Benfica SAD com lucros de 40,3 milhões de euros na primeira metade da época
A SAD do Benfica fechou o primeiro semestre da temporada com lucros de 40,3 milhões de euros, informou a sociedade encarnada esta quinta-feira, 27, em comunicado à Comissão do Mercados de Valores Mobiliários (CMVM).
O resultado líquido das "águias" na primeira metade do exercício de 2024/25 disparou 123%, representando uma melhoria de 22,2 milhões de euros à boleia das mais-valias obtidas com a venda de jogadores. Este é o segundo melhor resultado de sempre do clube da Luz, apenas ultrapassado pelo primeiro semestre da temporada de 2019/2020 – altura em que a transferência de João Félix impulsionou os lucros da SAD para os 104,2 milhões de euros.
Os rendimentos totais ascenderam aos 214,3 milhões de euros, que comparam com os 180,4 milhões de euros apresentados no período homólogo. O salto de 18,8% é justificado pelo aumento dos rendimentos com transações de direitos de atletas, que representaram 140,1 milhões de euros no presente semestre, o que significa um crescimento de 105%.
Os resultados com as transações de direitos de atletas, no período compreendido entre 1 de julho de 2024 e 31 de dezembro de 2024, atingiram os 90,2 milhões de euros, uma subida de 49,2% face ao período homólogo.
A liderar a lista das principais operações esteve a transferência do algarvio João Neves para o Paris Saint-Germain. A venda do médio internacional português valeu um encaixe aos encarnados de 59,9 milhões de euros, naquela que representa a sexta maior transferência de sempre para o Benfica, sendo também uma das 10 mais caras em Portugal.
O acordo com o clube francês prevê, além do montante da alienação dos direitos do jogador, uma remuneração variável associada a objetivos, pelo que o montante global da transferência poderá atingir o montante líquido de 69,9 milhões de euros.
Além de João Neves, o Benfica transferiu ainda o avançado Marcos Leonardo para o Al Hilal da Arábia Saudita num acordo de 40 milhões de euros. Já o internacional brasileiro David Neres foi vendido aos italianos do Nápoles por 28 milhões de euros, aos quais acrescem dois milhões de euros de bónus. As transferências do primeiro semestre ficam concluídas com a alienação do passe de Morato para o Nottingham Forest que ficou fechada por 11 milhões de euros, montante ao qual são somados mais seis milhões de euros bónus.
Os rendimentos operacionais, excluindo transações de direitos de atletas, recuam para os 105,7 milhões de euros. A quebra homóloga de 0,7% justifica-se pela mudança das regras na Liga dos Campeões na nova época. Com a segunda fase a contemplar dois jogos em janeiro, 25% das receitas só serão refletidas nas contas do segundo semestre.
Até dezembro, foram reconhecidos 39,7 milhões de euros de prémios da UEFA (-8,5% face a 23/24). Caso o reconhecimento dos prémios UEFA se mantivesse igual a 23/24, os rendimentos teriam atingido os 126 milhões de euros e dariam à SAD a melhor primeira metade da época de sempre.
Os rendimentos com media TV ultrapassam os 66 milhões de euros, o que equivale a um decréscimo de 3,3% face ao período homólogo. "Esta evolução é explicada pelo novo formato da Liga dos Campeões, designadamente o período em que decorre a fase da liga, que veio substituir a fase de grupo", refere a SAD no comunicado enviado à CMVM.
A rubrica de receitas de televisão atingiu os 26,2 milhões de euros, o que significa um crescimento de 5,3% face ao período homólogo, "estando principalmente relacionado com as receitas provenientes da NOS".
Indemnização a Schmidt pressiona custos
No capítulo da despesa, os gastos operacionais, excluindo transações de direitos de atletas, atingiram os 142,9 milhões de euros, o que se traduz num aumento de 2,7% justificado, principalmente, pela indemnização ao ex-técnico Roger Schmidt.
A rubrica que mais subiu respeita aos gastos com pessoal, que ascendeu aos 71,2 milhões, representando uma variação homóloga de +14,2%. Este montante foi pressionado pelo valor das indemnizações pagas à equipa técnica e jogadores, que somam um total de 10 milhões de euros.
A indemnização acordada com o antigo treinador Roger Schmidt, no valor de 8,7 milhões de euros, assume o maior peso. Caso os encarnados não tivessem de pagar indemnizações, os custos teriam descido para 132 milhões de euros.
Com impacto na despesa destaque também para o aumento dos royalties pagos ao clube pela utilização da marca Benfica, de 6,8 milhões de euros (+28,1%), e para a inclusão de gastos associados ao futebol feminino neste semestre, que totalizaram 2,4 milhões de euros.
O ativo da sociedade subiu para os 594,5 milhões de euros (+5,2%) por via, principalmente, do aumento do saldo das rubricas de clientes e outros devedores que totalizou 165,9 milhões de euros. O passivo desceu 2,3% para os 472,3 milhões de euros com o rácio entre fornecedores/clientes a alcançar um equilíbrio de 93%, que compara com os 65% registados em junho de 2024. Já os empréstimos obtidos baixaram 8,5% para os 203,3 milhões de euros.
A dívida líquida a 31 de dezembro de 2024 correspondia a um valor de 196,1 milhões de euros, o que representa um recuo de 2,8% em comparação com os 201,8 milhões de euros registados em junho.
No final de dezembro, o capital próprio ascendia aos 122,2 milhões de euros, traduzindo-se numa subida de 49,9% face a 30 de junho de 2024. A melhoria de 40,3 milhões de euros é explicada pelo resultado líquido deste semestre. O capital próprio voltou, desta forma, a superar o montante do capital social da Sociedade (115 milhões de euros).
Depois de apresentar um prejuízo de 31,4 milhões de euros na época passada, a SAD benfiquista tem a convicção de que o fecho do exercício de 2024/2025 será positivo.