Determinado e emocionado. Foi assim que Bruno Lage surgiu esta quinta-feira na sala de imprensa do Benfica Campus para ser apresentado como sucessor de Roger Schmidt no comando técnico dos encarnados. Após assinado o contrato válido por duas épocas e de tudo ter sido comunicado à CMVM, o presidente Rui Costa surgiu ao lado do novo treinador e assumiu ser “um orgulho” apresentar alguém com quem trabalhou em 2018/19 e 2019/20. .“Foi uma escolha fácil e rápida, pois trata-se de alguém com o perfil necessário para dirigir a equipa neste momento”, acrescentou o líder dos encarnados, que piscou depois o olho aos adeptos: “Tenho a certeza absoluta que o Bruno terá todo o apoio dos benfiquistas. Que tenha o maior sucesso.”. Com a energia e a originalidade de sempre, Bruno Lage começou por garantir que regressa à Luz “com toda a determinação” e lembrou que hoje, dia em que vai orientar o primeiro treino, será um dia muito especial: “Faz 20 anos do dia em que aqui entrei pela primeira vez para treinar os meninos com apenas 10 anos.” O técnico de 48 anos deixou claro que o seu objetivo é implementar “o futebol que os adeptos gostam e viram durante vários anos: atrativo, dinâmico, ofensivo e com golos”. .E nesse sentido recordou o jogo de estreia na Luz, em 2019 com o Rio Ave. “O meu primeiro jogo foi muito isso. A paixão que se viveu, a envolvência que se viveu e aquilo que os adeptos deram aos jogadores. Estávamos a perder o jogo e foi essa união entre adeptos e jogadores que se deu a reconquista. Queremos um futebol ofensivo e voltar a conquistar os nossos adeptos”, disse determinado..A palavra união esteve sempre presente no discurso de Bruno Lage, que assumiu ter “uma vontade enorme de trazer de volta o sentimento de ser benfiquista”. “Independentemente do momento, é pelo Benfica que temos de nos unir, para fazermos um trabalho que será diário e de sacrifício, mas acredito que, com a união de todos, vamos chegar ao fim com sucesso”, sublinhou, ao mesmo tempo que foi dizendo que o seu primeiro passo no clube é “tirar o maior partido de toda a gente, da estrutura à qualidade que existe no plantel”. .E, com o entusiasmo que o caracteriza, deixou a certeza de que irá “dar tudo, com profissionalismo e trabalho diário, para colocar a equipa a jogar” bom futebol. “O que prometo é ganhar e jogar bem. Quero que sintam a energia com que chego”, atirou, antes de recordar as suas ideias sobre a formação da equipa: “A minha ideia é ter sempre plantéis curtos, competitivos e equilibrados. Sempre com dois atletas por posição e equilibrado do ponto de vista que me permita jogar de várias formas diferentes”, resumiu, destacando que os lote de futebolistas que tem à sua disposição corresponde às suas ideias: “É curto, competitivo internamente e que me permite ter soluções para jogar de três em três dias. Fez-se um excelente trabalho na construção deste plantel.”.Um dos temas abordados foi a saída do Benfica de jogadores como João Neves, David Neres e Marcos Leonardo, algo que Bruno Lage começou por abordar com uma pergunta: “Qual é o clube que nos últimos anos tem conseguido manter nos seus quadros os seus melhores atletas?” E, nesse sentido, preferiu olhar para a realidade que o espera: “O mais importante é olharmos para o plantel e sentirmos que está ajustado e é competitivo. Há decisões que têm de ser tomadas. Não estava cá, mas já vi muitos jogadores a darem esse passo. Saiu o João Félix com um título e saiu o João Neves com um título.”.“Diferença pontual não é significativa”.O atraso de cinco pontos para o líder Sporting na I Liga não algo que atemoriza Bruno Lage, que fez questão de lembrar “o passado recente” para dizer que “a diferença pontual para o primeiro lugar não é significativa”. “Temos de recuperar”, atirou, determinado, garantindo que não pensa no passado recente e das más experiências na segunda época de Wolverhampton e no Botafogo: “Não olho para o passado. Hoje sou diferente, chego com cabelos brancos, que me ajudam a ver as coisas à distância de forma diferente. As ações ficam, temos de olhar para elas, aprender e fazer um caminho de sucesso.”.As lágrimas também surgiram quando surgiu uma pergunta sobre os filhos. “É a coisa mais importante da minha vida. Pedi-lhes para terem orgulho no pai, nunca o levei ao museu porque nunca quis interferir com a vida diária do Benfica, mas queremos voltar a reconquistar títulos para este clube”, frisou, assegurando depois que a demora no anúncio do seu regresso à Luz deveu-se ao facto de os seus agentes não estarem no país..O primeiro dia da nova era de Bruno Lage no Benfica foi depois selado com um beijo na camisola encarnada e um abraço a Rui Costa. Esta sexta-feira recomeça o trabalho no Seixal, que deseja ter um desfecho diferente do que ditou o seu afastamento em 2020. “Sempre disse que esta era uma história que devia ter tido outro fim”, disse. O treinador de 48 anos tem agora a oportunidade de reescrevê-la..carlos.nogueira@dn.pt