A reabilitação e ampliação do Palácio Condes da Ribeira Grande para criar o Museu de Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM), em Lisboa, foi distinguida com o Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva 2025, anunciou esta terça-feira, 16 de setembro, a organização.De entre 23 candidaturas, o júri decidiu ainda atribuir três menções honrosas ao Museu Mineiro do Lousal, concelho de Grândola, à Casa do Passal — Museu Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, e à Igreja de Nossa Senhora da Lagoa, em Monsaraz, distrito de Évora, segundo a Fundação Calouste Gulbenkian.Para o júri, presidido por António Lamas, na escolha do projeto de reabilitação vencedor do prémio – no valor de 50 mil euros – pesou o facto de se tratar de “uma das mais importantes edificações palacianas lisboetas de meados do século XVIII, época de grande dinamismo construtivo e de revalorização da Rua da Junqueira como eixo entre a cidade e o Palácio Real, instalado, depois do terramoto de 1755, na Real Barraca da Ajuda”.“Ao longo do século XX, o vasto edifício foi, na quase totalidade da sua área, ocupado por instituições escolares, a mais duradoura das quais, a Escola Secundária Rainha Dona Amélia”, recorda o comunicado da Gulbenkian citando o júri.Adquirido por Armando Martins em 2006, o palácio foi alvo, entre 2018 e 2025, de profundas intervenções de reabilitação e construção de um novo edifício para albergar as instalações do museu e da coleção do empresário.Neste processo, os arquitetos João Pedras e Hélder da Silva Cordeiro - do gabinete de arquitetura Metro Urbe - criaram, ainda segundo o júri, um “equilíbrio cativante entre a salvaguarda e restauro patrimoniais e as exigências estruturais, funcionais e estéticas dos novos equipamentos”.Além da reabilitação e ampliação do Palácio, o júri referiu ainda a “excecional qualidade da coleção exposta” no museu, a “eficácia da museografia e da expografia” e o “modelo de gestão adotado, delineado para que o funcionamento do museu seja parcialmente sustentado com as receitas do hotel”.Nesta edição, o júri do Prémio selecionou ainda três projetos para atribuir menções honrosas: o Museu Mineiro do Lousal, concelho de Grândola, distrito de Setúbal, à Casa do Passal — Museu Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, município de Carregal do Sal, distrito de Viseu, e à Igreja de Nossa Senhora da Lagoa, em Monsaraz, concelho de Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora.O Museu Mineiro do Lousal, instalado no antigo edifício da Central Elétrica das minas de pirites do Lousal, que funcionaram entre 1900 e 1988, preserva a sua maquinaria original, restaurada com cuidado, e a extensa coleção de modelos de minas de fabrico alemão adquiridas para o Instituto Superior Técnico.Inaugurado em 2001, o museu foi alvo, em 2024, de uma campanha de requalificação que se traduziu, entre outros aspetos, “na modernização do suporte museográfico que enriquece e contextualiza a leitura do espólio e incluiu testemunhos vivos de mineiros e familiares que se estabeleceram à volta da mina ao longo das décadas”, assinala a Gulbenkian.A recuperação da Casa do Passal – Museu Aristides de Sousa Mendes “tem dois aspetos complementares, em que o resgate da memória se revelou peça decisiva: por um lado, a recuperação do edifício, baseada num estudo escrupuloso das pré-existências, e, por outro, a recuperação da memória de Aristides de Sousa Mendes”.“A dispersão dos objetos pertencentes à família foi ultrapassada com o recurso a uma mostra documental que contextualiza o papel do diplomata e a sua ação humanitária”, salientou o júri do galardão.A Igreja de Nossa Senhora da Lagoa, classificada como Monumento Nacional em 1986, é um exemplo da arquitetura da contrarreforma do rei João III.Situada no Largo do Pelourinho, em Monsaraz, “tem hoje um interior que transmite uma serena atmosfera de templo histórico que readquiriu continuidade como espaço vivo”, vinca o júri do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva.“Em paralelo com a reabilitação do edifício, houve lugar a um abrangente e criterioso restauro de talhas, retábulos e altares, e uma expressiva intervenção de luminotecnia, num trabalho exemplar de arquitetos, restauradores, arqueólogos, luminotécnicos e construtores, mas também a interação junto das autoridades, entidades eclesiásticas e população local”, acrescenta o júri sobre este projeto.Criado em 2007 em homenagem a Vasco Vilalva, o Prémio tem tido por objetivo assinalar intervenções exemplares em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do património.