Noite Europeia dos Investigadores para levar a ciência ao público

"O meu sonho é que para o público, a ciência, a tecnologia e a investigação fizessem realmente parte da sua vida normal, que não houvesse receios ou desconfianças, mas sim que houvesse compreensão mútua e colaboração regular, isso seria maravilhoso", disse Begoña Arano, chefe de departamento na Agência Europeia de Execução para a Investigação.
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Chama-se Noite Europeia dos Investigadores (NEI) e tem lugar pela primeira vez na Fundação Champalimaud esta sexta-feira, até às 24h00. Trata-se de um evento público, organizado pelo consórcio RAISE - Researchers in Action for Inclusion in Science and Education (Investigadores em Ação para a Inclusão na Ciência e na Educação), composto pela ONG Native Scientist, a Fundação Champalimaud e o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), que se junta às 49 NEI que acontecerão em 25 países Europeus, na mesma data.

O objetivo da iniciativa é familiarizar o público com a ciência e a investigação de uma forma divertida e inovadora.

"O meu sonho é que para o público, a ciência, a tecnologia e a investigação fizessem realmente parte da sua vida normal, que não houvesse receios ou desconfianças, mas sim que houvesse compreensão mútua e colaboração regular, isso seria maravilhoso", disse ao DN Begoña Arano, chefe de departamento na Agência Europeia de Execução para a Investigação. "Não se pode pensar que se vão encontrar soluções, que se vão abordar problemas fundamentais para a sociedade e para a humanidade se não se tiver em conta o público", agregou Arano.

Ao longo de nove horas, e distribuído por seis diferentes áreas da Fundação Champalimaud, o programa desta NEI inclui cerca de 60 atividades gratuitas: da dança, às oficinas, da música às estações práticas de ciência, de visitas aos laboratórios a comédia stand-up a bordo de um catamarã.

Este evento, que se realizará todos os anos na última sexta-feira de setembro, conta também com programas que visitam continuamente as escolas para levar a ciência aos estudantes. Um deles é o RAISE, que leva cientistas e investigadores às escolas para comunicarem a sua ciência de uma forma mais inclusiva, promovendo a diversidade na educação com atividades interativas e pedagógicas para que "os miúdos sintam que a ciência é relevante para eles", segundo explicou Joana Moscoso, fundadora da ONG Native Scientist e coordenadora do projeto RAISE.

Sobre o papel que as escolas têm na promoção da ciência para os estudantes, Joana Moscoso diz que "as escolas enfrentam muitos desafios e não tenho dúvidas que as escolas e os professores fazem o melhor que conseguem. (...) Do nosso lado há um esforço de aproximar a comunidade científica as escolas e eu acho que aquilo que as escolas podem fazer é abrir-nos as portas."

Rui Rodrigues, investigador na área de formação de novos neurónios no cérebro, participou na Noite Europeia dos Investigadores em conjunto com o projeto Fala-me Neuro. Planearam atividades para crianças em que mostraram exemplos de cérebros de animais, brincadeiras com plasticina e ajudam na criação dos seus próprios neurónios.

"Faz todo o sentido participar e trazer a ciência a comunidade", declarou Rui Rodrigues. "Há uma necessidade de comunicar especificamente neurociência para o público português que não está tão a par do que acontece no cérebro, e porque é que desenvolvemos patologias do cérebro como Alzheimer ou Parkinson ou até doenças neuropsiquiátricas."

Teresa Serafim, bióloga e investigadora na área do cancro, trouxe para o evento com a ONG Native Scientists uma atividade para que as crianças visualizem com um microscópio as células para elas depois criarem as suas próprias células com toda a sua organização microscópica.

"A vida está concentrada nesta unidade que é a célula, a célula é a unidade básica da vida. Quero que as crianças possam compreender o que é que é a célula, ela tem todo um universo lá dentro", disse Teresa Serafim.

Luís Almeida, biólogo marinho e parte da ONG Ocean Live, participou na NEI para apresentar a importância das pradarias marinhas para as comunidades e para Portugal. No seu stand falaram sobre todos os serviços que as pradarias marinhas prestam, nomeadamente a captura de carbono e a limpeza da água, e também sobre os perigos que enfrentam.

"Participar na Noite Europeia dos Investigadores é uma boa oportunidade para expor-nos num público diferente e aumentar a exposição da nossa associação, promovendo a ciência e a conservação e preservação das pradarias marinhas," declarou Luís Almeida.

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