Nuno Miguel Silva Duarte vence Prémio Leya com "Pés de Barro"
Leonardo Negrão / Global Imagens (Arquivo)

Nuno Miguel Silva Duarte vence Prémio Leya com "Pés de Barro"

Dos 1.123 candidatos, de 15 países, foram selecionados oito finalistas, tendo saído vencedor "Pés de Barro", ao qual o presidente do júri, Manuel Alegre, se referiu como "uma obra que atualiza a tradição do romance político-social".
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O romance "Pés de Barro", do português Nuno Miguel Silva Duarte, venceu o Prémio Leya, no valor de 50.000 euros, na edição mais concorrida desde sempre, com 1.123 candidatos, de 15 países, foi esta quarta-feira anunciado.

Dos candidatos foram selecionados oito finalistas, tendo saído vencedor Pés de Barro, ao qual o presidente do júri, Manuel Alegre, se referiu como "uma obra que atualiza a tradição do romance político-social".

O romance de Nuno Miguel Silva Duarte tem como pano de fundo a construção da primeira ponte sobre o Tejo, em Lisboa, e dá "um retrato do Portugal dos anos 1960"."Por um lado, a formação de um exército proletário para a construção da ponte, por outro, as primeiras partidas do exército para a guerra colonial", disse Manuel Alegre.

Pés de Barro polariza o seu realismo histórico no quotidiano de um pátio em Alcântara e nas razões de viver dos que nele se acolhem", disse Manuel Alegre, realçando que o romance "encaminha-se para o anúncio metafórico do 25 de Abril".

O autor mostrou-se surpreendido pela distinção e ansioso por ver o seu romance impresso, indicou em declarações à agência Lusa.

Nuno Miguel Silva Duarte disse que este é o seu primeiro romance e quando concorreu tinha a esperança de ser finalista e de "ser lido", mas ter acabado por vencer se afigura como inacreditável.

O vencedor do prémio não prevê que o prémio vá alterar a sua vida, mas já foi um terramoto, como afirmou. "Eu sou publicitário e gosto do que faço", disse, referindo que não vai dedicar mais tempo à literatura, como escritor e leitor, pois, habitualmente, já acorda mais cedo e deita-se mais tarde para ler ou escrever.

O facto de ter recebido este Prémio irá, todavia, trazer "mais responsabilidade". "Vou passar a ler duas e três vezes os originais que enviar para publicar", disse.

Nuno Miguel Silva Duarte, de 52 anos, nasceu em Sintra, no distrito de Lisboa, e é publicitário há cerca de 30 anos.

O júri do Prémio Leya foi presidido pelo escritor Manuel Alegre, tendo ainda sido constituído pelo professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira, pela jornalista e crítica literária Isabel Lucas, pelo ex-reitor da Universidade Politécnica de Maputo Loureço do Rosário, pela poetisa e historiadora angolana Ana Paula Tavares e pela jornalista e historiadora brasileira Josélia Aguiar.

Dos 1.123 originais recebidos, o maior número veio do Brasil (708), seguindo-se Portugal (350) e, em terceiro, Moçambique (19).

O Prémio Leya foi criado em 2008 com o objetivo de distinguir um romance inédito escrito em português, sendo o prémio literário com o maior valor pecuniário para romances inéditos em língua portuguesa.

No ano passado, o vencedor foi o escritor brasileiro Victor Vidal, com a obra Não há pássaros aqui.

O primeiro vencedor, em 2008, foi o brasileiro Murilo Carvalho com O Rastro do Jaguar.

Portugal com sete escritores distinguidos, é o país mais galardoado, seguindo-se o Brasil com quatro e Moçambique com um. Em três edições, o prémio não foi atribuído, em 2015, 2019 e 2020.

A portuguesa Gabriela Ruivo Trindade é a única mulher distinguida até à atual edição. O romance Uma Outra Voz valeu a Ruivo Trindade o Prémio Leya em 2019.

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