O Tribeca vem ao Beato
Está a chegar a Lisboa o festival que Robert De Niro fundou, juntamente com a produtora Jane Rosenthal, há 22 anos, “para ajudar a revitalizar a Lower Manhattan através do poder do cinema, da arte e das histórias”, assim se lê no comunicado oficial do Tribeca. Uma iniciativa, ainda segundo o próprio cofundador, que continua a ter como “estrela guia” essa enunciada missão, procurando trazer agora o mesmo espírito de criatividade e inovação para “uma cidade repleta de renovadas promessas culturais e económicas”. De Nova Iorque diretamente para a capital portuguesa, eis, pois, a prioridade nos próximos dias 18 e 19: falar sobre o que é isto de contar histórias e, já agora, ver uns quantos filmes.
De entre os convidados que estarão em Lisboa, no Beato Innovation District, para acompanhar esta programação em que o cinema vem à boleia de uma dinâmica corporativa, De Niro será sem dúvida a figura mais popular. Marca presença na abertura (12h40), com Jane Rosenthal e Francisco Pedro Balsemão (CEO da Impresa), para contextualizar o legado do Tribeca, e contar-se-á também com ele no segundo dia, tanto para discorrer sobre a excelência de Hollywood, numa talk (16h10), como para conversar a seguir à sessão de Ezra (14h00), filme de Tony Goldwyn sobre o drama parental em torno de um menino com autismo, onde o ator veterano interpreta o avô. O painel, moderado por Rui Pedro Tendinha, inclui o produtor Jon Kilik e a autora da canção original do filme, Adrienne Ackerman.
Em matéria de celebridades, o outro ponto alto deste evento – uma parceria com a SIC, a plataforma Opto e a Câmara Municipal de Lisboa – é o encontro com Whoopi Goldberg. A atriz e comediante americana aparece para um tête-à-tête com o humorista Ricardo Araújo Pereira (que no último ano entrevistou Woody Allen na Cinemateca), a ter lugar no dia 18, pelas 18h20, e com o diálogo centrado no tema da comédia e drama e o seu poder na saúde mental. No dia a seguir, Goldberg participa também numa conversa com o músico Dino D’Santiago (13h25), sobre a questão da inclusão e diversidade no novo mundo dos diferentes formatos de storytelling. Aqui a moderação está a cargo da jornalista Catarina Carvalho.
Dos convidados norte-americanos, destaque ainda para o ator Chazz Palminteri, que no último dia, pelas 10h00, vem apresentar o seu novo filme, baseado na peça autobiográfica A Bronx Tale, The Original One Man Show (recorde-se que em 1993 De Niro realizou A Bronx Tale/Um Bairro em Nova Iorque, uma das duas únicas vezes em que assinou uma obra de cinema); e de resto, as mesas compõem-se maioritariamente por rostos nacionais, desde atrizes como Victoria Guerra, Anabela Moreira, Daniela Ruah e Júlia Palha, a atores como Albano Jerónimo, César Mourão, Joaquim de Almeida e Francisco Froes.
Cinema q.b.
As sessões e novidades de cinema independente propriamente ditas – World Stories –, para além do que já se referiu, passam pela antestreia de Anora, de Sean Baker (dia 18, 10h00), o vencedor deste ano da Palma de Ouro em Cannes, que chegará às salas no final do mês; o drama familiar In the Summers (dia 18, 14h00), primeira obra de Alessandra Lacorazza; Bob Trevino Likes It (dia 18, 18h00), igualmente uma primeira longa-metragem de Tracie Laymon; e, entre outros, Jazzy (dia 19, 17h15), filme de Morrisa Maltz, que já colaborara com a atriz de ascendência indígena Lily Gladstone no seu trabalho anterior – o belo The Unknown Country, exibido entre nós no ciclo Outsiders – e volta a fazê-lo neste conto da adolescência. Todas as sessões trazem convidados.
Do lado português, chama-se a atenção para Praxx – Fim de Semana, de Patrícia Sequeira (dia 19, 13h10), a versão longa-metragem da tragédia no Meco, que a realizadora apresentou antes em série. Por falar em série, Azul, de Pedro Varela, terá a sua primeira exibição no Tribeca (dia 18, 15h20), e passam também pelo programa de festas os já estreados Podia Ter Esperado por Agosto, de César Mourão (dia 18, 10h00), e Chuva de Verão, de António Mantas Moura (dia 19, 16h50), entre outras propostas de documentário, curta-metragem, podcasts e concertos.
Com um foco especial nos painéis Talks, a edição portuguesa do Tribeca Festival será sobretudo um espaço para debater temáticas à volta da indústria do cinema, na sua relação com os desafios e problemáticas dos dias de hoje, ao mesmo tempo que não deixa de ser uma montra de talentos portugueses, alguns deles com experiências mais ou menos prolongadas lá fora... e histórias para contar.