt

Mais do que qualquer façanha épica, a imagem que fica para a história dos Mundiais de atletismo, que ontem acabaram em Londres, é a do esgar de dor de Usain Bolt, a mancar e ser passado por todos os rivais, na final de 4x100 metros. A despedida das pistas (oficializado ontem, numa comovente e circunspeta volta de honra, no encerramento do evento) foi dura e inglória para o melhor velocista de sempre, que já se ficara pelo bronze nos 100 m (vitória de Gay), antes do colapso na final de 4x100, ganha pelo Reino Unido. Após 10 anos de hegemonia, o relâmpago esgotou-se.

Faltou o duplo ouro ao adeus às pistas de Farah

O outro adeus às pistas destes Mundiais também teve o seu momento de amargura. Mo Farah, que se vai dedicar apenas às provas de estrada, conseguiu despedir-se como tricampeão mundial de 10000 metros mas falhou a revalidação (seria o tetra) nos 5000, ao ser suplantado pelo etíope Muktar Edris.

Nem dobradinhas nem feitos sobre-humanos

Como Mo Farah, falharam em Londres todos os atletas que tentaram alcançar dobradinhas e outros feitos sobre-humanos (o único recorde mundial foi o de Inês Henriques). Os sonhos ambiociosos de Almaz Ayana (ouro nos 10000 metros, prata nos 5000) Caster Semenya (ouro nos 800 m, bronze nos 1500) e Wayde van Niekerk (ouro nos 400 m, prata nos 200), de juntarem vitórias em duas provas individuais, também ruíram nos últimos dias.

Guliyev no topo dos 200 m, a prova de todas as surpresas

A deceção do sul-africano van Niekerk foi apenas um dos ingredientes de uma competição de 200 metros carregada de surpresas. Após o flop da Jamaica (sem atletas na final, pela primeira vez desde 2003) e a epopeia de Isaac Makwala (faltou às eliminatórias devido a uma gastroentrite e foi reintegrado depois de correr uma eliminatória sozinho em pista), deu-se a ascenção inesperada de Ramil Guliyev. O turco - de 27 anos e de origem azeri - conquistou o primeiro título mundial do país.

Karsten Warholm na galeria das vitórias improváveis

Como Guliyev, houve outras revelações nos Mundiais londrinos - da teenager bareinita Salwa Eid Naser (prata nos 400 m) ao outsider francês Pierre-Ambroise Bosse (primeiro europeu a levar o ouro nos 800 metros desde 2001). No entanto, na galeria das vitórias improváveis destacou-se a do norueguês Karsten Warholm, que ficou literalmente boquiaberto ao perceber que se sagrara campeão de 400 m barreiras.

Yulimar Rojas voou para o primeiro título à Venezuela

De todos os jovens que derrubaram velhas lendas das suas disciplinas (como fez Warholm, de 21 anos), nenhum triunfo foi tão icónico como o de Yulimar Rojas no triplo salto. A saltadora, de 21 anos, deu à Venezuela a primeira medalha de ouro em Mundiais de atletismo, um resultado histórico para um país em grave convulsão política. Rojas pôs fim à hegemonia da colombiana Caterine Ibargüen, que era bicampeã mundial.

Nova medalha para Évora, o esplendor de Portugal

Antes do final, com chave de ouro, na jornada de ontem (título e recorde mundial para Inês Henriques), já Nelson Évora mostrara o esplendor de Portugal em Londres, ao conquistar a medalha de bronze no triplo salto. O saltador luso, campeão mundial em 2007, 2.º em 2009 e 3.º em 2015, conquistou a sua quarta medalha em Mundiais (ao todo, Portugal leva 19 em 16 edições). Esse foi um dos pontos altos de uma campanha onde também Ana Cabecinha (6.ª nos 20 km marcha), Patrícia Mamona (9.ª no triplo salto) chegaram ao top10.

Lasitskene, campeã sem bandeira ou hino nacional

Dentro do top10 do medalheiro, com um ouro e cinco pratas, ficou o grupo de "atletas neutros" - russos autorizados a competir apesar da suspensão da sua federação (por uso sistemático de doping). E Mariya Lasitskene (outrora conhecida como Kuchina), vencedora do salto em altura, subiu ao lugar mais alto do pódio, sem direito a bandeira ou hino nacional (em vez disso, viu-se a bandeira e ouviu-se o hino da IAAF...).

Kevin Mayer converteu-se no novo "super-homem"

Anteontem, quase ao mesmo tempo que Lasitskene conquistava mais uma medalha dos "atletas neutros" (ganharam mais do que a Rússia em 2015), era conhecido o novo "super-homem", Kevin Mayer. Com 8768 pontos, o francês, de 25 anos, foi o grande vencedor da prova de decatlo, prova que ficara órfã do estado-unidense Ashton Eaton, que se retirou no início do ano, com o estatuto de bicampeão mundial e olímpico e detentor do recorde mundial. Agora, o trono é de Mayer.

E vão 16 medalhas para a recordista Alyson Felix

Quase a fechar o evento londrino, Alyson Felix, dos EUA, consolidou o seu lugar na histórica. A velocista, de 31 anos, juntou o ouro de 4x400 m, ao de 4x100 e ao bronze de 400 m, para se destacar como recordista de medalhas em Mundiais de atletismo: 16. Ao contrário de Bolt, Felix promete continuar.

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