#NoTeVayas. Mundo pede a Messi que adie despedida da Argentina
#NoTeVayasLio. #QuedateMessi. Num mundo cada vez mais rendido ao poder das redes sociais da internet, é pela força das hashtags (tópicos de conversação) que os adeptos argentinos e de todo o globo tentam dar voz ao pedido desesperado que se seguiu ao choque: "Não te vás, fica Messi" foi o apelo que mais se ouviu ontem, após o futebolista ter anunciado o adeus à seleção da Argentina, depois de perder a final da Copa América, para o Chile (4-2, no desempate por penáltis).
A renúncia marcou a noite de domingo - madrugada de ontem em Portugal -, relegando para segundo plano o que aconteceu nas horas anteriores no relvado do Estádio MetLife, em East Rutherford, Nova Jérsia (EUA). O Chile acabara de conquistar a edição do centenário da Copa América - na repetição do desfecho de 2015, quando a Argentina também caíra nas grandes penalidades. Contudo, o retirada do melhor jogador do mundo do futebol de seleções, aos 29 anos, ofuscou o momento de glória de Arturo Vidal, Alexis Sánchez e companhia.
"Para mim, a seleção acabou. Fiz tudo o que podia. Dói não ser campeão", lamentou Lionel Messi, justificando-se com a mágoa de ter perdido a quarta final ao serviço da Argentina - Copa América de 2007 (3-0 com o Brasil), Mundial de 2014 (1-0 com a Alemanha, no prolongamento), Copa América de 2015 e de 2016 (ambas com o Chile, como já se disse). "Pensei muito no balneário: creio que a seleção terminou para mim. Lutei muito, tentei... são quatro finais e não consegui ganhar. Fiz todos os possíveis. Dói-me mais do que a qualquer outro, mas é claro que isto não é para mim", explicou o avançado do Barcelona, que deixou o relvado em lágrimas.
Para La Pulga é o final - ou um insólito interregno? - no trajeto iniciado a 17 de agosto de 2005 (frente à Hungria, pela mão de José Pekerman), mês e meio depois de se ter sagrado campeão mundial de sub-20. Messi acumulou 113 jogos, 55 golos... e a desconfiança frequente dos adeptos argentinos de que não rendia tanto com a camisola alviceleste como com a do Barcelona (um pouco à imagem do que acontece com Cristiano Ronaldo em Portugal). O título internacional que o deixaria em definitivo ao nível do Diós do futebol argentino, Diego Maradona, teimou em não aparecer nos três mundiais e nas quatro edições da Copa América em que participou. Em contrapartida, foi campeão olímpico em 2008.
Após o anúncio, seguindo o apelo lançado pelo diário desportivo Olé, com as hashtags que se tornaram virais, adeptos e velhas glórias do futebol argentino (e de todo o mundo), logo começaram a pedir ao jogador que reconsidere o mexit - como a saída já é chamada, à imagem do brexit. "[Sair] seria dar o gosto a todos os que sempre estiveram contra ele e estaria a dar razão aos que o chamam de "pé frio". Eu continuaria a insistir", afirmou Mario Kempes, goleador da seleção argentina que ganhou o Mundial 1978.
A esperança dos fãs é que, após ter tomado a decisão a quente, Lionel Messi acabe por adiar a despedida - tal como fizeram outras estrelas do futebol, que voltaram às suas seleções após abandonos precoces. Foi o caso de Michael Laudrup (ausente da Dinamarca entre 1990 e 1993, por desentendimentos com o selecionador), de Luís Figo (que deixou a seleção nacional em 2004, para se focar na carreira do Real Madrid, mas voltou em 2005) e até de Pelé (renunciou à camisola do Brasil após o descalabro do Mundial 1966, regressou em 1968 e acabou tricampeão do mundo em 1970).
Todavia, há quem veja nesta renúncia uma decisão "política": uma manifestação do capitão da equipa alviceleste contra o vazio diretivo em que a Federação Argentina de Futebol caiu após a morte do presidente Julio Grondona, em 2014 - com as eleições de 2015 a serem anuladas devido a uma fraude. "É provável que o Messi não seja o único a tomar esta decisão", avisou Kun Agüero, com a imprensa local a especular que a renúncia pode arrastar o núcleo duro da seleção - o próprio Agüero, Banega, Biglia, Dí Maria, Lavezzi, Higuaín e Mascherano.