Exclusivo The White Lotus 2: da Sicília com perversão
A segunda temporada da brilhante série de Mike White não perdeu pitada da escrita ácida e mistério calibrado da primeira. Com novas personagens - apenas uma "antiga" -, novo destino turístico e muito sexo, The White Lotus 2 chega esta segunda-feira à HBO Max.
No princípio era o privilégio. Personagens que se relacionavam dentro de uma lógica de poder, com os funcionários de um resort de luxo presos a máscaras de simpatia ao serviço de um grupo heterogéneo de americanos brancos endinheirados. The White Lotus 2 não deixa de contemplar, de novo, os dois lados, mas o cerne da questão já não está aí. Neste segundo fôlego da premiada série de Mike White há uma atmosfera assombrada pelo sexo que carrega notas mais profundas que a anterior: ainda dá para rir, sim, os diálogos continuam afinados, sim, mas o mal-estar de umas férias na Sicília não é o mesmo mal-estar que atravessou o cenário paradisíaco do Havai. A região italiana onde agora se passa a ação tem a sua própria história, que White não ignora, e por toda a parte há rostos de cerâmica que "vigiam" os dramas e pulsões ocultas dos novos hóspedes do resort fictício.
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Tal como a primeira temporada, The White Lotus 2 arranca com um vislumbre do fim das férias e o apontamento sinistro de um cadáver não identificado que lança o enigma sobre toda a semana anterior. Já sabemos que vai haver sangue (condimento essencial), e para descobrir o que terá acontecido recua-se ao início dessa semana. Ficamos então a conhecer os mais recentes espécimes ricos, cuja psicologia se presta à lupa de White, começando por dois casais que formam um quarteto: um empresário (Theo James) e a mulher (Meghann Fahy), dona de casa, que convidaram um velho amigo dele de faculdade (Will Sharpe), tímido novo rico, e a mulher (Aubrey Plaza), advogada, para um descanso partilhado. Os primeiros exibem o amor de uma forma enjoativa, orgulham-se de não acompanhar notícias - acham que não vale a pena a "obsessão" com o estado do mundo -, e ela nem sequer tem a certeza se votou nas últimas eleições; os segundos são a antítese dessa postura de vida superficial, mas têm uma intimidade mais fria, e ela tende a comparar-se constantemente com os outros, em jeito de competição. Seja como for, ninguém aqui é apenas um "tipo" de pessoa. Há camadas por revelar.