A saga dos Murray: Andy e Jamie fazem história no topo

Escoceses dominaram o ano em singulares e pares, chegaram a n.º 1 e juntaram-se a apelidos de sucesso como Williams ou McEnroe.
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Os Murray da Escócia entraram ontem na história do ténis (mais uma vez). São os primeiros irmãos a liderar os dois rankings mundiais (singular e pares), em simultâneo, desde que as listas são publicadas. Ou seja, desde 1973. E juntam-se assim a apelidos distintos da família do ténis mundial, como as irmãs Williams ou os McEnroes.

Segundo confirmou a ATP à ESPN, desde a introdução do ranking oficial ATP que os dois irmãos não lideravam simultaneamente em singulares (um) e em pares (outro). Aconteceu esta semana, com a subida da dupla Jamie Muray/Bruno Soares ao topo mundial de pares, depois de o irmão do escocês, Andy, manter a liderança de singulares com a conquista do ATP Finals (frente a Djokovic).

Antes de 1973 os registo são escassos, mas é bem provável que o caso de Andy e Jamie seja único na história do ténis masculino. Antes deles só as irmãs Williams, na WTA, que juntas chegaram a liderar em pares em 2010, numa altura em que Serena era também n.º 1 em singulares.

Mas há muitos exemplos de irmãos tenistas de sucesso. O mais conhecido é o dos gémeos americanos Bob e Mike Bryan, o par mais bem-sucedido da história, que liderou em pares na última década. Aliás, desde 2003 os gémeos deixaram o número 1 por apenas duas breves ocasiões...

Depois há o caso de Marat Safin (2000) e Dinara Safina (2009), que conseguiram, por exemplo, ser o primeiro casal de irmãos a liderar as respetivas listas mundiais, a ATP e a WTA. E Arantxa Sánchez Vicario, que foi o número 1 sozinha (1995) e em pares (1992), já depois de ver o irmão Emilio Sánchez ter chegado a número 1 em pares (1979). Os espanhóis ainda tinham mais um irmão, Javier, que também atingiu o top 10.

Atualmente, e, no feminino, a família Williams domina. Venus e Serena foram ambas líderes mundiais em singulares (2002) e pares (2010). A mana mais nova das Williams chegou ao topo mundial pela primeira vez em 2002, roubando a liderança à irmã Venus. Depois, juntas, lideraram em 2010.

E há ainda uma dupla do Zimbabwe. Clara Black foi número 1 em pares, em 2005, depois de o irmão Byron o ter feito em 1994. Os Black do Zimbabwe contavam ainda com um outro irmão, Jack, que chegou a número 4 em pares e fez dupla mista de sucesso com a irmã Clara.

Outro apelido bem conhecido no mundo do ténis é McEnroe, apesar de só um deles, John McEnroe, ter ocupado o primeiro lugar em singulares (1980) e pares (1979). O irmão mais novo, Patrick, chegou a número 3 em pares (1993), enquanto na lista individual o máximo que atingiu foi o 28.º lugar.

Jamie melhor do que Andy?

Em dezembro de 2015, Andy e Jamie fizeram história juntos. Venceram a Taça Davis, que assim voltou à Grã-Bretanha 79 anos depois. Foi o início de uma temporada espetacular para ambos e que culminou agora com ambos no topo mundial.

Andy venceu este mês o Paris Masters e destronou Djokovic do trono, que era do sérvio desde 2014. Já esta semana bateu o ex-líder na final do ATP finals e manteve-se como número 1, enquanto Jamie mudou de parceiro, no início do ano (deixou John Peers e juntou-se a Bruno Soares), e chegou à liderança do ranking de pares em abril, lugar aonde regressou ontem.

Desde a estreia na cidade escocesa de Dunblane, quando era considerado uma promessa maior do que o irmão caçula, que Jamie viveu à sombra de Andy... E Patrick McEnroe, o irmão mais novo do lendário John McEnroe, sabe bem o que isso é. "Quando não estás bem e as pessoas só querem saber do teu irmão, só nos queremos esconder debaixo de uma pedra", disse Patrick à ESPN, confessando, que isso nunca o impediu de estar "orgulhoso" do irmão: "Ele foi uma grande ajuda para a minha carreira. Jamie provavelmente dirá a mesma coisa sobre Andy."

Pelo menos a mãe, Judy, concorda com essa ideia: "Acho que Andy tem muito o que agradecer a Jamie, Jamie era um pouco mais velho e um pouco melhor, e Andy sempre se esforçava para manter o ritmo."

Jamie pode ter vivido na sombra de Murray, mas pode gabar-se de ter sido ele o primeiro a conquistar um título de Grand Slam, quando ergueu o troféu em Wimbledon (2007), em pares mistos. Já a primeira vitória de Andy aconteceu em 2012, no US Open. Depois foi sempre a reescrever a história: foi o primeiro britânico a vencer em Wimbledon, em 77 anos, em 2013. Voltaria a vencer Wimbledon este ano, além de ser o único britânico bicampeão Olímpico (2012 e 2016). Só este ano, venceu nove torneios e chegou a número 1.

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