Albânia, uma seleção formada com a ajuda da IA
A seleção da Albânia, que defronta amanhã a Espanha no Grupo B ainda com esperança de se apurar para os oitavos de final, nem que seja como um dos melhores terceiros classificados, tem apenas sete dos 26 convocados nascidos no país.
No processo de construção da equipa houve um italiano que teve um papel fundamental. Alarico Rossi, analista informático que usa ferramentas de tecnologia com recurso à inteligência artificial (IA), juntou-se à Albânia em 2017, quando Christian Panucci era selecionador. E em conjunto, combinando uma base de dados da federação albanesa de futebol, conseguiram descobrir vários jogadores elegíveis para jogar pelo pequeno país da península dos Balcãs. O mesmo trabalho foi desenvolvido desde que o brasileiro Sylvinho, ex-jogador do Barcelona, tomou conta da seleção, em 2023.
Na prática, a tecnologia de IA consegue compilar os dados sobre jogadores elegíveis às necessidades do selecionador, ou seja, para que posições do terreno precisa de jogadores e quais estão disponíveis, com informações com todo o tipo de estatísticas nos clubes onde jogam.
Assim foi possível formar nos últimos anos uma seleção mais competitiva, com jogadores mais experientes. E o resultado está à vista: a Albânia apurou-se para a fase final do Euro 2024 como primeira classificada do Grupo E, sendo esta a segunda prova em que marca presença, depois do Europeu de 2016, onde foi eliminada na fase de grupos.
Contas feitas, após o recurso a esta tecnologia, 73% dos futebolistas que compõem a seleção albanesa não nasceram no país. É o caso de Ivan Balliu, defesa do Rayo Vallecano, de Espanha, formado na cantera do Barcelona, que nasceu em Espanha mas tem dupla nacionalidade. Há ainda cinco jogadores nascidos na Suíça, três na Grécia, outros três no Kosovo (caso do capitão, Etrit Berisha), mais três da Macedónia, dois alemães, um italiano e um inglês. Todos conseguiram obter a dupla nacionalidade porque nunca foram internacionais pelos países onde nasceram e porque a lei albanesa permite conceder passaportes a quem tenha algum grau de parentesco com cidadãos do país.
As exceções, ou seja, os jogadores que nasceram mesmo na Albânia, são Elhan Kastrati, Elseid Hysaj, Kristjan Asllani, Klaus Gjasula, Qazim Laci, Ernest Muci e Rey Manaj.
A Albânia está inserida no Grupo B, juntamente com Espanha (já apurada para os oitavos de final), Itália e Croácia. No jogo de estreia perderam por 2-1, mas dificultaram a vida aos italianos, e no segundo jogo conseguiram um dos melhores resultados de sempre da sua história ao arrancarem um empate a dois golos diante da Croácia.
nuno.fernandes@dn.pt