Contas fechadas. Arte de Bruno leva Portugal para os oitavos-de-final
Já está. As contas estão fechadas. À segunda jornada, a seleção nacional garantiu o apuramento para os oitavos-de-final do Mundial 2022, graças a uma vitória, por 2-0, frente ao Uruguai, com um bis de Bruno Fernandes.
Esta foi apenas a segunda vez na história que a equipa das quinas conseguiu o apuramento ao segundo jogo de um Campeonato do Mundo, imitando o que conseguiu em 2006, quando ficou em quarto lugar. Agora, só falta garantir o primeiro lugar do grupo H, que à partida servirá para evitar defrontar o Brasil nos oitavos. E para isso até poderá perder com a Coreia do Sul, desde que, frente aos uruguaios, o Gana não recupere da desvantagem de três golos que tem na classificação.
Fernando Santos fez três mudanças em relação à vitória com o Gana, com Nuno Mendes no lugar de Raphaël Guerreiro, além das já previsíveis entradas de Pepe e William Carvalho para os lugares dos lesionados Danilo e Otávio. Já Diego Alonso, treinador uruguaio, mudou o sistema, passando de um 4x3x3 para um 3x5x2. O objetivo era claro: preencher melhor as zonas defensivas para bloquear os criativos da seleção nacional e depois apostar nas transições rápidas.
A prática mostrou isso mesmo, a seleção uruguaia procurava pressionar Pepe e Rúben Dias, mas também Rúben Neves, no início da construção, com a clara intenção de intimidar e provocar o erro. A pressão era tão forte que nos primeiros minutos sucederam-se as faltas e Bentancur viu mesmo um cartão amarelo. Perante as dificuldades na saída de bola, Bernardo Silva passou do lado direito para o centro do terreno, trocando com Bruno Fernandes. Depressa o jogo de Portugal ficou mais fluído. Com poucos espaços para chegar à área adversário, a aposta ia para os remates de longe, mas sem a pontaria necessária. Ficava a sensação de que era necessário mais velocidade na circulação da bola.
Aos 32 minutos, contra a tendência do domínio português, o Uruguai esteve muito perto de marcar, com Bentancur a avançar, à vontade, pelo centro do terreno perante a passividade dos jogadores nacionais, mas valeu Diogo Costa a defender aos pés do médio da Juventus. A partir desse momento, os sul-americanos começaram a acionar mais vezes a estratégia ofensiva que tinham preparado, beneficiando do facto de Rúben Neves chegar muitas vezes atrasado à disputa dos lances.
A única situação de algum perigo junto da baliza de Rochet - excetuando o cabeceamento de Bruno Fernandes em fora-de-jogo - foi quando Ronaldo ajeitou com o peito e tentou o remate em desequilíbrio já na pequena área. Má notícia para Portugal foi a lesão de Nuno Mendes, que estava a ser um dos melhores e deixou o campo em lágrimas. É certo que a equipa das quinas chegou ao intervalo com 60% de posse de bola, com mais remates (9 contra 4), mas era fundamental mais criatividade e velocidade para chegar ao golo.
A segunda parte começou acidentada, com a lesão de Rúben Neves devido a uma entrada dura de Matías Vecino e, depois, com a entrada em campo de um adepto exibindo uma bandeira LGBTQI+ e uma t-shirt com mensagens de respeito pelas mulheres no Irão e de apoio à Ucrânia.
Mas quando se voltou a poder jogar futebol, João Félix deu o mote com um remate às malhas laterais. Era o aviso para o que aconteceu logo a seguir. Bruno Fernandes cruzou, Ronaldo tentou o cabeceamento e a bola entrou na baliza. Portugal estava em vantagem num golo em que até a FIFA ficou com dúvidas sobre quem tinha marcado. As imagens esclareceram: CR7 não tocou na bola e Bruno Fernandes ficou com os louros.
O problema deste golo foi que a equipa recuou as linhas, apesar de Santos ordenar para defender mais à frente. O selecionador optou então por lançar Rafael Leão para o lugar de Rúben Neves para aproveitar o espaço nas costas da defesa uruguaia, mas à medida que o jogo se aproximava do fim, o Uruguai ia apertando a seleção, uma tendência que se acentuou com as entradas de Luis Suárez e Maxi Gómez. Entre os 75 e os 82 minutos foi um autêntico salve-se quem puder na área portuguesa: uma bola de Maxi ao poste, um remate perigoso de Suárez à malha lateral e uma defesa providencial de Diogo Costa perante De Arrascaeta faziam adivinhar o empate.
Foi então que Santos tomou uma decisão que acabou com o sufoco, com as entradas de Palhinha, Matheus Nunes e Gonçalo Ramos. A partir daí, Portugal passou a controlar o jogo com bola, voltando a aparecer com perigo na área contrária.
E foi numa troca de passes que surgiu a grande penalidade - mão de Giménez - quando Bruno Fernandes tentava isolar Bernardo Silva ou Gonçalo Ramos. Alertado pelo VAR, o árbitro mandou marcar penálti. Bruno Fernandes aproveitou para bisar. O médio até poderia ter voltado a marcar por duas vezes, mas Rochet e o poste negaram o terceiro golo à equipa das quinas, que ainda assim fez a festa do apuramento.
Depois das duas assistências no jogo com o Gana, agora resolveu o problema com dois golos: o primeiro até era suposto ser um cruzamento para Ronaldo e o segundo foi num penálti por si conquistado. O médio de 28 anos está em grande forma e não se cansa de procurar o golo, como provam os seis remates que fez, um deles ao poste.