Abraço entre Villas-Boas e Pinto da Costa, na entrega da Taça de Portugal ao museu, com Conceição atento.
Abraço entre Villas-Boas e Pinto da Costa, na entrega da Taça de Portugal ao museu, com Conceição atento.FC Porto

Conceição vai dizer que não fica, AVB já se despede com um “obrigado”

Treinador quer sair pela porta grande e acha que o seu ciclo de sete anos chegou ao fim. Villas-Boas ainda não tem ninguém contratado, mas há vários nomes referenciados.
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A decisão está tomada e só um volte face inesperado fará Sérgio Conceição mudar de ideias. O DN sabe que o treinador está de saída do FC Porto e o destino mais provável, nesta altura, será o Olympique Marselha, da liga francesa. Apesar de ainda estar prevista uma reunião entre o técnico e Villas-Boas para os próximos dias, também o novo líder portista parece convencido de que a separação é inevitável. Talvez por isso, esta segunda-feira, na cerimónia da entrega da Taça de Portugal ao museu, tenha falado em jeito de despedida.

“Uma palavra final ao mister Conceição, um obrigado por sete anos maravilhosos de vitórias e títulos. Uma palavra especial a si e um muito obrigado por tudo o que fez pelo FC Porto”, referiu Villas-Boas. Uma declaração selada com um abraço entre os dois e que é mais uma prova de que o adeus vai mesmo confirmar-se.

Após a final da Taça de Portugal, Conceição garantiu que tinha a decisão tomada e que a iria comunicar esta semana. Mas, nas entrelinhas, entre declarações avulso e em conferência de imprensa, falou numa “nova era para se preparar muita coisa”. E teve outras frases que cheiraram a despedida durante o balanço que fez dos seus sete anos no cargo. 

Uma coisa é certa. Não irá cobrar um centavo ao clube (até porque a decisão é sua), apesar de ter renovado o seu contrato por mais quatro temporadas dois dias antes das eleições, ainda com Pinto da Costa na presidência. Na altura essa cláusula ficou estipulada no acordo, e o próprio já referiu mais do que uma vez que não o faria, mesmo que a decisão de o dispensar partisse da SAD.

André Villas-Boas, que só esta terça-feira irá tomar posse como presidente da SAD, assim como os novos administradores, não tem ainda um treinador escolhido. O novo líder dos dragões sempre deu prioridade à continuidade de Sérgio Conceição, mas também ele foi tendo a perceção de que o cenário de saída seria o mais provável. E durante este período, apesar de não terem existido contactos formais com possíveis sucessores, foi sendo feito um trabalho de casa, existindo já neste momento um lote de técnicos referenciados pelo diretor despotivo Andoni Zubizarreta.

Já em relação a Sérgio Conceição, o clube mais interessado e que intensificou os contactos na semana passada é o Marselha, que terminou a liga francesa no oitavo lugar e que por isso não vai estar presente em nenhuma prova europeia da próxima época. Chegou a falar-se há uns tempos da hipótese AC Milan, mas o clube italiano está em negociações muito adiantadas com outro português, no caso Paulo Fonseca. O técnico, sabe o DN, tem também sido alvo de sondagens de clubes da Arábia Saudita e Qatar. Mas não pretende trabalhar nesses mercados emergentes.

Na prática, a saída de Conceição é uma decisão que agrada às duas partes. Ao treinador porque deixa o clube pela porta grande, com a conquista da Taça de Portugal, depois de sete anos onde ganhou 11 troféus - três campeonatos (2017-18, 2019-20 e 2021-22), quatro Taças de Portugal (2019-20, 2021-22, 2022-23 e 2023-24), três Supertaças (2018, 2020 e 2022) e uma Taça da Liga (2022-23).

E também a Villas-Boas, pois encerra o fim de uma era no FC Porto, com a entrada em funções de uma nova estrutura para o futebol que pretende romper completamente com o passado, mais moderna e profissional, e mais depedendente de um diretor desportivo (Zubizarreta), um espaço onde muito provavelmente Conceição perderia poderes e não seria do seu agrado.

Bicada de Pinto da Costa às arbitargens

O presidente portista, que esta terça-feira será ratificado como presidente da SAD, numa Assembleia Geral que irá marcar o adeus definitivo de Pinto da Costa ao FC Porto, esteve esta segunda-feira presente na cerimónia de entrega simbólica da Taça de Portugal ao museu do clube- E além de ter deixado palavras elogiosas para Conceição, tambem o fez com  Pinto da Costa. “Eu começo a ter memórias do FC Porto a partir dos 3/4 anos e estão intimamente ligadas a si, ao que me ofereceu enquanto adepto e sócio e serão um peso de responsabilidade e exigência para mim, para levar este clube no caminho das vitórias, no sentido da sustentabilidade e também da tanta glória que aqui deixou.”

Pinto da Costa também fez questão de discursar no adeus: “Estou muito grato a todos. Foram anos inesquecíveis para mim. Foram 42 anos, é mais tempo do que a maior parte da vida que vocês têm, mas dediquei-os ao FC Porto, a vós e estou muito contente porque acho que, sem exceção, com todos os que lidei, conquistei um amigo. No abraço que vou dar ao Sérgio, queria incluir todo o grupo de futebol, e ao abraço que darei ao André Villas-Boas, queria transmitir o voto de felicidades que todos nós desejamos para o FC Porto.”

O presidente que agora se despede deixou ainda uma bicada às arbitragens no balanço de uma época que considerou complicada: “Foi uma época muito difícil, de extrema dificuldade, por razões económicas, por atuação do que havia de maquiavélico nos nossos jogos com arbitragens inacreditáveis, com penáltis por marcar, outros marcados e revertidos, o que nunca se viu em mais clube nenhum, mas só a vossa força de vontade, capacidade e espírito de equipa é que conseguiu o que alcançámos e trazermos esta Taça para o Museu do FC Porto.”

nuno.fernandes@dn.pt

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