Antigo escuteiro faz história nas mais duras provas de trail
Antigo escuteiro e atual consultor economista, Diogo Simão fez história no trail running mundial. O português percorreu a pé 752 quilómetros nos Alpes, entre altas montanhas com dezenas de passagens a mais de 3 mil metros de altitude, glaciares, progressão em gelo e neve, trilhos e terrenos rochosos e instáveis. Esteve 330 horas e 48 minutos em competição, um feito histórico mundial, uma vez que ninguém o tinha conseguido este ano e só o suíço Jules-Henri Gabioud alcançou façanha igual.
Os trail são provas são non stop, sem marcações e realizadas em autonomia, implicando conhecimentos de montanhismo, escalada e orientação e Diogo Simão concluiu duas das provas mais difíceis do mundo, a PTL e o Tor des Glaciers, temporalmente separadas por apenas 12 dias!
O desafio de completar consecutivamente duas das provas de trail mais difíceis do mundo iniciou-se a 23 de agosto em Petite Trote à Léon. Diogo Simão fez equipa com Flávio Francisco e Jorge Serrazina e terminou a prova em 16.º lugar entre 61 equipas de todo o mundo - taxa de desistência superou os 57%, o que diz muito da dureza da prova.
Depois, Diogo abraçou depois sozinho o Tor de Glaciers, a prova de trail em alta montanha mais longa do mundo com um percurso de 448 quilómetros. O português partiu a 10 de setembro e fez o percurso ao fim de 183 horas e 46 minutos, com um honroso 23º lugar entre os 56 atletas à partida - 45% dos participantes não terminaram a prova. Só oito atletas concluíam o trail das duas vezes que participaram e Diogo é um deles - já o tinha feito em 2019.
"Os desafios de ultra endurance são uma paixão, pois permitem colocar à prova todas as minhas capacidades físicas e mentais. O sonho de concluir a PTL e o Tor des Glaciers, com apenas 12 dias de diferença, ganhou uma especial dimensão, pois exigiu todos os meus conhecimentos em áreas como a escalada, montanhismo e orientação, mas também nas áreas de gestão e project planning. A tecnicidade dos terrenos, as condições meteorológicas, a privação do sono, a gestão do corpo e da mente colocam dificuldades adicionais e implicam que cada passo represente um processo de tomada de decisão, em que cada escolha tem consequências. Felizmente, tudo correu bem e o esforço e dedicação dos últimos meses foi bem-sucedido", afirmou Diogo Simão.
Antigo escuteiro e dirigente, foi membro do departamento nacional e regional de Lisboa de Atividades Técnicas e monitor de escalada e montanhismo. Consultor economista com historial ligado à natureza e à montanha e tem também formação na área da espeleologia e participou em provas de orientação.
Ele garante que é uma pessoa normal, com uma vida normal, para quem o desporto é um hobby. Por isso acredita que todos podem alcançar feitos idênticos desde que acreditem e queiram efetivamente atingir objetivos ambiciosos: "Claro que a participação nestes desafios implica sacrifícios familiares e profissionais, mas a vontade e o desejo de superação, bem como de deixar um legado para quem nos é mais próximo, permitem ultrapassar todos os obstáculos."