Na terça-feira foi atribuído o prémio Nobel da Física a John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton e um dia depois foi revelado que Victor Ambros e Gary Ruvkun venceram o Nobel da Medicina. Já o Nobel da Química foi para David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper.
Sul-coreana Han Kang vence Nobel da Literatura
O prémio Nobel da Literatura foi atribuído à sul-coreana Han Kang “pela sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”, revelou esta quinta-feira a Academia Sueca
É a 18.ª mulher a receber o Nobel da Literatura. Autora multipremiada, foi distinguida em 2016 com o Prémio Internacional Man Booker, pelo seu romance "A Vegetariana".
O secretário permanente da Academia Sueca, Mats Malm, foi quem revelou o nome da vencedora do Nobel da Literatura 2024. Falou ao telefone com a escritora sul-coreana, que estava a ter um "dia banal", acabara de jantar com o filho e "não estava preparada para isto".
"Han Kang nasceu em 1970 na cidade sul-coreana de Gwangju e, aos nove anos de idade, mudou-se com a família para Seul. O seu pai é um romancista de renome [Han Seung-won]. A par da escrita, dedicou-se também à arte e à música, o que se reflete em toda a sua produção literária", segundo a biografia da Academia Sueca.
Para Anders Olsson, chairman do Comité Nobel, Han Kang "tem uma consciência única das conexões entre corpo e alma, os vivos e os mortos", e com o "seu estilo poético e experimental tornou-se uma inovadora na prosa contemporânea".
Foi em 1993 que Han Kang começou a sua carreira com a publicação de poemas na revista "Literature and Society”, sendo que a estreia na prosa aconteceu em 1995 com a coleção de contos “Love of Yeosu”, de acordo com a Academia Sueca. Seguiram-se "várias outras obras em prosa, tanto romances como contos", entre os quais "destaca-se o romance "Your Cold Hands” (2002), que apresenta traços óbvios do interesse de Han Kang pela arte".
Para a Academia Sueca, a autora sul-coreana conheceu o sucesso internacional com o romance "A Vegetariana" (2015). "Escrito em três partes, o livro retrata as consequências violentas que se seguem quando a sua protagonista Yeong-hye se recusa a submeter-se às normas de ingestão de alimentos".
"A Vegetariana" - o primeiro livro que foi traduzido para inglês e a estreia em Portugal também, em 2016, pela Dom Quixote - é definido como um romance que combina beleza e horror, para contar uma história sobre sexo, loucura e violência.
Com "O Livro Branco", a sua obra mais autobiográfica e simultaneamente experimental, a escritora voltou a estar, em 2018, entre os finalistas do Prémio Internacional Man Booker. Livro foi publicado em Portugal em 2019.
Traduzidos para português e disponíveis no mercado literário nacional estão também o romance "Atos Humanos", sobre a batalha que os fracos travam contra os fortes na luta pela justiça, e "Lições de grego", uma história sobre intimidade humana e empatia entre duas pessoas com incapacidades, todos com a chancela Dom Quixote.
Esta é a primeira vez que o prémio é atribuído a um autor sul-coreano e a terceira que distingue um escritor asiático, tendo as outras duas vezes recaído sobre autores japoneses: Yasunari Kawabata e Kenzaburo Oe.
A cerimónia de entrega do prémio está marcada para 10 de dezembro, em Estocolmo, Suécia.
No ano passado, o Nobel da Literatura foi atribuído ao romancista e dramaturgo norueguês Jon Fosse.