23 portugueses no Dakar, mas poucos com ambição de um lugar ao sol
A 46.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno arranca sexta-feira na Arábia Saudita e estende-se até 19 de janeiro. Serão 7891 quilómetros, 4727 deles cronometrados, num total de 13 jornadas. Estão inscritos 778 participantes, 135 deles estreantes, e 23 portugueses - sete nas motas, com destaque para os oficiais Rui Gonçalves (Sherco) e Joaquim Rodrigues Jr. (Hero).
As maiores ambições portuguesas estão nas categorias das motas e dos SSV, os veículos ligeiros. Aos 38 anos, o transmontano Rui Gonçalves ambiciona um lugar entre os 15 primeiros. “Se fizer uma prova sem problemas, posso conseguir um resultado interessante”, disse o antigo Vice-Campeão Mundial de motocrosse (2009), que vai para a sua quarta participação.
O barcelense Joaquim Rodrigues Jr. sabe, à partida, que este será um ano difícil. O cunhado de Paulo Gonçalves (vítima de uma queda mortal no Dakar2020) partiu uma perna na edição de 2023. E em outubro, em Marrocos, uma nova queda provocou-lhe a fratura de uma omoplata. “Sem corridas, perdemos o ritmo”, frisou Joaquim Rodrigues Jr, que vai para a sua sétima participação - tem como melhor resultado o 11.º posto em 2021 e uma vitória em etapas (em 2022).
Já António Maio (Yamaha), oito vezes Campeão Nacional de todo-o-terreno, participou em quatro edições desde 2019 e também ambiciona uma posição nos 15 primeiros “para tentar um lugar numa equipa de fábrica”. O militar da GNR tem como melhor resultado um 21.º lugar em 2022.
Mário Patrão (KTM), antigo Campeão Nacional de enduro e todo-o-terreno, volta a participar na classe maratona, sem assistência exterior, categoria que ambiciona vencer.
O algarvio Alexandre Azinhais (KTM) participa pela terceira vez. Fez a sua estreia em 2021 (desistiu por falha mecânica), voltou em 2022 com uma mota de enduro e foi 69.º.
Já Bruno Santos Fernandes (Husqvarna), empresário, piloto de enduro há 12 anos, vai cumprir a sua primeira participação no Dakar depois do quinto lugar na classe Rally 2 no Abu Dhabi Desert Challenge em 2023, com a ambição de terminar nos 25 primeiros.
Nas duas rodas está ainda inscrito como português o israelita Gad Nachmani (KTM), que tem dupla nacionalidade. E também vai estar presente o luso-germânico Sebastian Bühler (Hero), que compete com licença alemã, mas está radicado há vários anos em Portugal.
Automóveis e clássicos
Nos automóveis, o experiente Paulo Fiúza navega o lituano Vaidotas Zala (Mini), e Gonçalo Reis o espanhol Pau Navarro (Mini). Reis participou de mota em 2017, quando foi 26.º e 2.º da classe maratona. No ano passado navegou Hélder Rodrigues, que este ano não participa. José Marques navega o lituano Petrus Gintas (MO).
Nos Challenger (antigos T3), destaque para as duplas Mário Franco/Daniel Jordão (Can-Am) e João Monteiro/Nuno Morais (Can-Am), a que se junta o antigo Campeão Nacional de todo-o-terreno Ricardo Porém (Can-Am. Duas vezes Campeão Nacional de todo-o-terreno em automóveis, esta é a quinta participação do leiriense, que quer um lugar dentro do top-5.
Nos SSV, o também leiriense João Ferreira faz dupla com o experiente Filipe Palmeiro, num Can-Am preparado pela South Racing com ambições à vitória. E Fausto Mota (que corre com licença espanhola) navega o brasileiro Cristiano Batista (Can-Am). “O objetivo é vencer, como em todas as corridas. O Dakar é difícil e imprevisível, mas é com esse intuito que vamos participar”, referiu João Ferreira.
A versão histórica do Rali Dakar de todo-o-terreno, o Dakar Classic, conta, este ano, com um toque português, já que estão inscritos cinco participantes, em três veículos, dois deles da marca lusa UMM.
Adeus da Audi e mudanças
A dança de cadeiras nas equipas de topo e a provável despedida da Audi após três anos de projeto híbrido marcam esta 46.ª edição.
Vencedor das duas anteriores edições nos automóveis (de um total de cinco vitórias), Nasser Al-Attiyah trocou a equipa oficial Toyota por um lugar na Prodrive, onde tem a companhia do francês Sébastien Loeb, um dos seus principais rivais nos últimos anos.
Órfã de Al-Attiyah, a Toyota mantém a aposta no saudita Yazeed Al-Rajhi e no sul-africano Giniel de Villiers, vencedor em 2009, tendo contratado o norte-americano Seth Quintero, que brilhou nos veículos ligeiros (SSV).
A Audi chega a esta edição mais musculada, no terceiro ano do seu projeto híbrido com o RS Q e-Tron, que deverá despedir-se das dunas sauditas. E terá como pilotos Carlos Sainz, que faz equipa com o francês Stéphane Peterhansel e com o alemão Mathias Ekstrom.
Nas motas, a armada da KTM, liderada pelo argentino Kevin Benavides, vencedor em 2023, e pelo australiano Toby Price, comparte favoritismo com os irmãos gémeos da Husqvarna (com o argentino Luciano Benavides à cabeça).