David Lynch durante a produção de Blue Velvet (1986).
David Lynch durante a produção de Blue Velvet (1986).

O cinema de David Lynch em 5 canções

Mais do que um homem de cinema, David Lynch é um criador multifacetado, especialmente seduzido pelo poder dramático da música e, em particular, das canções.
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Ironicamente ou não, David Lynch é um nome em destaque no arranque cinematográfico de 2025. Isto porque o ciclo “Os enigmas de Lynch”, para já em Lisboa (Nimas) e Porto (Trindade), nos permite revisitar ou descobrir cinco títulos essenciais da sua filmografia. São eles: Eraserhead: No Céu Tudo é Perfeito (1977), a sua primeira longa-metragem, O Homem Elefante (1980), Uma História Simples (1999), Mulholland Drive (2001) e Inland Empire (2006).

Para ilustrar a importância da música na trajetória criativa de Lynch bastará recordar o conhecidíssimo tema composto por Angelo Badalamenti para a série Twin Peaks (com duas temporadas em 1990-91 e uma terceira em 2017). Vale a pena escutarmos algumas canções que têm pontuado o estranho, desafiante, sempre sedutor, universo “lynchiano”.

TOTO, Dune Desert Theme 

(Filme: Dune, 1980) 

Esta é a exceção que confirma a regra. Ou seja: um tema instrumental pela banda americana Toto, responsável pela música de Dune, numa banda sonora que incluía também uma composição com a colaboração de Brian Eno. Este registo pertence a um concerto em Amsterdão, realizado a 8 de março de 2019.

ROY ORBINSON, In Dreams 

(Filme: Blue Velvet / Veludo Azul, 1986) 

Na sua história de muitos assombramentos, Blue Velvet integra de modo tão desconcertante quanto envolvente dois temas lendários do cancioneiro “made in USA”: Blue Velvet, claro, de Bobby Vinton (recriado por Isabella Rossellini) e In Dreams, de Roy Orbinson. Neste registo televisivo de 30 de setembro de 1987 (“Roy Orbison and Friends: A Black and White Night”), Roy Orbinson canta In Dreams acompanhado por uma galeria de notáveis em que surgem, por exemplo, Bruce Springsteen e Elvis Costello — Orbinson viria a falecer a 6 de dezembro de 1988, contava 52 anos. 

CHRIS ISAAK, Wicked Game 

(Filme: Um Coração Selvagem, 1990) 

Integrada no alinhamento do álbum Heart Shaped World (1989), esta canção de Chris Isaak destacou-se nos tops da época graças à sua inclusão na banda sonora do filme de Lynch, protagonizado pelo par Laura Dern/Nicolas Cage. E tanto mais quanto Um Coração Selvagem arrebatou a Palma de Ouro de Cannes/1990 — o teledisco, com a top-model Helena Christensen, tem assinatura de um notável fotógrafo, Herb Ritts. 

ANTÓNIO CARLOS JOBIM, Insensatez 

(Filme: Lost Highway / Estrada Perdida, 1997) 

Para lá da colaboração do fiel Angelo Badalamenti, Lost Highway é, por certo, o filme em que Lynch integrou mais canções vindas “de fora”. David Bowie, Marilyn Manson e Lou Reed são alguns dos escolhidos — e também um nome lendário da música do Brasil, Antônio Carlos Jobim, com a sua Insensatez

REBEKAH DEL RIO, Llorando 

(Filme: Mulholland Drive, 2001) 

Roy Orbinson volta a ser uma presença em destaque em Mulholland Drive. O seu tema clássico Crying surge na prodigiosa recriação, em espanhol (Llorando), de Rebekah Del Rio, a cantora californiana nascida na cidade de Chula Vista, em 1967. A sua performance, “a cappella”, integra mesmo uma cena decisiva do filme, com Laura Harring e Naomi Watts na plateia do estranho e inquietante Club Silencio. 

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