A ginasta norte-americana Simon Biles é a estrela maior de Paris2024.
A ginasta norte-americana Simon Biles é a estrela maior de Paris2024.JAMIE SQUIRE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

De Simone Biles a Duplantis. Paris como confirmação de mais referências olímpicas

Maiores atenções viradas para a ginasta norte-americana que regressa após problema de saúde mental. Mas há tenistas, ciclistas e atletas de topo, a equipa de basquetebol dos EUA e muito mais para ver.
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Paris vai ser palco entre hoje e 11 de agosto da maior competição desportiva à escala mundial, numa edição que promete ser histórica não só pela logística, mas pelo número de atletas de topo com ambições a tornarem-se referências olímpicas como num passado recente foram Usain Bolt e Michael Phelps, que se despediram nos Jogos de 2016.

À cabeça da lista está Simone Biles. A ginasta norte-americana terá em Paris a oportunidade de mostrar que os traumas e fantasmas de Tóquio2020 são passado e que os problemas de saúde mental estão ultrapassados. Em Tóquio2020, depois de contribuir para a prata norte-americana por equipas, abdicou de outras provas, evocando problemas de natureza psicológica, e regressou só para competir na trave, onde ganhou o bronze. No total de JO tem sete medalhas, quatro de ouro, duas de prata e uma de bronze. Um pecúlio que deverá aumentar.

Biles, de 27 anos, esteve dois anos afastada da competição, dedicando-se a causas relacionadas com a saúde mental, e quando regressou mostrou que continua a ser uma atleta de excelência, com quatro ouros nos Mundiais de Antuérpia2023 e, já no início deste mês, nos trials dos EUA.

O sueco Armand Duplantis, 24 anos, também estará sob escrutínio, e irá tentar bater mais uma vez a marca mundial do salto com vara, ele que este ano a superou oito vezes (!), fixando o recorde em 6,24 metros. Considerado um fenómeno da modalidade que pratica desde os quatro anos, tem sido uma lenda no salto com vara desde que com 20 anos quebrou o recorde mundial duas vezes no espaço de uma semana. Foi medalha de ouro em Tóquio e tem tudo para repetir o êxito.

Armand Duplantis é uma lenda no salto com vara. Só este ano bateu oito vezes o recorde mundial.
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O Stade de France poderá ser ainda palco de outros momentos históricos, existindo expectativas em torno de Faith Kipyegon nos 1500 metros, depois de a queniana, bicampeã mundial e olímpica, ter melhorado este mês o recorde do mundo (3.49,04 minutos), em Paris, na Liga Diamante.

Kipyegon procura o terceiro título olímpico consecutivo tal como o compatriota Eliud Kipchoge, que tentará um feito único na história do olimpismo: ser o primeiro a ganhar três vezes seguidas a maratona.

Natação, ténis e LeBron

Nas muitas variantes da natação, onde vai estar em ação o português Diogo Ribeiro (ver páginas a seguir), também existem grandes esperanças em bons resultados e rivalidades que prometem, com a norte-americana Katie Ledecky a enfrentar o francês Léon Marchand e a australiana Ariarne Titmus pelo título de figura das piscinas em Paris2024.

Com sete títulos olímpicos, a rainha das distâncias longas, sobretudo dos 800 metros, em que é tricampeã em título, vai procurar ampliar o seu pecúlio de 10 medalhas, depois de, nos últimos dois anos, ter superado (21) o recorde de 15 ouros de Michael Phelps em Mundiais.

Mas há outros nadadores que procuram consolidar-se, caso de Léon Marchand, que nos Mundiais Fukuoka2023 bateu o recorde de Phelps nos 400 estilos, distância em que conquistou dois títulos mundiais, feito que repetiu nos 200 estilos - também foi campeão dos 200 mariposa.

Aos 22 anos, é já uma das estrelas do desporto de França e, em casa, tentará pôr um ponto final na seca gaulesa nas piscinas - desde Londres2012 que não ganham qualquer ouro.

Além de Marchand, outra jovem promete destacar-se: Ariarne Titmus. A australiana de 24 anos apresentou-se ao mundo em Tóquio2020, onde ganhou os 400 metros livres, com recorde mundial, e os 200, prova em que também é recordista planetária.

Nos desportos coletivos, e falando do basquetebol, estará em ação a equipa dos Estados Unidos, recheada de estrelas como LeBron James, Stephen Curry ou Kevin Durant. E no torneio de futebol estarão nomes como Julián Álvarez (Argentina), Michael Olise (França), Achraf Hakimi (Marrocos) e Pau Cubarsí (Espanha).

No ténis vai ser possível ver em ação Rafael Nadal, naquela que poderá ser a sua última aparição, e também Novak Djokovic e Carlos Alcaraz. E no ciclismo estarão presentes referências da modalidade, casos de Remco Evenepoel, Mathieu van der Poel, Primoz Roglic e Wout van Aert - Pogacar desistiu à última hora.

Já na prova dos 100 metros, uma das mais carismáticas e que teve durante anos Bolt como estrela maior, um dos principais favoritos é o norte-americano Noah Lyles, que também surge como principal protagonista nos 200 metros - foi campeão mundial das duas vertentes em 2023.

Recordes antigos por bater

Depois de no Rio2016 e em Tóquio2020 terem sido batidos, respetivamente, 65 e 67 recordes olímpicos, em Paris espera-se que este número continue a aumentar. E veremos se é desta que será batida a marca olímpica que dura há mais tempo.

Há 56 anos que muitos tentam, mas ninguém consegue superar o recorde olímpico (8,90 metros no México1968) do norte-americano Bob Beamon no salto em comprimento. Bob viu a marca ultrapassada por Mike Powell (atual recordista) no Mundial em Tóquio. Mas em JO ninguém o conseguiu.

Também no salto em altura o recorde olímpico dura desde Atlanta 1996, quando o americano Charles Austin pulou 2,39 metros. Também a melhor marca do triplo salto (18,09 metros) remonta a esse ano, obra do americano Kenny Harrison. E neste caso o atleta português Pedro Pichardo terá uma palavra a dizer.

Refira-se que na edição deste ano existem duas novas modalidades: o breaking (breakdance) e o caiaque cross, que integra a canoagem slalom.

Em Paris2024 há um cenário que parece certo: os EUA vão estender o domínio do quadro de medalhas global, numa altura em que nenhuma nação está à altura de contestar o domínio norte-americano e em que a Rússia estará ausente. 

Os EUA comandam o medalheiro com 1061 medalhas de ouro, 836 de prata e 739 de bronze, num total de 2636, mais do dobro do que a ex-União Soviética, ainda segunda, apesar de extinta, com 1010 medalhas (395 de ouro, 319 de prata e 296 de bronze) - nesta conta não entram as somadas pela Comunidade dos Estados Independentes, que dominou Barcelona1992.

Cerimónia de abertura para ficar na história

Há ainda muitos pormenores da cerimónia de abertura marcada para hoje (com início às 18h30 portuguesas e final às 22h30) que não são conhecidos, mas sabe-se que será um espetáculo grandioso, que marcará a história da competição, rodeado de fortes medidas de segurança, com cerca de 100 embarcações a transportarem no rio Sena os milhares de atletas de 205 países num percurso de seis quilómetros. 

Apesar de não ser oficial, foi noticiado nos últimos dias que o espetáculo musical vai unir num dueto histórico Céline Dion e Lady Gaga, que vão interpretar a icónica canção “La Vie En Rose”, de Edith Piaf. E o rapper norte-americano Snoop Dogg vai transportar a tocha olímpica.

Mais de 100 chefes de Estado e de Governo - Marcelo Rebelo de Sousa incluído - estarão presentes e mais de 300 mil pessoas vão poder assistir ao longo das margens do rio Sena. Haverá cerca de 80 ecrãs gigantes para que todos os detalhes da cerimónia possam ser vistos. O espetáculo será como “um grande fresco” para celebrar Paris, França e os Jogos, adiantou Thomas Jolly, diretor artístico da cerimónia, que será vista pela televisão por milhões de pessoas. A coreógrafa Maud Le Pladec prometeu que todas as pontes ao longo do percurso do desfile terão dançarinos.

O desfile dos barcos começa na ponte Austerlitz, junto ao Jardin des Plantes, e prossegue durante seis quilómetros ao longo do Sena, passando por pontes históricas e por marcos emblemáticos, como a Catedral de Notre-Dame e o Museu do Louvre. O ponto de chegada será a esplanada em frente à Torre Eiffel, onde serão realizados os protocolos oficiais, a pira olímpica será acesa, e os Jogos oficialmente declarados abertos.

Com agências
nuno.fernandes@dn.pt

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