Bruno Fernandes debaixo de fogo mas mantém braçadeira
A humilhação sofrida pelo Manchester United na última jornada da Premier League, na goleada por 7-0 imposta domingo pelo Liverpool em Anfield, fez de Bruno Fernandes uma espécie de bode expiatório, com a quase generalidade dos comentadores ingleses, todos antigos jogadores, a crucificarem o português pela sua atitude em campo. Muitos defenderam até que o treinador Ten Hag devia tirar-lhe a braçadeira de capitão.
De acordo com alguns jornais ingleses, o balneário do Manchester United pegou fogo após o jogo, com o treinador dos red devils furioso a "rasgar" os jogadores pela atitude que considerou pouco profissional.
Dois dos comentadores mais críticos foram Gary Neville e Roy Keane, históricos jogadores do Manchester United. "A linguagem corporal do Bruno Fernandes foi vergonhosa no jogo. É muito talentoso, é o capitão de equipa, tem muito talento, mas a linguagem corporal dele, a agitar os braços e sem correr...", atirou Roy Keane.
"Alguns comportamentos de Bruno Fernandes foram uma vergonha. Ele ficou parado no círculo central com os braços levantados na altura de uma substituição a perguntar porque não era ele a sair. Algum do seu comportamento na segunda parte foi uma desgraça. A segunda parte foi uma vergonha, uma confusão, sintetizada naquilo que foi o capitão Bruno Fernandes, uma vergonha", disse Gary Neville à Sky Sports.
Certo é que, de acordo com uma fonte citada por jornais ingleses, Bruno Fernandes vai manter-se como capitão, pois o treinador neerlandês continua a manter toda a confiança no médio português, ele que após o jogo também falou aos colegas no balneário, a pedir aos companheiros que é preciso reagir imediatamente à humilhação sofrida diante do Liverpool.
De acordo com a BBC, que cita também uma fonte do Manchester United, Bruno Fernandes nunca pediu para ser substituído perto do fim, aos 85", na vez de Rashford, como foi dito por alguns comentadores.
Foi igualmente noticiado que Bruno Fernandes poderia ser alvo de uma investigação e corria o risco de apanhar cinco jogos de castigo por ter empurrado um dos árbitros assistentes durante a partida. Esta situação, aliás, foi denunciada pelo ex-jogador Chris Sutton, na sua coluna no jornal Daily Mail: "Mais parecia uma criança petulante e o empurrão que deu no árbitro assistente devia resultar numa suspensão. Lembro-me que o Paolo Di Canio levou 11 jogos em 1998 e não discordaria se o Bruno Fernandes recebesse o mesmo castigo. Foi vergonhoso, embaraçoso."
Mas ainda de acordo com a BBC, o médio português não será alvo de qualquer castigo por parte da federação inglesa de futebol (FA). Isto porque de acordo com os regulamentos, só são investigadas situações que não são vistas pela equipa de arbitragem. E neste caso, o árbitro em causa nada terá mencionado no relatório.
A goleada sofrida pelo Manchester United em Anfield foi a mais volumosa do clube na liga inglesa em quase 100 anos. igualando os desaires contra o Blackburn (1926), Aston Villa (1930) e Wolverhampton (1931)
nuno.fernandes@dn.pt