Atleta de Taiwan envolvida em polémica de género garante medalha no boxe
Lin Yu-ting, atleta de Taiwan e uma das duas pugilistas nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 que foram envolvidas numa polémica de género, garantiu uma medalha olímpica este domingo, após uma vitória contundente nos quartos de final da categoria até 57 quilos.
Lin, que garantiu pelo menos uma das duas medalhas de bronze distribuídas em cada categoria do boxe olímpico, venceu por decisão unânime dos juízes a búlgara Svetlana Staneva, num combate na Paris Arena Norte.
Apesar da agressividade da adversária, que adotou uma estratégia muito ofensiva, Lin manteve a calma e lutou com paciência, aguardando as oportunidades e aproveitando o cansaço progressivo de Staneva."Hoje, eu garanti uma medalha contra uma rival muito respeitável", disse ao sair do ringue. "Vencer este confronto não significa que posso relaxar, é claro. Preciso de aperfeiçoar-me para derrotar todas as rivais e conseguir o ouro".
A participação em Paris-2024 de Lin e da argelina Imane Khelif, que no sábado,3, também se classificou para as semifinais na categoria até 66 quilos, provocou uma grande agitação política e mediática. As pugilistas estão no centro da polémica, após terem sido desclassificadas do Mundial de Boxe do ano passado por terem sido reprovadas num teste de elegibilidade de género, cujos detalhes não foram divulgados.
A desclassificação de Khelif e Lin do Mundial de 2023 foi decidida pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que o Comité Olímpico Internacional (COI) retirou da organização do torneio olímpico da modalidade por falta de transparência.
As imagens da primeira luta da argelina Khelif em Paris-2024, contra a italiana Angela Carini, provocaram um terramoto nas redes sociais na quinta-feira, 1, com milhares de pessoas a questionar se a argelina é uma mulher.
Figuras políticas conservadoras, como a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o presidente argentino Javier Milei e o ex-presidente americano Donald Trump criticaram a autorização do COI para a participação de Khelif e Lin em Paris-2024. O COI defendeu a participação das pugilistas, nenhuma delas identificada como transexual.
O presidente do COI, Thomas Bach, garantiu no sábado,3, que "nunca houve qualquer dúvida de que são mulheres". O "discurso de ódio" nas redes sociais é "inaceitável" e está a alimentar uma "agenda" política, afirmou Thomas Bach em conferência de imprensa.
"Muitas pessoas apoiaram-me em Paris e também no meu país", declarou Lin este domingo, antes de afirmar que não está a acompanhar a polémica nas redes sociais porque apagou as suas contas.
Lin e Khelif disputaram os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, mas não conseguiram chegar ao pódio.
Lin e Staneva conheciam-se bem, dado que foram rivais nos quartos de final do Mundial de 2023, também com vitória da taiwanesa. A desclassificação posterior de Lin do Mundial privou-a da medalha de bronze, que passou para Staneva.