Exclusivo O cinema nasce do milagre da luz
Em 1961, um grupo de espeleólogos italianos descobriu e percorreu uma das grutas mais fundas de que há conhecimento: com o filme Das Profundezas, Michelangelo Frammartino, evoca a sua saga humana e científica, celebrando o poder encantatório do cinema.
Por vezes, surge um filme tão especial que nos apetece defini-lo como um acontecimento "que não se parece com nenhum outro". É um rótulo fácil, simplificador da pluralidade da história do cinema. Ainda assim, arrisco sugerir que Das Profundezas, do italiano Michelangelo Frammartino, é um desses filmes, a meu ver dos mais belos, e também mais radicais, que o mercado português nos revelou neste ano de 2022 - segundo informações disponíveis no site da respetiva distribuidora (Risi Film), a partir de hoje pode ser visto, para já, em Lisboa (El Corte Inglés, cinema Fernando Lopes), Porto (Trindade, Arrábida) e Coimbra (Casa do Cinema).
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Das Profundezas intitula-se no original Il Buco - à letra: "O Buraco". O seu objeto central é o chamado Abismo de Bifurto, um "buraco" na região da Calábria, impressionante fenómeno natural que se prolonga por 700 metros abaixo da terra, formando a segunda gruta mais funda de todo o planeta. O filme evoca a descoberta - e o trabalho de mapeamento - dessa prodigiosa maravilha, em agosto de 1961, por elementos do Grupo Espeleológico Piemontês.