Jogadoras e equipa técnica de Francisco Neto, que chegou às 150 partidas no comando da seleção, em treino na Suíça.
Jogadoras e equipa técnica de Francisco Neto, que chegou às 150 partidas no comando da seleção, em treino na Suíça.NUNO VEIGA/LUSA

Seleção joga a vida contra Itália e tenta quebrar tabu de 25 anos

Equipa comandada por Francisco Neto tem duelo decisivo contra adversárias que não consegue superar desde 2000. Ao DN, a antiga internacional Edite Fernandes fala sobre expectativa para partida.
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Mais de duas décadas separam a última vitória da Seleção Nacional feminina de futebol contra a Itália do confronto decisivo contra as mesmas adversárias na noite desta segunda-feira (7), às 20h. Após a goleada (0 - 5) sofrida frente à Espanha na estreia do Europeu feminino, as Navegadoras terão que conseguir um resultado contra as italianas, a quem não vencem desde 2000, se quiserem sonhar com um avanço à próxima fase. Uma derrota elimina Portugal do torneio.

As adversárias vêm motivadas. Também na estreia, superaram a Bélgica pelo resultado de 1-0, golo marcado por Adriana Caruso. Em caso de três pontos, portanto, as italianas já garantem vaga na próxima fase, tendo um empate também como resultado confortável, embora a última partida seja contra Espanha, onde nada é garantido.

Por falar nas espanholas, o confronto da seleção na primeira ronda do torneio é "uma página a ser virada", pelo menos se depender de uma das referências dessa geração, a antiga internacional portuguesa Edite Fernandes. Uma das atletas que mais vezes representou as quinas ao peito (132 partidas), Edite, em entrevista ao DN, lamentou a carga emocional a qual as jogadoras foram submetidas na partida de estreia, no mesmo dia em que a tragédia fatal envolvendo Diogo Jota e André Silva chocou o mundo.

"Acima de tudo, foi um jogo diferente devido à carga pesada que existia naquele dia. Não posso estar a dizer por elas, porque também são profissionais, mas havia uma consternação geral e havia ali um peso mesmo marcado e vincado pela tragédia que aconteceu", reflete a ex-jogadora. "Acredito que na cabeça delas queriam muito dar um jogo positivo à memória do Diogo e do André... foi um dia muito pesado, uma partida com carga atípica", entende Fernandes, sem ignorar a qualidade das espanholas, e a dificuldade da partida desta segunda-feira.

De acordo com a antiga internacional portuguesa, desde a Liga das Nações, a seleção vive "um momento menos positivo", - recorde-se a Espanha goleou Portugal por 7 - 1 em abril. "Já sabíamos que seria um jogo de grande dificuldade", diz, referindo-se ao que se previa no encontro frente às vizinhas da Península Ibérica. A segunda goleada para as mesmas rivais em menos de três meses teve um sabor amargo especialmente para Francisco Neto, que, na última partida, comemorava seu 150.º jogo como treinador da Seleção Nacional.

Para Fernandes, passada a frustração inicial e o choque dentro e fora de campo na partida passada, o sentimento ainda é o mesmo de quando começou o torneio: acreditar. "Portugal está dentro. Temos que reagir de outra forma, é claro, refletir, corrigir o que não esteve bem, melhorar alguns aspectos. Mas acima de tudo é reagir e dar cimento e seguir: a Itália está perfeitamente ao nosso alcance e podemos dar a volta a isto, podemos ainda pensar numa fase seguinte."

O mau histórico contra Itália, de acordo com a ex-jogadora, também não é um aspeto que entra em campo. A última - e uma das poucas - vitória da seleção contra as adversárias desta noite foi no longínquo dia 28 de novembro de 2000, quando Anabela Silva marcou o solitário golo do triunfo por 1 - 0 no Estádio Municipal de Portalegre.

O resultado, no entanto, pouco influenciou aquela qualificatória para a Euro, tendo em vista que, na primeira mão, em Itália, as portuguesas foram derrotadas por 3 - 0. Desde então, foram mais sete derrotas em sete encontros. Uma página a ser virada a partir da próxima partida.

"Não é algo que influencia [o histórico de confrontos contra Itália]. São gerações diferentes ao longo dos anos e acredito que esta tem ao seu alcance um triunfo neste segundo jogo", afirma a ex-jogadora, que, independentemente do resultado nesta segunda-feira, vê bons ventos no horizonte do futebol feminino e da seleção portuguesa.

“Depois do Mundial [em 2023], eu disse que nada seria como antes. E a verdade é que não. Portugal chegou à Liga das Nações principal e a modalidade ainda vem crescendo muito”, lembra. Além da seleção principal, os principais sinais promissores vem das camadas jovens. “Vem uma geração aí, das sub-19 e sub-17, que vai trazer muita qualidade e dar sequência a esta Seleção A. Temos um futuro muito promissor.”

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