A 100.ª pole e a vitória. Hamilton quer sair duplamente feliz de Portimão

GP de Portugal arranca hoje com os treinos livres. Piloto da Mercedes quebrou ontem o tabu e disse que pretende correr no próximo ano, desfazendo dúvidas sobre abandono.
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O Grande Prémio de F1 de Portugal, no Algarve, que se realiza este fim de semana (hoje há treinos livres), está marcado na carreira de Lewis Hamilton, pois o piloto britânico da Mercedes venceu a prova do ano passado na estreia do circuito, num triunfo que lhe permitiu entrar para a história como o mais vitorioso de sempre da F1 -92 triunfos -, batendo o recorde que partilhava com Michael Schumacher. E amanhã pode guardar mais boas recordações da pista de Portimão, pois caso conquiste a pole position será a 100.ª da sua carreira (pode reforçar o seu recorde) e um triunfo permite-lhe descolar de Max Verstappen, o segundo classificado no Mundial, que está a apenas um ponto de distância.

Aos 36 anos, o sete vezes campeão do mundo é o piloto com mais saídas desde o primeiro lugar da grelha de partida, com 99 poles, mas em Portugal pode atingir o número redondo das cem. Hamilton já tinha superado em 2017 o recorde que pertencia a Schumacher (69).

Em 25 de outubro de 2020, o britânico partiu do primeiro lugar da grelha para a vitória na estreia do circuito algarvio na Fórmula 1, naquela que foi, então, a sua 97.ª pole - voltou a ser o mais rápido no Bahrain, na época passada, e, já esta temporada, em Imola.

Com 268 corridas disputadas e 99 poles, o heptacampeão mundial tem uma percentagem de 36% de poles. Um número que supera os 22% de Schumacher (68 em 306 GP disputados) mas que fica aquém do outro especialista das qualificações, Ayrton Senna, que garantiu 65 nas 161 corridas disputadas, uma taxa de sucesso de 40%. Em termos de percentagens, ninguém chega, contudo, aos números do argentino Juan Manuel Fangio, que tem 55% de taxa de sucesso, com 29 em 52 corridas.

Hamilton, que procura esta temporada um inédito oitavo título mundial, ainda tenta o maior número de poles numa só temporada (Vettel tem 15 e Mansell 14).

Ontem, em conferência de imprensa no Algarve, o piloto da Mercedes fez uma revelação importante. Numa altura em que se fala do seu possível abandono no final da época, Hamilton descaiu-se numa pergunta relacionada com o uso de um determinado tipo de pneus: "Quero pilotar aqui para o ano e por isso quero ajudar a Pirelli a fazer um melhor produto."

Mas Portugal não está apenas nas boas memórias de Hamilton, pois a prova que durante anos se realizou no Estoril marcou o palmarés de muitos outros pilotos. Foi o caso de Ayrton Senna, que conquistou a primeira vitória da sua carreira em Portugal. Em 1985, na Lotus, venceu uma corrida marcada pela intensa chuva, a segunda do campeonato daquele ano, a 21 de abril. Foi também um marco para a Lotus, que não ganhava qualquer prova desde 1982, no GP da Áustria, por Elio de Angelis.

Os primórdios da F1 em Portugal remontam aos finais dos anos 50, início de 60, no circuito citadino da Boavista, no Porto. Em 14 de agosto de 1958, o britânico Stirling Moss (Vanwall) foi o primeiro vencedor do Grande Prémio Portugal. A partir de 1960, a prova rainha do automobilismo deixou de passar por Portugal, e só regressou em 1984 ao Estoril, onde se manteve até 1996

Entre os marcos que ligaram o GP de Portugal à história da modalidade, além do ano de 1985 com a vitória de Senna, destacam-se o último triunfo de Nigel Mansell (Williams) na F1. O francês Alain Prost e o britânico são os pilotos com mais triunfos na prova portuguesa, três, seguidos de Stirling Moss, com dois.

Portugal já coroou também um campeão de F1, na edição de 1984. Na última prova do calendário desse ano, dois pilotos chegaram ao circuito do Estoril com hipóteses de conquistarem o título - Niki Lauda e Alain Prost. O francês acabou por vencer a prova, mas o austríaco foi proclamado campeão

A decisão foi transmitida em direto na RTP1, e no Estoril, entre várias personalidades, estava a princesa Stéphanie do Mónaco. "Título decide-se por meio ponto que Mansell podia ter evitado", escrevia o DN da altura. Isto porque o piloto austríaco precisava de terminar no segundo lugar para se sagrar campeão, numa altura em Prost liderava a corrida e tentava o seu primeiro título. Só que Mansell, segundo classificado, desistiu com problemas nos travões. Niki Lauda terminou em segundo e fez a festa. Nesse ano, o pódio foi preenchido com o jovem Ayrton Senna, então piloto da Toleman. E Lauda foi campeão apenas por meio ponto - 72, contra os 71,5 de Prost.

Apesar de quatro portugueses terem passado pela Fórmula 1, apenas dois disputaram o GP de Portugal: Nicha Cabral, em 1959, ano em que terminou na 10.ª posição, e 1960 (abandono por acidente), e Pedro Lamy, na década de 1990.

Lamy correu sempre no Estoril, abandonando em 1993 (com um Lotus). Em 1994 não alinhou, tendo falhado 12 das 16 provas da temporada, por lesão. Voltou em 1995, para voltar a desistir da corrida. Em 1996, último ano da prova em solo nacional, foi 16.º com um Minardi, um dos piores carros do pelotão. Em 1991, Pedro Matos Chaves já tentara disputar a prova lusa mas, tal como aconteceu nas 12 corridas anteriores, não conseguiu qualificar-se no frágil Coloni, colocando, assim, um ponto final na sua participação no campeonato.

Com Lusa

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