Exclusivo O cinema celebra o poder das palavras
Distinguido no Doclisboa de 2022, O Que Podem as Palavras chega agora às salas: Luísa Sequeira e Luísa Marinho realizaram um filme que é, de uma só vez, um retrato do livro Novas Cartas Portuguesas e uma evocação didática de Portugal no começo da década de 1970.
O lançamento do documentário O Que Podem as Palavras - sobre as "Três Marias" e as Novas Cartas Portuguesas - associado ao significado militante do Dia Internacional da Mulher (assinalado ontem, 8 de março) pode contribuir para dissolver as singularidades do filme numa retórica banalmente feminista. De facto, em muitos dias simbolicamente assinalados pelo calendário, quase sempre triunfa uma perspetiva "generalista", mediaticamente muito poderosa, que tende a equivaler o que, de facto, é diferente, por vezes inconciliável - por exemplo, o grau de exigência de muitos estudos e testemunhos sobre a desigualdade social, laboral e política de homens e mulheres face às boas intenções de alguns discursos típicos de talk shows televisivos.
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Como é óbvio, não se esperaria, muito menos exigiria, que O Que Podem as Palavras fosse (também) uma reflexão sobre tal conjuntura. As duas realizadoras, Luísa Sequeira e Luísa Marinho, elaboram todo o filme a partir de um exercício de memória, que é também um método de investigação, em que o fator primordial acaba por ser, justamente, o conhecimento do contexto histórico em que tudo aconteceu.