“Armada Invencível” parte favorita mas história está cheia de surpresas
Trinta dias depois do pontapé de saída dado por Alemanha e Escócia em Munique e ao fim de 50 jogos e 114 golos, chega este domingo ao fim o Campeonato da Europa 2024, com Espanha e Inglaterra a decidirem quem fica com o troféu Henri Delauney e o estatuto de campeão do Velho Continente. No majestoso palco do Olympiastadion, a equipa de Luis de la Fuente parte como favorita à conquista da competição e de se tornar na primeira seleção europeia a sagrar-se quatro vezes campeã continental, tendo pela frente uma equipa orientada por Gareth Southgate que joga a sua primeira final fora de Wembley, e está desejosa de conseguir levar para casa, a “casa” do futebol, a segunda taça da história.
Para quem seguiu o torneio, um triunfo de “La Roja”, até aqui uma “Armada Invencível” nos relvados alemães, seria a sequência natural da competição. Desde o seu primeiro jogo, frente à Croácia, que a Espanha foi sempre a melhor equipa do Euro'2024, somando por vitórias os jogos que disputou (13 golos marcados e apenas três sofridos), apenas necessitando de um prolongamento perante o conjunto da casa naquela que foi uma espécie de final antecipada do torneio. Com um onze base bem definido desde o início, a equipa de De la Fuente nunca vacilou. Uma defesa segura, um “farol” como Rodri a meio-campo (talvez o jogador mais influente do Europeu) e duas setas nas alas (Nico Williams e, claro, Lamine Yamal, que celebrou este sábado o seu 17º aniversário e se tornou no mais jovem de sempre a jogar e a marcar num Europeu – e que golo apontou à França!), fizeram com que a Espanha até quase “dispensasse” um goleador. O avançado titular, cujas prestações foram muito criticadas e levaram o técnico a dizer “Somos todos Morata”, foi apenas mais uma “vítima” de uma competição em que os “9” se viram aflitos para brilhar.
Contra a estatística e o “pé frio”
Aliás, do outro lado estará outro: Harry Kane, capitão da seleção dos “Três Leões”. O goleador ainda pode ser o melhor marcador da prova (e acabar com a sua fama de “pé frio”, ele que nunca venceu qualquer competição nem no Bayern), mas as suas exibições estiveram longe do esperado. Como aliás, as de toda a equipa: a Inglaterra nunca entusiasmou, apesar da reconhecida qualidade individual da maioria dos seus jogadores, e Southgate teve de mudar a sua abordagem tática aos jogos. Mesmo assim, foi melhorando com o passar do tempo e acabou por beneficiar da inspiração individual de Bellingham (o golo de bicilceta à Eslováquia nos descontos evitou uma eliminação nos oitavos), Saka (frente à Suíça, que acabou num desempate por penáltis) e Watkins (que saltou do banco para abater os Países Baixos) para chegar a Berlim.
Com três vitórias e três empates e 7-4 em golos, dificilmente se pode considerar a Inglaterra favorita este domingo (só bate estatisticamente a Espanha nos passes certos com uma percentagem de 90,3 contra... 90). Mas o que não falta na história do futebol são “underdogs” vitoriosos, apesar de campanhas menos exuberantes e basta lembrar a Grécia em 2004 ou... Portugal em 2016. E, na verdade, os ingleses até partem com vantagem no confronto direto: venceram 13 vezes o seu adversário deste domingo e perderam dez (registando-se ainda quatro empates), sendo que no último jogo entre ambos, os “Três Leões”, já com Southgate no banco, levaram a melhor em Sevilha, por 3-2, numa partida a contar para a Liga das Nações.
Do equilíbrio às apostas
O próprio selecionador inglês reconhece a entrada menos feliz no Europeu. “Acredito que mudámos a nossa forma de jogar durante o torneio. No início tivemos muitos problemas, sobretudo na defesa. Muitos jogadores vinham de lesões. Tentámos encontrar um melhor equilíbrio para os jogadores do ataque, temos grandes talentos e fomos conseguindo encontrá-lo à medida que a competição foi
avançando. Estou feliz com o crescimento da equipa”, referiu Southgate na antevisão da partida, onde esteve acompanhado por um Kane que “trocaria todos os troféus de melhor marcador por um coletivo, sobretudo se o ganhasse pelo meu país”.
Do outro lado, Luis de la Fuente considerou que “o futuro é agora”: “Estou orgulhoso de ver o processo que seguimos para chegar até aqui. Ninguém deu nada a esta equipa e temos todo o direito de nos sentirmos orgulhosos. Temos um presente e um grande futuro. Ver um país rendido a esta seleção é qualquer coisa de maravilhoso”.
Sobre o favoritismo atribuído à sua equipa, o técnico prefere deixá-lo “para as casas de apostas” e dizer que estão “tranquilos”. “Nunca perdemos a perspetiva, estamos centrados naquilo que podemos controlar. Sabemos que não há favoritos, é tu